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Hayden Grayford

Aquira nos olha completamente em choque da situação em que se meteu involuntariamente. Eu quero matá-lo, cruelmente e não ligo se o farei frente à escola toda, mas de uma coisa Allan está certo, ela precisa escolher, esta maldita rincha e disputa me irrita, ela é minha, eu sei disso, mas quero ouvir de sua boca, mesmo que saiba que estou apenas dando um tiro no escuro.

Aquira me odeia, disse isso olhando em meus olhos, sua devoção não me parece a mesma e tenho dúvidas de seu amor. E então, o quão ferido ela me deixará?

De todas as pessoas no mundo, eu espero a rejeição de todos e não doeria tanto se todos virassem as costas para mim, eu já sou acostumada há no fim restar apenas eu, mas a minha garotinha é diferente. Ela não é só minha, ela faz parte de mim, sei bem a diferença entre isso.

Ela intercala o olhar entre nós, mas isso cessa em algo atrás, entre nós. Cerro meu maxilar, sei que a grande motivação da porra do problema todo está bem alí, ela escolherá ele? Falará " nenhum, eu prefiro ele "? Aquira vira o olhar para Allan e suspira, andando devagar em nossa direção, parando em sua frente. Meu peito dispara em um medo que eu nunca senti antes.

Ela sorri para ele, se aproximando bem, arrancando um olhar vitorioso do mesmo disfarçado. Ela cochicha algo em seu ouvido, porém eu consigo ouvir.

— você tinha razão, eu sempre amei um de vocês, mas é ele, nunca você — diz e eu ergo meu olhar, ela sorri para ele, cruelmente, iniciando sua fala audível para todos agora — A próxima vez que erguer a mão para mim, eu deixo ele matar você! — avisa, dando as costas para o mesmo, gerando borburinhos da grande plateia indesejada.

" achei que ela escolheria ele, por um instante" " mas quem é louca de trocar o Hayden? " " ela vai ajoelhar?" " se ela ajoelhar eu desmaio" " ela vai? " " mas se ela fizer isso é a mesma coisa de declarar que é dele, será? ".

Aquira me olha fixamente, pegando a mão que eu havia estendido a ela, fazendo-me soltar o ar que prendia, aliviado. Ela me dá um sorrisinho de canto em quem diz " te odeio, mas prefiro você", puxo ela para um beijo, abraçando sua sua cintura, invadindo sua boca, em uma competição por controle calma, mas não dura muito, eu ainda quero mais uma coisinha dela. Separo nossos lábios e olho-a fixamente — ajoelha, gatinha! — pesso e ela nega me arrancando um sorriso interno. Ah, mas vai mesmo.

Solto-a endireitando a coluna, dando um passo para trás, dando-lhe espaço e ela me olha em uma negação silênciosa, corando envergonhada. Aquira morde os lábios olhando a platéia completamente constrangida, pensativa em se obedece ou não, ficando assim por tempo o suficiente para fazer qualquer um ali ter certeza de que ela não fará, inclusive eu.

Bufo virando-me ciente disso, dou um passo, franzindo o nariz ao ver todos abrindo as bocas bruscamente em um certo choque e incredulidade imensurável. Paro virando-me para acompanhar o que é tão impressionante, vendo Aquira ajoelhar-se, com a cabeça baixa em posição de submissa. Não contenho um sorriso de canto completamente satisfeito, vendo Allan sair bufante pelo canto do olho, mas nem ligo focado apenas nela, dando passos em sua direção e me abaixo erguendo seu rosto com o indicador.

— a quem você pertence, Raio de sol? — questiono mais uma vez e ela morde os lábios fortemente, olhando-me nos olhos e então se pronuncia.

— A você, só você! — diz as palavras mais lindas que já ouvi, erguendo as mãos e puxando-me para um beijo. Ouvimos gritos e comemorações completamente animados e chocados com o desfecho disso tudo, mas não temos tempo para aproveitar, apenas ergo-a, seguro sua mão e arrasto-a pela multidão, sem reparar em nenhum rosto  ali, apenas fugindo daquele lugar, apenas eu e ela.

