Capítulo 44: Tempos difíceis, medidas desesperadas

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Com Íris no volante, fizemos quinze minutos do centro da cidade até em casa. Era o novo record. Ariana, Marlene, Lúcio e Brígida estavam na escadaria em leque nos esperando. A preocupação do momento e o alívio de estarmos de volta se misturaram e todos começaram a se abraçar e chorar.

– Onde estão os outros? – Marlene perguntou, preocupada.

– Eles foram até Porteirinha para pegar um caminhão dos bombeiros. Vão tentar apagar esse incêndio. – Henri respondeu ao abraçar e beijar sua amada.

– Qual é a situação na casa? – Íris perguntou a Ariana.

Marlene a olhou dos pés à cabeça, mas deixou que Ariana a colocasse a par do que estava acontecendo ali. Após escutar tudo atentamente, a loira olhou em volta e observou o fogo que se aproximava veloz.

– Precisamos arrumar bolsas com água e comida. Acho que não terá outro jeito, teremos que sair da casa. – Íris disse ao olhar para a menina. – Temos um nebulizador?

– Sim, temos. – Marlene respondeu.

– Vamos precisar. – Íris colocou rapidamente a mão no ombro de Stella – ela tossia desesperada desde que chegamos à cidade – e logo nos deixou sozinhos na porta da casa.

– Quem a colocou no comando? – Lúcio quis saber.

– Ela mesma, mas não vamos criar caso com isso agora. Precisamos fazer o que ela disse, pois não sabemos se eles chegarão a tempo para apagar esse fogo. Ari, antes tenho uma coisa para te contar.

Contei a ela tudo o que vimos na casa de Fausto. Eu precisava falar aquilo. Ela e o rapaz eram amigos, ela merecia saber.

– Ele é um cara esperto, você sabe disso. – Henri disse, tentando reconforta-la.

Ela concordou com um meneio breve de cabeça.

– Agora temos que correr para organizar tudo. – alertei.

***

Separei algumas mudas de roupas e itens essências das quais precisaria para a sair às pressas da casa. Eu mal havia chegado de uma incursão e estava prestes a sair em outra. Ainda não sabíamos para onde iríamos, mas precisava ser o quanto antes, o fogo já estava bem perto da propriedade. O embrulho de guardanapos ainda estava em minha bolsa. O desembrulhei e observei o pequeno ser morto na palma da minha mão. O meu corpo não foi capaz de abriga-lo pelos nove meses que ele precisava e isso era tudo culpa minha. Talvez se eu não pegasse tão pesado com as atividades do dia a dia ou se talvez eu tivesse feito mais repouso, quem sabe assim ele ainda estivesse se desenvolvendo firme e forte em meu ventre? Lágrimas escorreram dos meus olhos e caíram sobre ele. Uma batida tímida na porta me tirou daquela tristeza momentânea.

– Mel, tem um minuto? – Brígida disse ao entrar em meu quarto.

Sequei rapidamente os olhos e fingi casualidade ao mexer em minha bolsa.

– O que é isso? – ela se referia ao embrulho ensanguentado que eu acabara de guardar.

Ela sentou-se ao meu lado e pegou minhas mãos de forma tranquilizadora.

– É o meu bebê, eu o perdi. – foi o máximo que consegui dizer sob tamanho estresse e angustia.

Brígida me abraçou e pude sentir que o meu sofrimento era o seu. Ela se compadecia pela minha perda.

– Mas não vamos falar sobre isso agora, temos que fugir de um incêndio de proporções catastróficas. – mudei de assunto, eu ainda não estava preparada para falar do meu aborto. – Do que você precisa?

Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos MortosWhere stories live. Discover now