capítulo 2 - mestre mandou

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Observo ela digitar de forma impressionantemente rápida, seus olhos fixos na tela, no que parece ser um editor de vídeos, mas não aqueles comuns da internet, é mais sofisticado

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Observo ela digitar de forma impressionantemente rápida, seus olhos fixos na tela, no que parece ser um editor de vídeos, mas não aqueles comuns da internet, é mais sofisticado.
Ela me assusta um pouco, como uma criança sabe fazer uma coisa dessas? Sei que não posso julgar, já que com seis anos já falava vinte e quatro idiomas e sabia matemática avançada, mas sejamos sinceros, é raro.

— que horas saiu mais ou menos? — questiona e eu penso.

— Ele sempre vai ao meu quarto às 22:40, brigamos, eu saí, ele me seguiu e o matei, nisso foram...exatos quarenta e dois minutos. Então carreguei seu corpo às 23:22 — penso em voz alta e ela assente.

Era para ela me julgar, não? Fodasse, ela passa pelo mesmo, sei que no fundo ela não me julga porque tem vontade de matá-lo também.

— que raciocínio lógico foi esse? parece um cérebro humano.

— só por isso? Não sabe de fato o que é um gênio então — debocho e ela sorri assentindo.

— vou lhe testar em laboratório enquanto carregar então — Franzo o nariz, como é? Ela apenas sorri de canto sem me olhar, ainda focada na tela que abre um mapa, ou melhor, uma planilha do bairro por imagem de satélite, ela clica na rua da casa dela, digita 23:35. Mais ou menos há hora que cheguei pelo cálculo do percurso, ela deve se lembrar. As imagens das câmeras da rua aparecem na tela e eu me vejo carregando um corpo.

— consegue apagar né?! — ela assente — mas não apenas faça, substitua, se abrirem uma investigação e perceberem a falta de imagens será uma suspeita.

— ah, ok — ela pega uma imagem das ruas vazias e coloca em prolongamento, rua por rua na qual passei. As imagens são substituídas e as originais são levadas para download, reunindo todas, mas parece falhar.

— ah cacete em. Vai dar não — esbraveja e meu coração acelera. Tem que dar certo — preciso de um pendrive, abra a gaveta ali por favor e pega o conector junto — aponta para o lado, fito a cômoda e me inclino abrindo a gaveta — ou melhor, pega o notebook aí também — apanho e a entrego fechando novamente.

— você tem mais computador do que eu, olha que sou rico.

— está me chamando de pobre e por isso não posso ter mais de um? — nego sem saber como me defender, não foi isso que quis dizer e ela sorri — tô zuando, sei que não é normal ter cinco notebook e três monitores, mas quando se é a princesinha do papai que não abre a boca, não é tão difícil — seu tom muda para triste. Olho para ela entendendo perfeitamente do que ela está falando. Cerro o maxilar e ela pisca três vezes, sorrindo novamente — em fim, quem sabe eu não me livro também — brinca, conectando os cabos. Qualquer pessoa questionaria como ela consegue falar tão naturalmente, mas eu sei a resposta, negamos a nós mesmos, fingimos estar bem para os outros, mas no fundo nos sentimos nojentos, contaminados e podres por dentro, se tornando reféns de nossa própria dor. — iremos montar um alibe, para quem será? O que costuma fazer quando sai, seria uma ótima explicação.

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