Em rumo a porta vejo Kaiky parado, nos olhando, me aproximo dele e sem precisar falar uma palavra ele leva as mãos ao bolso e trocamos as chaves, mas vira o rosto para mim. Ok, resolverei depois.

Saímos dali, cruzando a porta do refeitório e deparando enfim com o silêncio do corredor vazio, entrelaço nossos dedos olhando-a rapidamente, um tanto quanto orgulhoso, mas ela para, forçando-me a parar também.

— isso está errado, Hayden — diz e eu a olho fixamente. Como é?

Um sorriso largo brota em seus lábios e ela me puxa começando a correr.

— fugas são mais animadas — diz ao corrermos pelas extensões da faculdade e eu não contenho a risada correndo até a grande porta da saída.

*****

Corremos pelos grandes corredores saindo em fim para fora, sendo atingidos pelo ar fresco, dando a impressão de sair de um sufoco enorme. Ainda não pensei sobre minha escolha, não agora não, me permitindo apenas apreciar a fuga e o momento no qual não sei o quão letal será. Meu coração está disparado, ofego ainda correndo ao seu lado pelo grande estacionamento, mas ele me conduz até a moto preta e luxuosa de Kai, os vi trocar as chaves, ele parecia bravo, claro, com o corte na boca devido ao soco de Hayden, não julgo.

Paramos ofegantes, rindo da fuga mais caótica que já vi, respirando profundamente em busca de ar. Me recupero em instantes, mas Hayden parece um pouco mais abalado, ok, corremos muito, mas ele não me parece o tipo sedentário. O mesmo apalpa os bolsos à procura de algo e franzi o nariz, mas arregalo os olhos ao ver o mesmo tirar uma bombinha e inalar. Quê? Asma?

— você tem asma e fuma feito louco, parecendo uma chaminé? — me olha fixamente inalando a bombinha — E...como corre nas quadras de basquete sem morrer? —  ele ri emendado em uma tosse, eu arregalo os olhos — aí meu Deus, está morrendo? O eu faço? Inala essa merda, vai de novo! Massagem cardíaca? Você é médico né, como faz? Droga, você não pode falar... você está rindo?

— você é muito burra — Debocha. Olho-o incrédula, não creio que eu estava disposta a ajudar esse arrombado. Não creio que eu me ajoelhei para ele, na verdade. Ele sorri de canto pegando os capacetes, coloca um em mim e em seguida o seu, porque o Kai estava com dois capacetes? Independente.

Montamos a moto e ele liga. Aí meu Deus nunca andei nisso.

— melhor segurar — avisa e eu nego segurando na lateral.

— tô bem assim — digo e ele me olha pelo retrovisor assentindo. Ele liga a grande moto que dá um solavanco, acelerando e parando, me desestabilizando completamente, em um reflexo agarro seu corpo segurando-me firme. Sinto seu abdômen tremer em uma risada sutil e soco seu corpo — vai logo — ele obedece acelerando para fora dos portões da faculdade. Assim eu me encontrava em uma fuga estabanada, completamente inesperada, mas não digo que me arrependo. Relaxo o corpo abraçando-o, deixando-o apenas me levar para seja lá onde ele quiser.

Talvez seja o meu maior erro, sim pode ser, eu não deveria confiar nele, sei disso, mas uma coisa é incrível entre nós, confiamos mesmo sem saber as consequências, naquela noite eu soube através do seu olhar que ele era igual à mim, não precisou de palavras ou sinal, apenas soube que era ele. Meu mestre. Se for preciso confiar às cegas eu irei, até em qual ponto não faço a mínima ideia, mas uma coisa é fato, ele mataria por mim e eu morreria por ele. Se o que Kaiky disse é verdade, eu estou aguardando, quero ver o mundo queimar por mim.

*****

Gente, ela é submissa...sim, julgamos? Não, pois quem não seria por um homem desse, né?

Aquira: eu não me ajoelho diante de ninguém. Hayden: ajoelha. Ela: 🛐🛐 kkk

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Silênt nigth Where stories live. Discover now