IV Afirika

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— África Milenar.

Ao seu redor, a natureza era muito mais abundante, estava diante de uma cachoeira de águas claras, peixes nadavam pela beira e pedras reluziam o dourado da água. Atrás do rio, muitas flores, de vários perfumes e cores, decoram o entorno e abriram passagem para a mata, de onde se ouvia canto de muitas aves distintas. Ouviu risos de crianças brincando do outro lado da foz. Sempre habituado a uma visão de continente tão pobre e sem vida, aquilo para ele era uma tremenda novidade.

Alea mirou os lumes para o céu e sorriu como se tivesse recebido alguma resposta.

— Um humano, Alea? Você é realmente surpreendente.

Jimin viu a mulher se aproximando, linda, de pele negra, cabelos cacheados longos que se perdiam abaixo da cintura enfeitados com pequenas flores amarelas, no topo da cabeça uma coroa dourada com desenhos de peixes e rosas, seus seios estavam cobertos pelos colares e a saia que descia da cintura até os seus pés, não parecia tecido, parecia que a própria água a vestia.

Alea sorriu e a abraçou longamente, ao final, beijaram uma à mão da outra como um tipo de cumprimento.

— Então, meu belo rapaz, como se chama? - Jimin estava atônito com aquele sorriso, se sentia enfeitiçado, nunca esteve diante de diferente beleza. Como não conseguiu responder, Alea interrompeu o diálogo

— Oxum, esse é o meu amigo Jimin.

— Jimin, essa é Oxum, orixá do amor e da maternidade.

Oxum segurou a mão direita do rapaz e a beijou, levando a sua para que ele pudesse fazer o mesmo. Ela nunca tirava o sorriso do rosto, falava com muita educação, era meiga e doce com quem se aproximava, era o que aprendeu sobre feminilidade na sua sincera essência.

Quando se deu conta, Alea não estava mais entre eles e a orixá permanecia parada diante de si.

— Me desculpe, senhora, eu me distraí.

— Pode me chamar de mãe, senhora faz eu parecer rabugenta - Sorriu contido com a própria piada.

— Mãe? Você é tão... diferente.

— Eu sou como você me vê, amor. Como você me vê?

— Com feminilidade e doçura.

Ela sorriu, segurou sua mão e o chamou em silêncio para acompanhá-la. A paisagem florida enfeitava o caminho, colheu uma rosa amarela, a mais bonita de todo aquele jardim, e entregou a Park.

— Obrigado.

— Como se sente, querido?

— Eu estou bem.

— Hum... Como está o rapaz por quem você se apaixonou?

— Huh? E-eu não me apaixonei por ele. Ele é um idiota - tentou falar mais, mas apenas se repetia e atropelava as palavras. Sentaram à margem do rio, com os pés banhados pela água corrente. Oxum pegou uma pedra pequena que reluzia e mostrou ao rapaz.

— Vês? — Jimin observava a pedrinha brilhante - O que é isso?

Parecia muito óbvio, mas se foi perguntando, então teria seu motivo -Uma pedra?!

— Não apenas pedra — Oxum lavou a pedrinha e entregou na mão de Park. — É ouro.

— Ouro? Tudo isso é ouro? — Como poderia um ser acumular tantos bens?

— Sim, ouro para você, pedras para mim.

O que tinha naquela parábola que ainda não conseguia capturar?

— Deite-se aqui, querido — Com a cabeça de Jimin em seu colo, ela afagava seus fios e murmurava um canto que o deixou com uma paz humanamente inalcançável, mal sabia ele que aquela deusa não fazia nada à toa, foi alisando seus fios que lavou o seu ori (cabeça), na tentativa de limpar os pensamentos do rapaz que te encantou. Com as mãos úmidas, tocou o peito de Park, limpando seu coração para que ele se livrasse dos bloqueios que havia instalado para si.

AleaWhere stories live. Discover now