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Micaela Satyro.

Acordei muito cedo. Cedo o bastante para que todas ainda estivessem dormindo. Incrivelmente, perdi o sono. Tentei observar a lua, mas os primeiros raios de sol me impediam. O livro que eu estava lendo, Sociedade Secreta, já estava acabado. E eu precisava de outro livro. E rápido. E em português, pelo amor de Deus.

O meu coração estava um pouco apertado. Tão apertado que parecia que eu estava triste. Mas por que eu estaria triste? Minha vida era boa. Bom, pelo menos eu achava isso, né?

O tempo foi passando, e nada de elas acordarem. Por fim, resolvi checar o relógio. 5 e 30 da manhã! Estava tão cedo. Porém, havia apenas 30 minutos para que elas acordassem. Resolvi, então, sentar na beira da cama e observar todas dormindo, até que, finalmente, uma delas acordou. Depois outra, outra e outra.

Corri para ser a primeira a tomar banho, e depois escovar os dentes. Vesti-me, e fui para o Salão Comunal. Ninguém havia terminado de se arrumar. Eu estava bem adiantada. O nó no meu coração, porém, estava intensificado.

Depois de uns 10 minutos, Harry e Rony saíram do dormitório e me encontraram sentada ali, sozinha. Correram para perto de mim, e sentaram-se ali perto.

— Olá — eu disse, sorrindo para eles.

— Então, por que está sozinha? — Rony perguntou.

—Sei lá. Às vezes é bom estar sozinha.

Eles bufaram.

— É.

— O que você faz aqui? — Harry perguntou, ríspido, olhando para a porta da frente. Eu e Rony imitamos o gesto, olhando para a grande porta.

— Ahn, hum... desculpa, eu meio que... argh, esquece — Draco disse, saindo dali.

Nos entreolhamos.

— O que ele queria? — perguntei.

— Só Deus sabe. — Rony respondeu, sarcástico.

— Esquece ele. Ele é um idiota. — Harry disse, ainda olhando para o lugar onde Draco estivera segundos antes.

— É. — concordei. — Um idiota.

Logo depois, já estávamos correndo para as aulas. Na segunda aula, porém, quando abri meu estojo para pegar uma Stabilo - sim, eu guardara umas para usar em Hogwarts - eu encontrei outro papel sujo e chamuscado.

"Existe pessoas nas quais você não deveria confiar."

Laysa, Laysa... Em quem eu não deveria confiar? De qualquer jeito, fiquei um pouco transtornada com aquele bilhete. Então, o guardei no bolso para que mais tarde pudesse mostrar à Hermione, já que estava sentada lá nos canfundé da sala.

Olhei, então, para o meu lado. Vi Harry ali. Peguei o bilhete rapidamente e passei para ele, discretamente. Ele pegou o bilhete, sem nem olhar para mim e o abriu. Depois de ler, passou-o para mim. Finalmente, olhou em meus olhos.

— Medo — eu disse, sorrindo.

— Por que tá sorrindo, Micaela? — ele perguntou.

— Eu sei quem escreveu. Essa pessoa tá só brincando com a nossa cara.

Ele duvidou.

— Não sei não, hein Micaela?

— Ué, Harry, o que você acha que é?

— Não sei.

— Eu sei.

— Então quem é?

— Laysa. Só pode ser. Tudo indica ela. Ela tem acesso aos meus materiais porque é minha amiga, ela é da Sonserina e, desculpa, essa letra é bonita até demais para ser de um garoto.

Ele me devolveu um olhar maldoso.

— Você subestima muito essas coisas.

Eu ri.

— Em um bilhete, Laysa falou para não subestimá-la.

— Micaela! Não é a Laysa, eu tenho quase certeza.

O professor Flitwick nos lançou um olhar raivoso, como quem dizia "Calem a boca ou morram". Tá, talvez eu tenha exagerado. De qualquer jeito, paramos de conversar.

Harry não falou comigo depois que saímos da aula, o que me fez pensar que ele estava com raiva de mim, mas no dia seguinte, quando estávamos no intervalo, ele veio risonho para mim, e eu retribuí o sorriso.
Draco, às vezes, aparecia misteriosamente em qualquer lugar. Era como se ele nos espionasse.

— Você já percebeu que esse Draco fica nos encarando sempre? — perguntou Hermione, depois de uma semana de minha existência como bruxa.

— Eu sei — concordei — É estranho.

— Esse garoto é um dos garotos mais estranhos do mundo.

— O que você esperava, Harry? — perguntou Rony — O fedelho era um comensal da morte!

— O que nos leva a saber que ele está dentro dessa "revolução" que a Sonserina está fazendo — respondeu Hermione, desenhando aspas no ar.

— Falando nisso, vocês já descobriram mais sobre isso?

— Não — responderam todos.

Bufei

— Isso está tão confuso!

— Verdade. — concordou Rony.

— Acho que a Armada do Dumbledore deveria interferir — disse Neville, como habitual, só assim percebendo que estava ali.

— Argh — bufaram todos. Ele só sabia falar nisso, pelo amor de Deus!

— Eu estou falando sério! Acho que deveríamos, sei lá, espionar a Sonserina, ou qualquer coisa assim.

Rimos.

— Talvez.

Os dias foram passando, e eu não recebia mais aqueles bilhetes esquisitos. Tudo parecia ter voltado ao normal, nada de Voldemort ou Sonserina na minha vida. Nem Laysa eu estava vendo, mais.

Passeando pelo castelo, uma noite, encontrei a professora Trelawney.

— Boa noite, professora — cumprimentei-a.

— Srta. Satyro! Senti sua falta naquela aula de Adivinhação!

Estranhei.

— Professora, isso foi semana passada!

— Eu sei. Mas você perdeu muita coisa. Precisa fazer uma aula substituta.

Ainda estranhando, assenti. Combinamos um horário, e então ela partiu. Continuei a vagar pelo castelo, pensando na vida, pensando em meus pais, em meus amigos de Hogwarts e até meus amigos no Brasil. Às vezes eu meio que tinha saudade daquilo.

Foi quando eu percebi que estava passando em frente ao Salão da Sonserina. Meu coração deu um pulo. Eu não deveria estar ali. Eu dei as costas àquele lugar. Porém, ouvi algo que me fez parar. Algo que fez meu coração - quase - parar de bater.

𝐁𝐑𝐈𝐍𝐆 𝐌𝐄 𝐓𝐎 𝐋𝐈𝐅𝐄,  draco malfoy.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora