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- Faith -

"Como assim, Luke?" Questionei ao loiro, mesmo tendo total ideia do que ele havia proposto.

Mesmo que pense ao contrário, ele não foi a primeira pessoa a me fazer uma proposta como esta. Não tenho ideia de quantas pessoas passaram pela minha vida depois que eu perdi a minha família, essas tais pessoas que não se assustaram com a minha conversa sobre a morte, tal como Luke, propuseram que eu vivesse minha vida até o limite, assim não teria arrependimentos quando morresse. 

A resposta para tal proposta feita tantas vezes para a minha pessoa sempre foi a mesma, que quando morresse, eu nem sequer teria tempo para me sentir arrependida, afinal estaria mais preocupada com a angústia da morte do que com o que eu fiz ou o que deixei de fazer. 

Eu poderia certamente dar essa mesma resposta ao Luke, porém o enorme brilho em seus olhos impediu que eu respondesse qualquer coisa, ver como ele se empolgou enquanto falava sua ideia parece ter me deixado sem como dizer não, e o que mais me impressionou foi a forma como ele se envolveu em toda a ideia, não só levando a minha pessoa em consideração. 

"Bem, eu não tenho um futuro certo, e você pode morrer a qualquer segundo. Não seria uma má ideia sairmos de Los Angeles e fazermos o que bem entendermos. Não vai custar caro, eu tenho amigos por toda o país. Posso te levar até o Alasca, se você quiser." Disse o loiro da forma mais empolgante possível, como se a probabilidade de sua ideia acontecer fosse enorme.

"Luke.." Eu comecei enquanto passávamos pelo gramado do Jardim Botânico, que a esta hora do dia estava completamente vazio, e pensei que fosse o melhor lugar para trazer Luke. "Não sei se é uma boa ideia. Eu simplesmente não quero sair de Los Angeles. Eu não podeira sair daqui sem que houvesse um motivo sério." 

"Faith, você tem todo o direito de sair. Você deve sair." Ele revogou. "O que te prende tanto a Los Angeles? Essa cidade se tornou muito comum, não seria uma boa ideia viver o incomum?" Luke continuava a tentar me motivar, e talvez sua motivação estivesse cheia de promessas vazias, algo que eu não poderia estar mais acostumadas.

"Memórias." A palavra saiu lentamente da minha boca, sílaba por sílaba, para que ele tentasse entender o que eu queria dizer. Visto que eu estava enganada, Luke ficou a pensar sobre o que eu havia dito, e só foi capaz de dizer algo quando nos sentamos embaixo de uma árvore, onde eu costumava sentar com o meu irmão sempre que precisava conversar com alguém. 

"Memórias? Não acho certo que se prenda às memórias." Comentou ele a dar os ombros.

"Depois que eu perdi todos que mais amava, tudo o que me restou foram as memórias. Esse lugar, por exemplo, me traz as melhores memórias do meu irmão. Finn costumava me trazer aqui sempre que eu chorava. Ele dizia que as árvores e o ar puro eram a melhor solução para as lágrimas. Eu desabafava com ele, recebia um conselho e depois voltávamos para casa, onde comeríamos panquecas que meu pai faria." 

"Acho que memórias não é o termo certo para o que você quer dizer. Momentos soa melhor." Luke diz.

"Talvez. Momentos, memórias, tudo isso me prende a Los Angeles. Tenho medo de perder a única conexão que ainda tenho com a minha família se sair dessa cidade." Expliquei, e por um mísero momento ele pareceu entender o que eu quis dizer desde o início, até mudar de ideia mais uma vez.

"Prefere ficar presa às memórias antigas do que viver novas memórias?" Questionou-me, e por um momento eu fiquei sem ter resposta certa. 

Estávamos debaixo da árvore que parecia pertencer somente à mim e ao meu irmão, conversando sobre um assunto que eu jamais gostei de falar, e ainda propondo ideias para me fazer sair desta cidade com alguém que eu conheço apenas há um dia. Tudo isso e eu ainda fico a pensar que a qualquer momento o tempo de se fechar, e o azar pode fazer com que um raio caia bem onde nós estamos, e em poucos segundos ambos não estaremos mais com vida. 

Não sei exatamente quanto tempo ficamos em silêncio, apenas a nos perder em nossos próprios pensamentos ou não pensar me nada. Luke e eu trocávamos olhares discretos, e por um momento eu desejei ter como ler os pensamentos dele, e saber o que realmente ele acha sobre a minha pessoa, se me acha mesmo interessante ou se apenas tem pena da minha vida, tal como os outros.

"Garota da morte." Ele me chamou, fazendo com que eu saísse dos meus pensamentos e encarasse seus olhos azuis, que estavam claramente cheio de intenções e sonhos. "Escute, eu estou bêbado, conversando com alguém que conheço a algumas horas e que foi a única pessoa que conversou comigo de uma forma totalmente espontânea, propondo uma viagem sem destino certo. Você deve pensar que eu sou louco, não vou te obrigar a aceitar a minha ideia." 

"Luke, eu ainda não sei como você não me considerou louca da primeira vez que conversou comigo. Pensando bem, somos dois loucos. Eu só quero que você entenda o meu lado, queria poder sair de Los Angels numa boa, mas as memórias iam me perseguir, exigindo que eu voltasse, caso ao contrário elas serão todas apagadas da minha mente. Não quero perder o que ainda restou da minha família." 

"Você jamais vai perder isso, Fatih. As memórias e os momentos não estão na cidade, estão em você. Ainda tem objetos dos seus pais e do seu irmão, não tem?" Perguntou, e eu apenas assenti. "Leve-os, leve tudo o que quiser. Podemos usar a sua caminhonete ou pedir a do meu irmão emprestada, podemos levar tudo o que quisermos. Confie em mim, vai fazer bem para você sair de Los Angeles, sair até mesmo da Califórnia." 

"Talvez, mas não depende só de nós. Tem muita coisa envolvida, meu emprego, a sua família, dinheiro." 

"Não ache defeito nas coisas, é melhor deixar que eles apareçam aos poucos. Não se preocupe com a minha família ou com o dinheiro. Seu emprego, não tem como pegar férias? Não vamos partir para sempre, só por algumas semanas, tempo suficiente para despertar a sua vontade de viver e ocultar o desejo da morte." Luke parecia estar deixando tudo melhor, suas ideias combinavam com seus olhos sonhadores, e talvez aceitar fosse a melhor coisa para mim também.

"Tudo bem, não parece tão ruim." Encolhi os ombros e voltei a olhar para Luke. "Mas por quais motivos eu confiaria em uma ideia de alguém que está bêbado?" Questionei com humor, e ele soltou uma risada que deixaria qualquer um feliz em ouvir. 

"Bem, eu confiei em vir para um lugar desconhecido com uma garota obcecada com a morte. Por quais motivos você não confiaria em alguém que só bebeu algumas cervejas a mais?" Revogou ele, e eu acabei por rir junto, deixando a minha mente aberta para qualquer coisa que Luke pudesse propor para mim. 

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olaaaaa, MIL PERDÕES PELA DEMORA!! maaaas finalmente postei, gostaram?? espero que sim :)) estou amando escrever essa fanfic.

um pergunta: vocês gostam de fanfics larry/muke?   (◕‿◕✿)

ily all - mari xx



If I Die Young + lrhWhere stories live. Discover now