Quarenta e três.

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Harry.

Ele acrescentou suas próprias notas e percebi que era intencional. Entrei e toquei minha melodia, as duas melodias parecendo fluir ao redor uma da outra. Era mais bonito do que qualquer coisa que eu já ouvi. Os olhos de Louis estavam no meu rosto enquanto ele tocava a música de memória sem hesitar, mas tive que devolver o meu olhar para as teclas, porque não conseguia entender o brilho em seus olhos.

Ernest encontrou meu olhar brevemente sobre o piano, e sua expressão era tão ilegível quanto. Então ele se virou e saiu. Eu não entendi nada disso, mas ouvir a melodia de Louis se fundir com a minha, criando algo inexplicavelmente bonito... parecia um presente.

Louis e eu tocamos até o sol se erguer sobre a mansão e encher a sala de luz. Nossa melodia evoluiu, uma série de lindas notas, e meu coração pareceu explodir de emoção quando nossos dedos finalmente saíram das teclas. Louis parecia exausto, e meu próprio corpo ansiava por sono também, mas, ao mesmo tempo, eu senti vontade de gritar meus sentimentos dos telhados.

Eu levantei e peguei a mão de Louis. Seu olhar frio subiu para mim.

— Vamos para a cama. — Eu sussurrei.

Algo mudou em seus olhos como se por uma vez houvesse algo que o assustou, como se ele não confiasse em si mesmo enquanto dormia.

— Nós não temos que dormir, mas você precisa descansar um pouco. — Eu disse a ele, e finalmente ele se levantou do banco do piano e me seguiu para o andar de cima.

Louis deitou-se e eu me estiquei ao lado dele, perto, mas sem tocá-lo. Eu queria me pressionar contra ele, dar-lhe proximidade. No passado, ele me segurou para me confortar, não porque ele exigisse esse tipo de atenção.

Meu olhar cintilou em seu rosto. Seus olhos estavam distantes, e sua boca apertada sugeria que ele ainda estava lutando contra algo dentro dele.

Eu não podia mais me segurar e estendi a mão para ele, colocando uma mão hesitante em seu braço. Era ridículo para mim estar preocupado em tocá-lo. Éramos mais próximos do que isso, mas eu não queria pressionar algo para Louis que ele não queria só porque isso teria me ajudado.

Seus olhos se concentraram em mim, e ele levantou o braço para que eu pudesse me aproximar, e me aconcheguei nele, minha mão descansando em seu abdômen rígido. Eu gostaria de saber se isso era algo que ele queria, algo que precisava, ou se ele fez isso por mim como parte de sua afeição simulada.

Eu não ousei lhe perguntar o que causou este episódio, ou o que ele tinha visto em sua mente para deixá-lo de joelhos desse jeito, mas a questão queimou na minha língua. Talvez um dia ele me dissesse.

Ficamos na cama até o meio-dia e, pela primeira vez, acordei antes de Louis. Eu estava encostado ao seu lado, como de costume, e ele parecia estar dormindo pacificamente, sem nenhum sinal do episódio da noite anterior visível em seu rosto. Seu osso da bochecha estava inchado com um tom azulado como esperado, mas não deixava Louis menos atraente. Por alguma razão, esse pequeno defeito em seu rosto perfeito o deixou ainda mais bonito. Ele se mexeu e abriu os olhos. Eu sorri para ele.

— Como você está se sentindo?

Ele permaneceu em silêncio por alguns segundos. — Diferente.

— Diferente? — Eu repeti, confuso, mas ele não explicou. Desembaraçou-se dos cobertores e sentou-se com um ligeiro estremecimento, a palma da mão contra as costelas.

— Você precisa de algo para a dor?

— Não. — Disse ele. — Vai sumir. E a dor é um bom motivador. Da próxima vez terei que ser melhor para que meu oponente não acerte golpes assim.

Twisted emotions || Adaptação Larry Stylinson Where stories live. Discover now