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[Somente os dois primeiros capítulos serão narrados em terceira pessoa, a partir do terceiro capítulo voltará para a primeira. Espero que gostem xx]

Se algum dia pararmos por um momento em nossas vidas corridas e pensarmos em tudo o que fazemos, chegaremos à conclusão de que, mesmo com todo esforço, dedicação e trabalho duro, uma hora ou outra iremos morrer. 

Não há como evitar a morte, e de certa forma a única certeza que temos de verdade é sobre morte. Ela inevitável, faz parte do viver tanto quanto a própria vida. E, mesmo sabendo sobre o nosso futuro fim, continuamos a viver nossas vidas normalmente, cheios de preocupações, prazos e deveres, sendo submetidos a parecer inferiores ou superiores, sendo que daqui há 100 anos vamos estar todos já sem respirar, com batimentos cardíacos inexistentes, provavelmente enterrados ou com nossos corpos em forma de pó.

Não há como evitar. Todos vamos morrer algum dia, mesmo que algumas vidas se tornem mais longa que outras, a morte é inevitável. Apesar de todos terem consciência que irão morrer, ninguém sabe ao certo qual é a verdadeira hora da morte, como ou quando vamos morrer. Muitos que alegam ter medo da morte na realidade apenas tem medo da forma como irão morrer. É tudo um enorme mistério que jamais será desvendado, afinal, sempre que alguém morre acaba partindo sem ter a mínima ideia de como aconteceu.

Talvez fosse pela sua curiosidade em saber o gosto dá morte ou talvez pela grande ansiedade em descobrir suas causas para partir que fizeram Faith perguntar ao jovem rapaz desconhecido aquilo que pegou mania de perguntar a todos que parecessem interessantes em sua visão.

"Como?" O rapaz perguntou confuso, não é todo dia que perguntam coisas do gênero, principalmente a um desconhecido.

"Eu perguntei qual seria a sua reação se eu morresse neste instante." Faith repetiu a pergunta com toda paciência, mesmo sabendo que estava parecendo uma louca ao fazer este tipo de pergunta para um estranho.

"E por quais motivos você morreria agora?" O rapaz perguntou de volta, tendo Faith uma bela resposta em mente.

"Bem, um dia todos vamos morrer, eu e você e todos que estão aqui nesta cafeteira, cada ser vivo que respira agora em qualquer lugar do mundo algum dia vai deixar de fazer isso e todos vamos morrer." Começou, sendo interrompida pela máquina de café que apitava indicando que a bebida já estava pronta. Faith foi até o aparelho as presas e pegou a bebida quente do rapaz, entregando-a ao mesmo junto com alguns saquinhos de açúcar. "Enfim, já que todos nós vamos morrer, o momento da minha morte poderia ser este e agora, e o que você faria se me visse morrendo?"

A pergunta de fato pareceu ter ganhado a curiosidade e a atenção do garoto. O mesmo bebericava seu café, pensativo, adicionando aos poucos o açúcar enquanto pensava em uma resposta, ou pelo menos aparentava estar a pensar. Limpou os lábios com um guardanapo, tossiu brevemente, inclinou-se no balcão e por fim relevou sua resposta.

"Primeiramente, eu iria ficar sem reação e provavelmente te veria morta em todos os meus sonhos, mesmo não sabendo nada sobre você, seu nome, sua idade e principalmente o porquê de uma garota tão jovem e que aparentava ser saudável morrer de repente." Respondeu ele, deixando Faith satisfeita com a resposta. "E talvez depois pensaria sobre você pelos próximos meses, até finalmente apagar a imagem do seu corpo morto da minha mente de vez me ocupando com futilidades."

"E desde quando futilidades apagam lembranças como o corpo morto de uma garota desconhecida?" Ela retrucou.

"Futilidades não apagam memórias, apenas ocupam sua mente dando menos importância para as lembranças mais sombrias."

"Faz sentido." concordou ela, tirando sorrisos do loiro.

"Sim" Afirmou o de olhos azuis. "Só não entendo o motivo da sua pergunta, eu sou só um estranho que pediu um café, e agora estamos conversando sobre morte e futilidades."

Antes que Faith pudesse responder à altura, uma mulher acompanhada de seus filhos entrou na cafeteira e se encostou ao balcão, fazendo um longo pedido de biscoitos de diversos sabores, chás, achocolatados e por fim uma mísera xícara de café para ela, era tudo o que beberia após servir os três filhos que gritavam a todo momento, tirando a paz da pequena cafeteira. Faith correu para atender todos os pedidos, temendo que o garoto loiro fosse embora e levasse consigo a interessante conversa que estavam tendo, afinal ele era a primeira pessoa que se interessava na loucura dela sobre morrer.

Após dez longos e intermináveis minutos servindo a mulher e suas crianças, ela por fim pagou tudo e se retirou do local, levando com ela as gritarias e devolvendo a paz do lugar. Faith se virou aflita que o garoto tivesse ido embora, por sorte o loiro ainda estava lá, encostado a bancada dando um último longo gole no café, e prestando atenção em cada movimento da loira.

"E então?" Ele chamou a atenção dela.

"Me desculpe por isso." Hesitou em falar, o rapaz apenas assentiu sorrindo de lado e deixou que ela continuasse. "Bem, digamos que eu seja um pouco obcecada com a morte, não que eu queira morrer ou algo do tipo, eu só tenho ansiedade em saber o momento certo da morte. Um dia eu vou morrer, só queria saber como e quando, assim posso me preparar."

  " Não me preocupo com a morte" Ele comentou a dar os ombros. "Ela vai vir a qualquer momento, disso eu sei, tento não ficar pensando muito nesse assunto."

  "Deveria." Faith riu. " É o nosso destino, o destino de todos nós, até mesmo daquele já mortos por dentro, um dia um realmente irão morrer."

  "Talvez eu comece a pensar mais na morte."  O jovem comentou, e antes que pudesse continuar a puxar assunto, fui interrompido pelo som de seu celular a tocar sobre a bancada. "Alô? Oh, sim, sou eu, já estou indo encontrar os garotos, Calum... Ok, nos vemos lá, tchau." A ligação foi breve e de poucas palavras, mas Faith sabia que aquela seria a hora do garoto partir. "Tenho que ir."

  "Sem problemas." Ela forçou um sorriso breve, afinal estava a se despedir da única pessoa que deu atenção ao seu interesse obsessivo pela tão temida morte.

  " Será que amanhã podemos nos ver, garota da morte? " Ele perguntou, fazendo a jovem rir de verdade devido ao apelido, um que claramente se encaixava com ela.

  "No mesmo horário, ou não. Eu posso estar morta até lá." Ela concluiu e ambos os dois riram na mesma sintonia

  "Então eu posso saber seu nome antes que morra?"

  "Faith."

  "Faith. Está mais para Death." O loiro fez um jogo de palavras, tirando mais uma gargalhada dela.

  "Bem, eu sou a fé e ela é a morte, ambas andamos juntas."

  "Claro, vou pensar nisso, garota da morte." O garoto divagou e se preparou para sair, virando-se brevemente como se estivesse sendo atraído pelo olhar curioso de Faith. " Oh, eu sou o Luke."

  "Luke. Até amanhã, ou não."

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Essa fic parece fofa, mas eu sou a Mari, claro que vai ter putaria, don't worry guys hehehe
Espero que estejam gostando, desculpe qualquer erro aqui, vou revisar mais tarde :)

Ily All - Mari XX

If I Die Young + lrhWhere stories live. Discover now