Capítulo 6 : Parte 2

4.5K 419 145
                                    

Entrei pela porta do museu e Lobo Selvagem colocou uma barra de ferro atrás dela.

Todos ficamos apreensivos com a demora do retorno dos homens. Lobo Selvagem mantinha-se em prontidão próximo à porta, com o dedo no guarda-mato de sua arma. Minutos pareciam horas. Será que os membros daquele grupo haviam sido mortos? E o que havia acontecido com Benny?

Pente Fino se levantou e caminhou na minha direção. Mesmo na penumbra daquele lugar, dava para notar que seu corpo era atlético.

- Se acontecer algo com o Águia ou com qualquer um dos nossos amigos, você vai se ver comigo. Você quem deveria estar lá fora e não eles. - Ela se aproximava cada vez mais de mim. Eu não estava com medo de que ela pudesse fazer algo contra mim, mas não queria confusão e por isso caminhei para o lado oposto. Ela insistia em destilar suas ameaças a mim e para ter certeza de que eu a ouvia, me segurava pelo braço. Estava a ponto de me agredir, quando Ariana se interpôs entre nós.

- Ela não tem culpa. Se fosse um de nós, acho que eles fariam o mesmo para ajudar - Ela disse aquilo, mas me olhou para confirmar se nós iriamos fazer o mesmo se a situação fosse inversa. Eu dei um leve meneio afirmativo com a cabeça. - E a gente nem sabe o que está acontecendo lá fora. Fica calma. O Águia vai voltar. Ele sempre volta, você sabe disso melhor do que ninguém. E o Mamba está com eles. Então, segura a onda. - Ariana passou o braço atrás do pescoço de sua amiga e a conduziu para outro cômodo do Museu. Assim que elas desapareceram na escuridão do lugar eu falei:

- Eu preciso ir lá fora procurar por eles. - E caminhei em direção à porta. Mas Lobo Selvagem me barrou.

- Não ligue para o que Pente Fino falou, ela e o Águia... - E fez uma pequena pausa - eles têm um lance aí... - Depois daquela declaração, ficou claro o porquê de Pente Fino se importar tanto com o Águia a ponto de esbravejar daquele jeito. Era por amor.

- Agora eu me sinto culpada por termos, nós, trazido o problema a vocês. - Me lembrei do que Águia nos falou no bar, que eles não estavam ali para nos trazer problemas.

- Relaxa, eles já devem estar voltando. O Águia é bom em resgate. Além do mais, é para isso que serve um grupo, para ajudar uns aos outros. - Disse Lobo Selvagem. Ele era um cara alto, com ombros largos, assim como seu peitoral. Tinha os cabelos escuros como a noite e sua barba já estava por fazer há, no mínimo, uns 4 dias, o que contrastava com seus olhos tranquilos de menino.

Sentei sobre uma mesa da recepção. Silenciosamente, aguardamos ansiosos. Outros vários minutos se passaram. Ouvimos tiros no lado de fora. Todos nós aguardamos algum sinal para abrir a porta. A expectativa era muita. Algum tempo depois alguém bateu. Lobo Selvagem retirou a barra de ferro de trás da porta e a abriu. Águia entrou, seguido de Mamba Negra, Ricardo, Benny e uma garotinha. Meu primeiro impulso, após Benny entrar foi de me atirar em seus braços. O abracei forte por um longo tempo. Queria sentir que ele estava ali comigo e que nada de ruim tinha lhe acontecido. Assim que o soltei, dei um abraço um pouco mais tímido em Mamba Negra e em Águia e sussurrei em seu ouvido um ''obrigada''. Pente Fino quase me tirou de sua frente para abraçar o seu homem. Ela não só o abraçava como também o beijava.

- Porque a demora? - Perguntei a Benny, deixando transparecer a preocupação na minha voz.

- Desculpe. - Ele me deu um daqueles olhares ternos que ele sempre tinha em situações delicadas. - Fomos procurar o Ricardo em algumas lojas no centro da cidade e quando estávamos vindo pra cá nos deparamos com um grupo enorme dos mortos, mas por sorte o Mamba Negra nos encontrou. No meio da luta com aquelas coisas, eu vi essa garotinha em um canto na rua. Eu pensei se tratar de mais um deles ou que talvez eu estivesse tendo uma alucinação, o que era mais provável, até que a vi correr para o lado oposto da multidão. Eu precisava ajudá-la e foi então que corri atrás dela. Ela morava nesta cidade quando tudo aconteceu e está sozinha desde então. Me disse que se escondeu em um armário no mercadinho durante todo esse tempo. Só saiu quando ouviu vozes e foi aí que a encontramos.

Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora