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Billie

Quando chego no restaurante no outro dia, encontro S/n me esperando na porta. Eu bufo irritada enquanto tento passar por ela para abrir o estabelecimento.

-- Billie... Ei... Você esta bem? Parece irritada... -- Eu a ignoro completamente -- Você não me ligou, fiquei esperando você entrar em contato

-- Por favor, fique longe de nós duas ok? Lea não merece isso... Não vou permitir que machuque ela... Não permitirei que seus pais machuquem ela! -- Falo firme

-- O que? Como assim Billie?... -- Ela pergunta confusa, me seguindo para o lado de dentro do restaurante -- Baba e mama fram atras de você, não foram? Não minta para mim

-- Sim, seus pais foram atrás de mim -- respondo, a frustração e a raiva misturando-se à exaustão de toda a situação. -- Eles vieram até a minha casa para... para me oferecer dinheiro para desaparecer, para Lea e eu sumirmos da sua vida.

A expressão no rosto de S/n muda rapidamente de confusão para choque, e então, para raiva.

-- Eu não acredito nisso -- ela murmura, quase para si mesma, antes de fixar o olhar em mim novamente. -- Billie, eu sinto muito. Eu não tinha ideia de que eles fariam algo assim. Eu... eu vou resolver isso. Eu prometo.

-- Resolver? S/n, você não entende -- digo, tentando controlar a emoção em minha voz. -- Não existe o que ser resolvido S/n! Lea e eu estamos muito bem sem todo o drama de sua família. Eles não te aceitam como você é, não deixam você crescer! Se esqueceu do porque terminamos? Lea não é um brinquedo, uma experiência social. Ela é uma criança incrível, alegre e sorridente, seus pais não merecem nem se quer ter genes compartilhados com ela. E para eles irem ate a minha casa perturbar a minha paz, ja sei que continua sendo o bebê deles... E eu não quero isso para a minha vida mais uma vez, muito menos para a vida da minha filha

S/n passa a mão pelo cabelo, um gesto de frustração e confusão.

-- Eu sei, eu sei... E eu me odeio por ter permitido que as coisas chegassem a esse ponto. Mas Billie, por favor, você tem que acreditar em mim quando digo que eu não sou mais aquela pessoa. Eu estava... Eu estava perdida, tentando agradar a todos, mas eu percebi, tarde demais, que a única pessoa que eu realmente precisava me preocupar era aquela que eu tinha deixado para trás. -- Ela dá um passo mais perto, mantendo um olhar suplicante. -- Eu não vou fingir que posso consertar tudo de uma hora para outra, ou que posso simplesmente entrar na vida de Lea como se nada tivesse acontecido. Mas eu preciso tentar, Billie. Se não por mim, por ela. Ela merece saber quem é sua mãe, e merece ter a chance de decidir por si mesma o que pensa de mim.

Há um silêncio entre nós enquanto eu pondero suas palavras. Parte de mim quer acreditar nela, quer acreditar que as pessoas podem mudar e que Lea poderia se beneficiar de ter sua mãe em sua vida. Mas outra parte teme abrir essa porta e enfrentar a dor e a decepção que podem vir com ela.

-- O que ela está fazendo aqui?-- Mamãe pergunta entrando no restaurante.

-- Eu vim apenas me desculpar por...-- Mamãe interrompe a fala da mulher

-- Não existem desculpas que concertem o que você fez, garota...-- S/n olha para minha mãe, a expressão no rosto dela mudando de suplicante para uma resignação triste.

-- Eu sei que não há desculpas suficientes, que não há palavras que possam mudar o passado. Mas eu estou aqui, tentando, ao menos, corrigir os erros que cometi.

Mamãe cruza os braços, olhando-a com um olhar penetrante que eu conheço muito bem. É o olhar que ela dá quando está avaliando a sinceridade de alguém, quando está pesando se essa pessoa merece uma segunda chance.

-- Você machucou minha filha de uma maneira que eu nunca imaginei ser possível. E agora, depois de tanto tempo, aparece querendo o quê? Redenção? Uma família feliz instantânea?-- A voz dela é dura, mas posso perceber uma leve tremura que sugere sua preocupação não apenas comigo, mas com Lea também.

-- Eu não estou esperando nada instantâneo, e eu sei que redenção pode nunca vir. Mas eu preciso tentar, pela Lea. Eu só quero a chance de ser parte da vida dela, de qualquer forma que a Billie e a Lea permitirem. Eu quero ser responsável, estar presente, e fazer o certo desta vez -- S/n responde, sua voz carregada de emoção.

Eu sinto a tensão no ar, como se estivéssemos todos na beira de um precipício, tentando decidir se devemos dar um passo para trás ou saltar na incerteza de uma nova possibilidade. Olho para minha mãe, buscando algum tipo de orientação, mas sei que a decisão finalmente cabe a mim.

-- Você já está grandinha S/n. Mantenha seus pais longe de mim e de minha filha. Se eles aparecerem mais uma vez na porta da minha casa para me perturbar, juro por tudo que é mais sagrado que você nunca mais verá o rosto de Lea -- falo firme me afastando -- depois conversamos, preciso trabalhar

S/n acena com a cabeça, claramente abalada pela firmeza em minha voz, mas parece reconhecer a gravidade da situação. Ela sabe que cruzou uma linha, ou melhor, que seus pais cruzaram, e agora ela terá que lidar com as consequências disso.

-- Eu entendo -- ela diz, sua voz baixa. -- E eu vou garantir que eles entendam também. Eu vou manter eles longe de vocês. Eu prometo. -- Com isso, ela se vira e sai do restaurante, deixando um silêncio pesado em seu rastro.

Minha mãe se aproxima de mim, colocando uma mão reconfortante no meu ombro.

-- Você está bem, querida?-- ela pergunta, sua voz agora suave, cheia de preocupação materna. Respiro fundo, tentando dissipar a tensão que se acumulou.

-- Vou ficar -- respondo, forçando um pequeno sorriso. -- Só preciso de um tempo para processar tudo isso.

-- Você é mais forte do que pensa, Billie -- ela diz, apertando meu ombro antes de se afastar para começarmos os preparativos do dia no restaurante.

Enquanto me movo para ajudar, meus pensamentos giram em torno de S/n, de Lea, e do futuro incerto que nos aguarda. Sei que as próximas conversas serão difíceis, cheias de emoções e decisões complicadas. Mas também sei que, não importa o que aconteça, a prioridade será sempre o bem-estar e a felicidade de Lea. E com isso em mente, sinto-me pronta para enfrentar o que vier, com a força e o apoio da minha família ao meu lado.

Acaso (Billie/You Gp)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora