3.6

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Micaela Satyro.

A janela. Ela estava aberta. E eu tinha certeza de que a havia fechado assim que entrara no banho. Bom, mas, talvez, tenha sido fruto da imaginação. Peguei a blusa que estava em cima de minha cama e virei-me para entrar ao banheiro.

— Draco! — gritei quando, de repente, me deparei com ele ali, olhando-me furiosamente e cerrando os punhos.

— Como pode fazer isso?! — ele perguntou. Apertei o nó da toalha para que não caísse, já que não tinha mais nada para fazer com as mãos.

— Fazer o quê?! Você está doido? Por favor, saia daqui! — gritei, mas minhas palavras soaram mais falsas do que já verdadeiramente eram.

— Isso! — ele gritou, abrindo as mãos e me mostrando um pequeno pedaço de papel. Foi só ler as primeiras palavras; "Querido Draco"; que já percebi do que se tratava. Aquilo que eu o entregara uma semana antes, quando estava machucado na cama da enfermaria de Hogwarts.

— Desculpe. Desculpe se isso te magoou, eu só...

— Me magoar? Sério? Micaela, vá se ferrar! — e aquelas palavras poderiam me machucar. E muito.

— Desculpa — murmurei novamente.

Ele amassou o papel e me entregou. Sem saber o que fazer com ele, apenas o amassei mais ainda em minhas mãos suadas. Já estava começando a ficar desconfortável, principalmente porque meu cabelo molhava toda minhas costas, e a janela recém-aberta fazia com que o vento gélido da noite esfriasse-me até a alma.

— Micaela... você não me magoa — ele disse, em um sussurro. — Para falar a verdade... você me mata.

Eu encarei-o por alguns minutos, tentando entender se isso era ou não era bom. Mas, quando ele envolveu minha cintura com os braços, me puxou para perto e colou os lábios nos meus, não tive dúvidas: Era bom. E muito, até. Não posso mentir e dizer que não correspondi o beijo. Por alguns minutos - ou mais -, só podia me concentrar na palpitação forte de nossos corações colados um ao outro, e de nossas bocas mexendo em sincronia, enquanto ele me puxava mais para perto, e eu enroscava meus dedos nos fios loiros de seu cabelo.

Mas, até aquele momento, eu estava fora de mim. E, quando finalmente tomei consciência do que estávamos fazendo, dei um empurrão em seu peito, como quem dissesse "Basta!". Ele me olhou sem entender, respirou fundo e relaxou a posição.

— O quê? — perguntou, sorrindo ironicamente.

— O que foi isso? — joguei as palavras em cima dele, como quem o acusava de algo. Mas, na verdade, minha vontade era de me aproximar dele mais ainda.

— Como assim?!

— Draco, você sabe por que Laysa atirou em você?

— Ela não atirou em mim...

— Tanto faz! Ela te torturou!

— Tanto faz digo eu.

— Draco, pare de agir como uma criança. Você sabe. E sabe bem. Laysa ficou com ciúmes.

— De você? Merlin, que amiga hein!

— Como assim? Meu Deus...

— Quero dizer que ela é o tipo de garota que não deixa a amiga ter um namorado. É isso?

Namorado?

— Micaela, — ele disse, aproximando-se, e fazendo meu coração parar — me diga uma coisa. Por que eu me importo? Por que eu me importo tanto com você?

Eu parei para refletir, ou talvez tenha sido apenas para esconder o sorriso que escapara de meus lábios, e então voltei para encará-lo.

— Por que você é idiota.

— Quê? — ele perguntou, parecendo de fato magoado.

— Sim, Draco. Nós dois somos. Sabemos que isso é errado. E como sabemos! Sabemos que não deveríamos gostar um do outro, e é por isso que eu digo: Chega.

— Chega do quê?

— De você. E chega de mim para você.

— Cala a boca, Micaela, você gosta de mim.

Não queria ter dito aquilo. Não mesmo. Mas, no momento, ele não me dava outras opções. Estava evidente que ele estava magoado, e eu não queria magoá-lo ainda mais. Mas, se fosse para um bem maior, eu o faria. E foi o que fiz. O que fez meu coração sangrar.

— Não, Draco. Eu te usei. Te usei e muito bem. Te usei e você deveria saber disso. Quem gostaria de um Malfoy?! Os comensais? Draco, saia daqui, e faça-me um favor, desaparate daqui. Nem sei como chegou aqui, para início de conversa.

— É. Nem eu —  disse ele, com o rosto sereno. SERENO? MAS, PERAÍ, ERA PARA ELE ESTAR CHORANDO! Ou, melhor, era para eu estar chorando.

Então, ele desapareceu. Fiquei um minuto olhando para o lugar que, antes, ele estivera. Talvez até mais de um minuto. Talvez horas. Quem sabe? Só sei que estava chorando. E muito. E não tive coragem de olhar mais para ali. O que me fez olhar para minha mão, e para o bilhete estúpido que eu escrevera para ele.

Querido Draco,
Sinto muito informar, mas acho que não damos certo. Você pertence à Sonserina, eu pertenço à Grifinória. Estou indo ao Brasil passar minhas férias de Natal lá. Não apareça. Não quero te ver nunca mais. Me desculpe, mas você já me magoou o bastante para um ano letivo.
Micaela Satyro.

𝐁𝐑𝐈𝐍𝐆 𝐌𝐄 𝐓𝐎 𝐋𝐈𝐅𝐄,  draco malfoy.Where stories live. Discover now