Capítulo 10: O Padre

3.5K 325 227
                                    

Vinte minutos depois estávamos estacionando na porta da igreja. Eu sentia um dor de cabeça infernal, mas fora isso estava tudo bem. A viagem até ali tinha sido longa e exaustiva. Estávamos todos cansados, mas ainda faltava resgatar mais algumas pessoas para o nosso grupo. A menina Stella estava mais a vontade com o pessoal e toda oportunidade que tinha sentava-se ao meu lado para puxar conversa. Ela era uma garota adorável.

Saímos do ônibus e nos dirigimos à igreja, que era a coisa mais linda no estilo barroco. O seu interior brilhava uma luz dourada, tanto pelos raios de sol que adentravam pela porta dupla de carvalho polido que acabaramos de abrir, quanto pela quantidade de ouro presente nas pinturas e nos objetos sagrados. O chão de madeira rangia abaixo de nossos pés, como se ele fosse desmoronar com o nosso peso. Ouvimos um barulho vindo da sacristia, era como se algo pesado tivesse caído no chão. Metodicamente, o grupo de Águia se alinhou para percorrer o perímetro e encontrar a fonte daquele barulho. Antes que eles pudessem adentrar aquele cômodo, um homem saiu xingando alguém atrás de si. Ele se assustou com nosso grupo, que estava fortemente armado e que apontávamos as armas em sua direção. Eu estava nos fundos da igreja e atrás de todo mundo, por isso demorei a ver quem estava no altar.

- Henri? - Eu passei correndo por entre as pessoas ao reconhecer o meu irmão. Cheguei nele em poucas passadas.

- Melina. - Ele caminhou na minha direção e me deu um longo abraço apertado. - Podem sair, é a Mel que está aqui. - Ele disse, olhando em direção à sacristia.

Brígida e sua mãe, Marlene, nos encontraram no altar. Eu dei um abraço em cada uma delas.

- Mel. A nossa mãe... - A voz de Henri era pesarosa.

- Eu sei. E sinto muito que a tenhamos perdido dessa maneira... - Abracei meu irmão novamente. Eu precisava daquele outro abraço. - Bom, deixa eu apresentar vocês ao grupo. Henri, Brígida e Marlene, estes são: Benny, Stella, Águia, Lobo Selvagem, Pente Fino, Ariana e Ricardo. E o Lúcio vocês já conhecem. E temos também o Mamba Negra, mas ele está lá fora no ônibus. - Indiquei cada pessoa após citar seus nomes e me virei para o grupo. - Galera, estes são: Henri, meu irmão. Brígida, minha melhor amiga e sua mãe, Marlene.

Meu irmão parecia animado em conhecer aquelas pessoas, mas acenou timidamente para aquele grupo. Lúcio e Brígida se abraçaram e percebi que Brígida se emocionara e começara a chorar.

- Apresentações feitas, que tal irmos embora? - Ricardo perguntou. - Eu não quero ser emboscado de novo por conta dos seus amigos azarados. - Ele se dirigiu a mim.

- Por mim, tudo bem. Vamos nessa. - Eu disse, não querendo entrar na ''pilha'' dele.

- Acabamos de chegar. Acho que podemos tirar um tempo para comermos e esticarmos as pernas um pouco. Passamos quase doze horas dentro daquele ônibus, eu não aguento mais ficar sentado. - Águia falou, despreocupado.

- O que vocês têm na cabeça? E se aquelas coisas aparecerem de repente? Não quero morrer nessa igreja de merda, onde Judas perdeu as Botas. Eu exijo ir embora agora. - Ele disse aquilo e deu as costas ao nosso grupo, que o encarava surpreso por aquela atitude inesperada. Ele viu que ninguém havia movido uma palha por sua declaração e voltou para esbravejar um pouco mais. - Então é assim? Todos vão fazer piquenique no jardim da igreja e confraternizar? Estão esquecendo o que nos trouxe aqui? O fim do mundo, foi isso o que nos trouxe aqui, caso já tenham se esquecido. Andem logo, temos que ir para um lugar seguro. Talvez irmos para uma das Bases de Assistência à Vida do Exército, tenho certeza que irão nos acolher. Mas temos que ir agora. - Ele bateu as palmas, uma na outra, três vezes, para nos apressar. - Vamos.

Lobo Selvagem se sentou em um dos bancos de madeira e esticou os pés em cima do banco ao lado. Pente Fino se sentou no chão e começou a revirar sua mochila e puxou dela uma garrafa d'água cheia pela metade e bebericou dela. As outras pessoas foram se dispersando pela igreja. Ricardo ficou de boca aberta e com a expressão de incredulidade no rosto. Ele saiu marchando furioso pela porta da igreja.

Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos MortosWhere stories live. Discover now