Capítulo III

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Insônia. O som dessa palavra em si consegue fazer com que eu perca o sono. Meio doido, mas faz sentido; pelo menos no meu mundo. Toda mundo já teve um dia de insônia. Preocupação com a conta que não pagou, o trabalho da faculdade que ainda não entregou, o bebê que ainda não dormiu, o vizinho que resolveu dar uma festa, o cachorro que anda mais cabisbaixo que Marley no final do filme. Ou simplesmente é como eu: tem insônia sem saber por quê. Todo mundo, nem que seja uma vez na vida, perdeu o sono e soube que esse papo de contar carneirinhos não resolve. Talvez eu sofra da síndrome de querer abraçar o mundo, mesmo ciente que possuo braços curtos. Eu preciso parar de questionar tanto as minhas certezas. E dormir mais.

Uma semana havia se passado e, se não fosse por essa insônia, eu estaria feliz. Afinal, Brianna e Kimberly realmente aderiram à trégua. Quem sabe a minha insônia fosse por saber que toda essa paz só duraria sete dias? Bom, sendo ou não, devo ter perdido uma hora de relógio olhando para esse livro que eu nem mesma lembrava o nome, já que meus pensamentos estavam bem distantes dessa cidade. Na verdade, eu estava tão distraída que só agora pude perceber Camila sentada do outro lado da biblioteca. Não pude conter um sorriso e levantei-me para cumprimentá-la, porém meu telefone tocou com o nome de Brianna piscando.

— A que devo a honra? — uso do meu precioso sarcasmo.

— Olha, achei que você gostaria de saber que mesmo com o fim da trégua, eu e Kimberly não queremos mais nos matar.

— Uau, que notícia maravilhosa! Sério. Que tipo de bebida vocês ingeriram que continha juízo?

— Muito engraçada, Lauren! Acredito que você vai gostar de saber também que você estava certa. Ethan não sabe nada sobre nós, o colocaram nessa sem ao menos dar uma base.

— Foi o que eu supus desde o inicio, mentem para ele também. Um monitor não deve saber onde está se metendo para não influenciar os resultados.

— Eu precisei sair de lá, de qualquer forma. Estou dirigindo e nem sei para aonde estou indo.

— Certo. Só tente manter a calma. Acho que também tenho um problema de monitor, lembra?

— Se eu lembro? Lauren, eu disse para ficar longe dela!

— Brianna, eu sou nova nesse semestre, não tenho ninguém além da Ally, mas tenho alguém tentando fazer amizade. Qual o problema nisso? — dou uma olhada nela, que parece totalmente absorta em suas anotações.

— Fique longe deles, Laur! Mantenha o foco na ciência!

— "Mantenha o foco na ciência"? O que eu sou para você? Apenas uma nerd? — sinto minha paciência se esvair gradativamente.

— É sério! Essa gente é perigosa e você sabe disso. Se alguém quiser se aproximar de você, fique longe.

— É o "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço" aqui?

— Desculpa! A Kimberly está ligando, provavelmente estranhando o meu sumiço. Preciso desligar. Estamos bem?

— Claro. — desliguei antes que o resquício de calma me deixasse de vez.

Como se a nossa conversa simplesmente não existisse, voltei ao que estava fazendo e fui em direção à Camila.

— Oi. — ela parecia mesmo concentrada, pois nem havia notado minha presença antes de eu me pronunciar.

— Oi, Lauren! Eu ia mesmo falar com você, mas você parecia bem inerte desde que cheguei.

— Parecia? Oh, então alguém estava me observando — não sei se mandei mal em dizer isso, mas ela sorriu desconfortavelmente.

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