Capítulo V

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​POV Camila.

​Hoje essa cidade estava inexplicavelmente fria. Tive certeza quando saí de um dos prédios do campus e senti o forte e gélido vento que veio de encontro ao meu rosto, única parte descoberta do meu corpo.

​Vejo um carro preto e com vidros fumê se aproximando. Duas piscadas com o farol esquerdo. Era ele. Entrei no banco de trás e fechei a porta. Ele estava fingindo interesse em uma revista enquanto eu me acomodava.

​— Como vão as coisas com Lauren? — pergunta, ainda olhando para a revista.

​— Um pouco melhores. Ela deu em cima de mim após aquele jantar. — encaro-o.

​— Sério? — descansa a revista em seu colo e aproxima-se de mim. — Camila, a segurança dela está em jogo, e a das outras também. Eu preciso muito saber com quem ela tem contato.

​— Eu preciso que ela fale primeiro, não posso forçar a barra.

​— E quem disse em falar ou forçar a barra? Isso não exige conversas. Há ameaças diretas, então preciso que descubra o mais rápido possível.

​Assim que ele se afastou, pus-me para fora do carro e voltei para o campus. Eu precisava terminar logo essa missão, antes que fosse tarde demais. Tanto para mim quanto para Lauren.

POV Lauren.

Erros. Só quando perdemos o medo de cometê-lo é que realmente nos tornamos verdadeiros adultos. O ato de crescer demora e nos esfola, mas, no fim das contas, sempre compensa. Quando crescemos, conquistamos uma vitória íntima. Assim, sem testemunhas. Vergonha de errar? Por quê? Isso só é aceitável quando não nos reconhecemos na nossa própria pele. Quando somos jovens, sempre prorrogamos nossas escolhas com medo de errar, tendo em mente que precisamos ter certeza absoluta antes de tomar qualquer decisão. Tudo precisa ser perfeitamente... perfeito. Quando somos adultos, já tivemos experiências suficientes para saber que nunca teremos certeza de nada: exceto a morte. Física e definitiva. Lembro-me de quando estava no ensino médio e o professor de filosofia dizia "A única certeza que temos,meus caros, é a morte.". Ele repetia aquilo tantas vezes que essa frase tornou-se inesquecível. Eu acho que hoje compreendo o sentido dela. Se já morremos tantas vezes diante dos fracassos, frustrações e decepções e voltamos para a vida, porque teríamos medo da morte em si? Morrer nunca é bonito, mas quando passamos por isso várias vezes numa única existência, perdemos o medo. E finalmente crescemos.

​— Ally, eu não estou triste, muito menos arrependida. Não preciso de consolo. — repito pelo que parecia ser a quinta vez hoje.

​— Não precisa? Lauren, você passou a noite passada em claro depois do que fez e usou o seu casaco como uma camuflagem durante o dia, o que devo dizer de antemão que não funcionou. Todo mundo sabia que era você, apesar do casaco ser branco. — deita na minha cama com vários filmes em mãos e um balde de doces.

​—Você acha que estou indo rápido demais?

​— Talvez... Você mal a conhece. Mas você nunca se sentiu dessa forma, pode ser uma boa justificativa.

​— Que droga, Ally! Eu achei que toda aquela aproximação repentina era porque ela sentia algo. Como pude não usar meu bom senso?

​— Relaxa, Laur! O que tiver de ser, será.

​— E o que não tiver de ser, não será. O que é mais provável aqui.

​— Enquanto não sabemos se sim ou não, escolhe logo um filme porque infelizmente você não terá o prazer da minha companhia a noite toda.

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