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Billie

-- Isso é quase uma tortura -- Falo voltando para a cozinha do restaurante, depois de quase vomitar minhas tripas no banheiro.

-- Ninguem mandou engravidar de novo -- Mamãe fala e eu faço careta

-- Não estou grávida, mamãe -- Falo, tentando passar segurança, mesmo não tento certeza do que digo.

-- Acha que o que você tem é o que? Uma virose? Acorda Billie, você esta grávida... Quanto tempo sua menstruação não vem? E você vem sentido enjoos recorrentes, cansaço, um pequeno ganho de peso... Quer que eu continue citando?-- A mulher diz enquanto mexe nas panelas despreocupadamente

Eu engulo em seco, sabendo no fundo que minha mãe pode estar certa. Sempre tive dificuldade em admitir quando ela estava certa sobre essas coisas, mas os sinais que ela citava eram difíceis de ignorar.

-- Eu... eu não sei, mamãe. Eu realmente não tinha pensado nisso -- respondo, sentindo uma mistura de ansiedade e excitação. -- Eu preciso fazer um teste, só pra ter certeza.

Mamãe assente, ainda focada em seu trabalho na cozinha, mas seu tom suaviza um pouco.

-- Faça isso, Billie. E seja o que for, estaremos aqui com você.

-- Obrigada, mamãe -- digo, ainda um pouco abalada. Decido sair mais cedo do trabalho para comprar um teste de gravidez. A ideia de estar grávida de novo começa a se assentar na minha mente, trazendo um turbilhão de emoções.

No caminho para a farmácia, meu telefone toca. É S/n.

-- Oi habibi, tudo bem?-- ela pergunta, e posso ouvir a preocupação em sua voz.

-- Oi, amor... Eu... acho que preciso comprar um teste de gravidez -- digo sem rodeios, ainda processando a possibilidade.

-- Você acha que está grávida?-- A surpresa é evidente em sua voz, seguida rapidamente por um tom encorajador. -- Quer que eu vá com você? Estou saindo do trabalho agora, posso te encontrar.

-- S-sim, por favor. Eu acho que gostaria muito da sua companhia agora -- respondo, agradecendo internamente por ter alguém como S/n ao meu lado.

-- Estarei aí em dez minutos -- ela diz, e eu sinto um alívio imenso.

Caminhando pelo estacionamento da farmácia, espero por S/n, sentindo uma mistura de nervosismo e esperança. Quando ela chega, corre até mim e me abraça forte, oferecendo uma sensação de segurança que eu tanto precisava naquele momento.

-- Vamos descobrir isso juntas -- ela murmura, e juntas entramos na farmácia para comprar o teste que poderia mudar nossas vidas mais uma vez.

S/n

O carro estava em completo silêncio, a não ser pelo choro baixinho de Billie. Eu coloco minha mão sobre sua perna, apertando suavemente.

-- Eu estou aqui dessa vez...-- Falo baixinho, atraindo sua atenção.

-- Eu sei... É que... Me desculpa... Mas eu tenho medo... M-Mesmo sabendo que dessa vez você esta aqui, e que não vai embora... E-Eu ainda sinto muito medo -- ela diz e seca as lágrimas, porém mais e mais lagrimas escorrem por suas bochechas. Meu coração se aperta ao ve-la assim, tão vulnerável e amedrontada -- Eu não aguento passar novamente por tudo o que passei no passado... Me desculpa, mas é inevitável sentir esse medo do... 'e se você não estiver pronta' ou 'e se você não quiser mais estar aqui'... São muitos 'e se' rondando minha mente agora

Enquanto ouço Billie, tento encontrar as palavras certas para oferecer algum conforto.

-- Billie, olha pra mim -- peço, esperando que ela levante os olhos. Quando ela faz, continuo, mantendo minha voz calma e firme. -- Eu entendo seu medo, e não é algo que você deva se desculpar. Todos esses 'e se' são válidos, e eu... Eu quero que você saiba que estou aqui não só por agora, mas para enfrentarmos juntas tudo o que vier pela frente.

Ela me olha, os olhos ainda cheios de lágrimas, e eu sinto a necessidade de reafirmar meu compromisso.

-- Billie, eu amo você, e amo a Lea. Se você estiver grávida, vou amar esse bebê também, e nada vai mudar isso. Eu estou pronta para tudo que isso significa. Nós vamos superar juntas qualquer desafio, como uma família.-- Dou uma pausa, procurando garantir que ela realmente absorva cada palavra. -- Eu não vou a lugar nenhum, aconteça o que acontecer. Nós vamos enfrentar isso juntas, sempre.

Ela respira fundo, parecendo digerir minhas palavras, e então se inclina, encostando a cabeça em meu ombro. Sinto que ela relaxa um pouco, e sei que essa conversa é apenas o começo de muitas que precisaremos ter.

-- Obrigada, S/n... Eu... Eu precisava ouvir isso -- ela sussurra, e eu sinto uma onda de alívio por poder oferecer o apoio que ela precisa.

Ao chegarmos em casa, eu a ajudo a sair do carro e entramos juntas, de mãos dadas.

-- Vamos fazer o teste?-- eu pergunto, querendo assegurar que ela não se sinta sozinha em nenhum momento.

Ela concorda com um aceno, e caminhamos juntas até o banheiro, onde ela abre o pacote do teste de gravidez. O momento é carregado de tensão, mas também de uma estranha esperança, de que, não importa o resultado, vamos enfrentar as consequências como uma equipe.

Billie faz o teste e nós esperamos, lado a lado, de mãos dadas, compartilhando silenciosamente a ansiedade e a expectativa do que o futuro nos reserva.

Billie me abraça, sua cabeça deitada contra meu peito, eu posso sentir seu nervosismo pois suas mãos estavam inquietas, sua respiração um pouco mais acelerada e ela olhava para o temporizador a cada instante que passava. Eu passo minhas mãos por seus cabelos, chegando então em suas costas, eu puxo a mulher mais para mim, beijando o topo de sua cabeça.

-- Eu sempre quis ter filhos com você, sabia disso? -- Falo calmamente e então ela me encara -- Se estiver realmente grávida, significa que faltam apenas nove para montarmos nosso time de futebol

-- Não teremos onze filhos S/n -- ela diz rindo fraco

O riso dela alivia a tensão no ar, e eu sorrio, contente por conseguir trazer um pouco de leveza ao momento.

-- Talvez não onze, mas uns dois ou três não seriam nada mal, hein?-- brinco, mantendo o tom leve.

Ela sorri, balançando a cabeça enquanto ainda está nos meus braços.

-- Vamos permanecer apenas com Lea, e se eu estiver grávida, com mais esse bebê... Veremos como nos saimos... Talvez eu pense no terceiro, mas só talvez. -- Ela ri suavemente, mostrando algum alívio com a conversa descontraída. -- Um passo de cada vez, certo?-- ela diz, encostando a cabeça em meu ombro. Eu concordo, beijando-lhe a testa.

-- Um passo de cada vez -- repito, sentindo o peso da responsabilidade e da alegria misturados dentro de mim. Billie parece mais calma agora, mais segura, e sei que parte disso vem de saber que não está sozinha nessa jornada. -- Acho que Lea vai adorar ser a irmã mais velha -- comento, já imaginando nossa filha compartilhando seu mundo com um irmãozinho ou irmãzinha.

-- Ela vai -- Billie concorda, sorrindo ao pensar em nossa filha. -- Ela sempre pede um companheiro para suas aventuras. Vai ser bom para ela... e para nós também.

Acaso (Billie/You Gp)Onde histórias criam vida. Descubra agora