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Meu rosto queima diante de seu comentário provocativo. Minha vontade de mandar ele ir à merda nunca foi tão grande.

— Summer, preciso falar com você assim que terminar aqui! — diz ríspido mudando o assunto e ela assente prevendo a bronca — e vai colocar um vestido, short ou sei lá, por enquanto. Kaiky e Spenser são meus amigos há tempo suficiente para que eu os conheça, não tô afim de matar um hoje — ela assente, se virando e saindo.

Isso é estranho, já que Sam não costuma obedecer a ninguém sem ser o pai. Ela sai da cozinha e segundos depois volto o olhar para ele que me olha tranquilamente.

— sério? — rosno e ele dá uma risada silenciosa — babaca.

— bom dia para você também, raio de sol — debocha.

— o que faz aqui? — questiono.

— minha casa?

— na cozinha, idiota. Aí que horror, o que é isso? — olho para um corpo aberto, mostrando todos os órgãos.

— ué, um corpo humano. Está diante de uma cirurgia ao vivo, nunca viu como é por dentro? — nego.

— assim especificamente, não! — digo agoniada por ver apenas as mãos das pessoas, mexendo nos órgãos cuidadosamente — aí meu Deus — coloco a mão na boca sentindo ânsia e me viro.

— maravilhoso, né?! — diz em ironia.

— com certeza — vou até a geladeira — qual é da tara de assistir um negócio desse na cozinha? Está ao vivo, está trabalhando? — questiono.

— sim, porém só como telespectador. Tenho que avaliar o progresso dos cirurgiões em treinamento, essa cirurgia é só deles.

— não tem uma pessoa que de fato sabe, o que está fazendo lá? — questiono.

— tem, mas não está fazendo nada. É só eles por eles — esclarece e assinto — e graças a minha vida super tranquila, recebi uma ligação me acordando, dizendo que terei que revisar essa parte.

— é sábado às nove da manhã, está fazendo isso desde às? — questiona e ele bufa.

— desde às quatro — arregalo os olhos, vendo-o prestando atenção na tela.

— meu deus, e resolveu vir para cozinha fazer isso? — questiono e ele esfrega os olhos.

— vim fazer um café da manhã, mas às antas quase colocaram o marcapasso errado, sabe o quão ruim isso daria? — assinto tendo uma ideia — aí acabei não fazendo, não comi e estou há uma hora aqui, porque é capaz de eu levantar para voltar para o quarto e eles matarem o paciente — esbraveja e dou risada.

— boa sorte aí doutor — debocho — se importa de que eu ligue o liquidificador rapidinho? Juro não demorar e ficarei em silêncio.

— não, estou desejando barulho, se não eu durmo — bufa e ouço uma voz no computador cortar o silêncio na sala de cirurgia, pedindo um bisturi de ponta nove, nem sabia que tinha diferença de pontas.

— ok — digo levando o liquidificador até a geladeira e colocando os ingredientes para meu smoothie, ainda amo isso.

As meninas também amam, então faço bastante, a jarra cheia. Ligo o liquidificador por menos tempo possível, mesmo que ele disse não ter problema. Pego o gelo de coco na geladeira, despejo e mexo.

Reuno os pães, coloco manteiga, presunto e bastante queijo. Levo para a sanduicheira, esquentando os mistos quentes. As meninas não gostam de que derreta o queijo, preferem misto quente frio, então deixo metade sem, vai entender.

Silênt nigth Where stories live. Discover now