Capítulo 45: A estação de rádio

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Uma cortina de fumaça subia aos céus não muito longe de onde estávamos. Ian ficou de pé e quase caiu sentado. Ele estava bêbado.

– São eles. – ele disse e gargalhou de alívio.

– É o meu pai? – Stella indagou e olhou diretamente para onde Ian olhava.

Coloquei as mãos na têmpora e agradeci, avistamos as luzes do caminhão dos bombeiros se aproximando. Meu olhos se encheram de lágrima. Ian pegou Stella no colo e a jogou para cima algumas vezes. A menina riu de felicidade. O incêndio ao longe foi minguando. Em vinte minutos o fogo de um lado da nossa cerca havia sido apagado. Todos saíram da casa quando ouviram a buzina alta e insistente vinda do veículo. Aquilo deve ter chamado todos os ''famintos'' da redondeza, mas resolveríamos um problema de cada vez.

O caminhão se aproximou da escadaria em leque e todos comemoraram. Meu coração quase saiu pela boca quando Lobo Selvagem retirou o capacete, ele estava paramentado como um bombeiro. O abracei emocionada. Ele estava coberto de fuligem assim como os outros. Stella abraçou Benny. Pente Fino subiu às pressas os degraus da escada, mas parou no meio dela. Seus olhos estavam cheios d'água. Ariana apareceu na porta da casa e ambas correram de encontro uma a outra. A ruiva não curtia muito contato físico, mas cedeu a um abraço apertado de sua irmã.

– O que aconteceu por aqui? – Águia perguntou.

Contei tudo o que havia acontecido desde que nos separamos no centro da cidade. Eles ouviram tudo atentamente. Benny subiu a escadaria em leque correndo e Marlene o acompanhou. Todos ficaram chocados com o relato do tiro que Ricardo deu em Ariana.

– Pra onde aquele maluco foi? Não tem nada nas proximidades... – Lobo Selvagem indagou.

– Tomara que tenha ido pro inferno. Se eu ver aquele frango novamente, vou mata-lo. – Pente Fino respondeu, a raiva reluzia em seus olhos.

E não era para menos.

– Precisamos terminar de apagar o incêndio. – Águia olhou para onde ainda pegava fogo.

– Verdade. Só vou tomar uma água e chamar o Benny. – Lobo Selvagem disse e entramos na casa.

Dez minutos depois eles já estavam de volta no caminhão. A água do veículo havia acabado e eles teriam que voltar no rio da cidade para pegar mais. As longas horas seguintes foram de trabalho pesado para apagar aquele incêndio de proporções catastróficas. Ele havia tomado quase toda a cidade e ainda não tínhamos a menor ideia de como começara. Já era manhã quando o fogo do outro lado da propriedade fora apagado. O céu amanheceu encoberto de nuvens carregadas. Talvez chovesse ao longo do dia, mas não era certo. Preparamos um café da manhã bem reforçado. Os homens logo voltariam para o desjejum. Pente Fino ficara em casa para cuidar da irmã. As duas foram para o quarto de Ariana e permaneceram por lá. Eu estava em pé na escadaria em leque quando padre Lázaro se juntou a mim. Ficamos calados por um longo tempo.

– Soube que quando saiu daqui não estava se sentindo muito bem. Como está o seu bebê? – ele perguntou sem rodeios.

– Eu o perdi. – respondi.

Senti seus olhos me esquadrinhando para saber se eu estava brincando ou não.

– Eu sinto muitíssimo por isso. Tem algo que eu possa fazer por você?

Neguei.

– Você já encontrou o Forte? – mudei drasticamente de assunto, não seria com ele que eu falaria sobre o meu aborto.

Novamente ele me encarou preocupado.

– Não tive mais oportunidades de procura-lo. Por que a pergunta?

Diário De Um Apocalipse Zumbi - O Despertar Dos MortosOnde histórias criam vida. Descubra agora