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- Faith - 


Depois de um bom tempo sentados debaixo daquela árvore, compartilhando o mais puro e gratificante silêncio, Luke decidiu que teria que ir de volta para casa, e eu acabei por concluir que deveria voltar à minha também, mesmo que fosse para passar o resto da noite sozinha, como de acostume. O rapaz ao meu lado ainda estava mole devido ao seu estado de bêbado, mas já conseguia se manter de pé sozinho sem que ameaçasse cair para o lado.

Simplesmente fomos andando até a minha caminhonete junto ao mesmo silêncio, não era um clima pesado ou algo que nos incomodasse; era uma silêncio recompensador e carregado de pensamentos, os mesmos pareciam se completar e até mesmo serem compatíveis a cada passo que dávamos, e o estado vazio do jardim botânico parecia somente ajudar nessa situação.

Assim que chegamos ao meu carro, Luke impediu que eu entrasse no veículo, insistindo que passássemos nossos telefones um para o outro, como forma de garantia para que combinássemos em fazer algo juntos, fora de Los Angeles e sem nos preocupar com a vida alheia. Eu concordei com a ideia e sem hesitar passei meu número de celular para ele, recebendo a mesma dele coisa em troca. 

Entramos na caminhonete e mais uma vez o garoto de olhos verdes insistiu para que eu permitisse que ele colocasse um dos CD's do meu irmão para tocar, e mesmo sem pensar duas vezes, autorizei que ele fizesse isso. Logo um dos meus álbuns preferidos, Favourite Worst Nightmare, começou a soar pelo velho rádio, a voz de Alex Turner preencheu o vazio silêncio e pareceu ter deixado o clima ainda mais agradável dentro do carro.

Luke adiantou algumas músicas e deixou que Only One Who Knows tocasse suavemente, deixando um sorriso escapar de seu rosto junto à sua voz a cantarolar a música. Eu dirigia calmamente sem saber ao certo para onde ir, afinal Luke não havia me dito onde morava.

"Luke." Eu o chamei por um momento, em meio ao refrão da música.

"Garota da morte." Ele correspondeu.

"Onde você mora? Eu não tenho a menor ideia de para onde estou indo." Perguntei e acabei por deixar uma pequena risada sair dos meus lábios. 

"Moro no centro, na rua de trás da cafeteria onde você trabalha." Informou e eu apenas assenti, tendo uma ideia básica do conjunto de prédios onde ele provavelmente mora. "E você? Onde mora?" Perguntou de volta. 

"Moro um pouco mais afastada, perto de Beverly Hills." Respondi brevemente, já imaginando qual seria reação dele a seguir.

"Perto de Beverly Hills?" Repetiu o que eu havia dito, arregalando os olhos. "Seus pais eram famosos ou algo do tipo? Seu irmão jogava futebol americano? Por que uma garota moraria em Beverly Hills, sozinha?" Questionou perplexo.

"Não moro em Beverly Hills, é um bairro do lado. As casas são grandes mas nem tão luxuosas." Respondi a rir da reação dele. "Meus pais não eram famosos, muito menos o meu irmão. Finn queria ser escritor, até dizia que eu também iria escrever, ouvindo as coisas que eu costumava falar. Meu pai era acessor de alguns novos artistas, e minha mãe era médica."

"Agora as coisas fazem mais sentido." Luke afirmou, encostando-se no banco do carro com os braços cruzados, evidentemente cansado. "Você vive sozinha? Em uma casa grande?"

"Sim."

"Não tem medo de ser assaltada ou algo do tipo? Sabe, as piores coisas podem acontecer com os que sempre tiveram o melhor." 

"As piores coisas já aconteceram comigo. Depois de perder tudo o que mais me importava, eu acabei não me importando com nada. Estar sozinha, assaltos, distância do meu emprego, tudo pareceu sem importância. Tudo ainda parece ser importância." Expliquei eu.

If I Die Young + lrhWhere stories live. Discover now