1.8

2.2K 222 42
                                    

Micaela Satyro.

Espremi meu ouvido na porta, com o coração na boca de medo de ser pega. Eu tinha quase certeza de que ouvira aquilo mesmo, só não acreditava. Não conseguia acreditar. Seria aquilo possível? Eu estava à beira das lágrimas.

Laysa estava envolvida, eu tinha certeza. Conseguia ouvir sua voz.

— Você é idiota? — a voz abafada e nasal de Pansy Parkinson veio de lá dentro, depois de alguns minutos de silêncio.

— Desculpa, Pan, mas isso não pode ser verdade.

— Só minhas amigas me chamam de "Pan", Laysa! — ela gritou, e ouvi um guincho.

— Parkinson, o que está fazendo? — essa era a voz de Draco, com certeza. Se não soubesse que era ele, poderia dizer sem hesitar que era uma voz linda. Argh. Esquece.

— Essa vadiazinha é uma sangue-ruim!

— Deixe ela em paz! — ele gritou.

Revirei os olhos por não poder ver o que estava acontecendo.

— Sua maluca! Você me torturou? — Laysa gritou, fazendo meu ódio por Pansy Parkinson se intesificar.

— E bem merecido, sua sujeitinha de...

— Cala a boca, sua idiota! — gritou Draco.

— Como você, Malfoy, ousa ajudar uma sangue-ruim?

— Ela não é sangue-ruim, boba. É filha de bruxos abortados.

— NÃO É! NÃO É! NÃO É! — a voz anasalada de Pansy ficou cheia de ódio. — Você, que está no comando por causa dos seus pais comensais, deveria ter vergonha.

— Laysa, saia daqui — ele disse

Sabendo o que aconteceria depois - Laysa abriria a porta e me veria ali, gritaria e Avada Kedavra em mim -, corri o mais rápido que pude, e quando estava longe o bastante, sentei no chão. Apertei o rosto contra as mãos e comecei a chorar.

Hermione estava certa. Sempre estivera. Havia sim um jeito de trazer Voldemort, só não sabia que era assim. Só não sabia que isso significaria morte imediata para nós.
Eu chorei, mas logo quando olhei para o relógio e vi que já eram 6 horas, corri para a sala da professora de Adivinhação.

Marcáramos naquela hora. Tentei limpar o rosto, não deixar nenhuma marca de que chorei, e depois que saísse de lá, correria para o Salão Comunal, acordaria todo mundo - é, eles dormem cedo para caramba lá - e falaria o que ouvira.

Logo, já estava na escada que me levaria à sala da professora Trelawney, e depois bati em sua porta.

— Srta. Satyro? — ela perguntou, de dentro da sala.

— Eu mesma, professora.

— Entre, querida — ela disse, com a voz meio avoada, mas eu entrei.

Infelizmente, quando cheguei lá, me deparei com Draco. Como eu dissera: Ele tinha uma mania de saber onde eu estaria, e espionar-me.

— Apenas um segundo, senhorita, estou acabando de conversar com o sr. Malfoy.

— Não — ele apressou-me em dizer. — Já estava de saída.

Peraí! Como ele chegara ali tão rápido? Mais rápido que eu! Era proibido aparatar em Hogwarts. Como diabos ele fizera aquilo?

Transtornada, eu passei por ele, com ele batendo em meu ombro e me olhando friamente nos olhos.

— Olá, professora — eu disse.

— Olá, querida.

— Então...

— Então, pegue uma xícara.

— O quê?

— É. Uma xícara. Vamos ler o seu chá. É algo fácil e divertido de fazer — tá, essa professora parece estar drogada, na boa.

Sem poder fazer nada, murmurei um "hm, tá" e peguei uma xícara dentro do armário para onde ela havia apontado. Depois de derramar chá nela, beber e deixar os restos.

— Srta. Satyro, tente ler sua própria folha.

— Mas isso não gera confusão?

— Não temos mais parceiros para você, certo?

Bufei. Laysa me devia uma. Enfim, peguei a xícara e olhei dentro.

— Parece... sei lá, um pergaminho. Talvez. Ou um papel. Alguma coisa assim.

A professora sorriu.

— Pergaminho é um ótimo sinal.

— Mas talvez não seja isso — eu disse.

— É. Talvez — ela puxou a xícara da minha mão, e olhou dentro. Depois levantou o olhar.

— Impressionante, srta. Satyro. Primeira vez e já acerta.

— Então é um pergaminho? — perguntei, sem muito interesse.

Ela sorriu, colocou a mão em cima da xícara e balbuciou algo que eu não consegui entender. Ficou assim por muito tempo. Muito tempo mesmo. Tanto tempo que me fez ficar preocupada.

— Ahn... professora, tudo bem?

Ela balançou os ombros, e olhou transtornada para mim.

— Tudo, tudo, tudo... — ela disse. — Porém! — gritou, apontando para mim. — O pergaminho não é b-boa coisa...

Estranhei.

— Mas, professora, você disse que era boa coisa há menos de cinco minutos!

Ela me olhou curiosa.

— Ah, eu disse?

— Hm... sim — levantei-me, preocupada. — Algo errado?

— Os pergaminhos são bons apenas quando mostram que você terá um recado. — ela me olhou nos olhos — Uma surpresa.

— E eu vou ter...?

— Porém — ela continuou, me ignorando — Você vai ter. Mas seu recado tem cheiro de... — sua voz engrossou — Morte.

Algo na voz dela me fez parar. Aquilo estava muito Harry Potter 3. Acontece que eu não sou A Garota que Sobreviveu, ou muito menos A Escolhida. Mas agora, depois de ouvir o que disseram no Salão da Sonserina.

Bom, eu sabia que nem tudo estava acabado.

— E qual é o recado? — perguntei, arfante.

— Procure no lugar mais improvável. — ela respondeu.

— Como assim?

Ela fechou os olhos, meteu a mão no bolso da blusa de lã malfeita e tirou de lá... Bem, um papel sujo e chamuscado. Um papel cujo eu conhecia bem. Maldita Laysa! O que ela fizera? Enfeitiçara a professora apenas para dar esse ar misterioso.

— Professora! — gritei — Quem te deu isso?

Ela abriu os olhos.

— Isso o quê?

— Esse papel, na sua mão!

Ela olhou para a própria mão e sorriu.

— Rá, não me lembro. Deve ser para você, querida... — ela disse, estendendo-me o papel, com um sorriso inocente.

Eu peguei rapidamente.

— M-me desculpe-e... Nossa aula será outro dia. — eu disse, saindo apressada.

A poucos passos do Salão Comunal, abri o papel.

“Agora você sabe. Acho que meu trabalho terminou por aqui.”

𝐁𝐑𝐈𝐍𝐆 𝐌𝐄 𝐓𝐎 𝐋𝐈𝐅𝐄,  draco malfoy.Where stories live. Discover now