VIII 美術 | Bijutsu

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Agora o dado na mão direita faria Jimin crer em um desafio, teria mais linearidade com razão ou com a emoção? Tudo correu com maestria diante dos seus olhos, o que faria agora?

— Você atrai emoção até na razão, meu amigo — Alea respondeu os pensamentos de Jimin — Você está pronto?

Foi preciso apenas um aceno de cabeça empolgado para positivar a resposta, Alea entrou no rio de mãos dadas com Jimin, fazia sentido o fluir das águas, prevendo o encontro com o ser da fluidez.

Como se já soubesse o que fazer, ele fechou os olhos e sentiu que a mão livre de Alea protegia sua visão. Não demorou muito até que chegassem a um espaço de áurea alegre, céu lilás e flores candy, avistou ao longe pessoas similarmentes inclinadas à sua humanidade.

A mente, que já não buscava a superficialidade do 'onde estou' ou 'qual tempo visito' se perdia em mergulhos mais profundos: Estavam todos vivendo o mesmo conjunto de experiências que ele? De onde seriam? Era aquele o habitat de quem o habitava em modo permanente ou temporário? Seria sua casa durante o tempo que permanecesse flutuando naquele chão?

A sapiência de espaço, tempo e lugar refez sua ideia de lar: Seria ele o local onde a sua mente habita em paz com seu coração, numa eterna casa em construção ou onde se encaixa um CEP?

Seria sua casa o aconchego do colo sincero, do afeto que moldou a sua infância ou as coordenadas geográficas de um globo tão imenso e tão ridiculamente minúsculo se comparado à sua fábula pessoal?

Além dos animais humanos, haviam instrumentos, um espaço similar a um coliseu onde alguns ensaiavam uma apresentação. Ficaram parados ali por um tempo admirando a música que chegava aos seus ouvidos. Tudo era divinamente rico, mesmo que não houvesse os ouros do rio de Oxum em sua casa tão modesta; a analogia do escárnio mais pulvinar que tomou posse.

Tempo demais para fazer a melodia entrar em contato com o emotivo de Park.

Aquela música o fez lembrar da última saudade, o cheiro do homem não mudou, mesmo estando a sabe-se lá quantas milhas de distância da sua morada, aquela fragrância seria o seu novo perfume preferido. A primeira, última e única vez que abraçou o ser que almejou sem amarras.

A memória funcionava diferente, se fechasse os olhos e se concentrasse naqueles olhinhos de galáxia era como se pudesse sentir novamente o abraço. Será que ele apareceria mais uma vez? Quanto tempo o Tempo precisa para emalhetar seus corpos e aromas em nova circunstância?
Inebriado, consciente, aramado

— Alea, você acha que o Jungkook também gosta de mim? Quer dizer, você viu como ele me abraçou e eu me senti tão… não sei, talvez eu tenha me sentido um pouco… — Oralizava enquanto brincava com uma flor pequena de pétalas rosa pantone 217 que espalhava cristais de açúcar, pelo menos parecia açúcar e era tão doce quanto.

— Amado?

— É… — Apesar da afirmação da deusa ter feito seu coração acelerar com tamanha sinceridade e surpresa, ainda tentava ser natural perdido em girar a flor entre o indicador e o polegar direito, mas o seu tom saiu uma oitava mais baixo acompanhado de um suspiro longo.

— Não tenha vergonha do que sente, nem medo, é natural. E sim, ele te ama — Alea permanecia concentrada com os olhos na mesma direção.

— Quê? Mas assim, de cara? — No fundo, já tinha parado de fingir para si, já tinha parado de brigar com os próprios sentimentos e sensações que aquele pedaço de ser musculoso e tatuado te causava, mas pensava que fosse preciso tempo para concretizar a construção da ponte que poderia viabilizar um convívio e assim afirmar o que sentem — Então a gente pode ficar juntos?

— Se quiserem, sim — A cara de interrogação de Park foi notória e a deusa que estava dividida entre sinalizar o próximo encontro, a dona do lugar e sanar as dúvidas do amigo. Resolveu esclarecer:

AleaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora