Até que um dia...para ela aquele dia seria como outro qualquer. Só mais um dia em que ela sairia ao meio dia para buscar água. Mas aquele dia seria especial, pois Jesus estava no poço esperando por ela. Ao contrário de todos que a desprezavam por ser uma mulher pecadora, Jesus foi ao poço, enfrentando o sol a pino, só para encontrá-la.

Talvez hoje, para você seja só mais um dia corriqueiro, mas quem sabe hoje seja o seu dia de encontrar Jesus no poço, esperando por você? O que seria o seu poço hoje? Qual a situação desafiadora que você está enfrentando, seja ela qual for, Jesus está justamente usando essa situação. O seu poço, para Jesus é oportunidade para te encontrar.

Meu irmão, não é sobre poço, ou mesmo sobre água. É sobre a oportunidade de nunca mais ter que buscar no poço o que você pode encontrar em Jesus. Pois ele é o único, o único que pode saciar a sede da tua alma! A sede por Deus!

E uma das perguntas que ela fez foi justamente essa: onde eu posso adorar? Revelando um desejo dentro do seu coração. Por isso lhe digo: não importa o pecado que você tem vivido, o qual pode ser para você motivo de acusação, de desprezo, de angústia. Se no fundo, bem lá no fundo de sua alma Ele encontrar sede por Ele, Ele irá em busca de você. Jesus está indo em busca de você agora, então cante!

Quero beber do teu rio Senhor

Sacia a minha sede, lava o meu interior

Eu quero fluir em tuas águas

Eu quero beber da tua fonte

Fonte de águas vivas

Tu és por quem a minh'alma esperou

A fonte da vida que me encontrou

És o dom de Deus, o Messias

O meu Salvador

De repente as luzes se acenderam e eu nem me dei conta de que a música havia acabado. O pastor ia pregar e meu rosto estava marcado por lágrimas desobedientes que desceram sem a minha permissão. - Malditas glândulas lacrimais... - murmurei, limpando o rosto com os dedos, enquanto fungava impaciente comigo mesmo - contanha-se, Gian! Bastou uma mulher no poço para te emocionar? Isso aqui não é o espetáculo do André Rieu, é só uma igreja!

O pastor mandou que todos se sentassem e começou a pregar, no entanto eu não prestei atenção em uma palavra sequer. As poucas palavras que o outro homem preferiu sobre a história de uma mulher e um poço, foram suficientes para tirar o meu foco e, por um instante, me fazer esquecer do motivo pelo qual eu estava naquele lugar.

***

Eu não deveria ter ido até aquele lugar, tampouco ficar como um poste na porta da igreja, esperando Nora sair. Acabei chamando atenção de alguns membros da igreja que paravam para conversar comigo."Meu irmão, você veio de onde?" "Gostou do culto?" "Volte mais vezes!" E de repente eu tinha uma ficha em mãos para preencher e já havia prometido à uns três que voltaria, inclusive num culto voltado para homens. E nada de Nora. Olhei o relógio de pulso pelo que me pareceu a milésima vez e constatei já ser nove e meia. Era patético ficar esperando, então decidi ir embora. Porém, enquanto descia a escadinha da entrada, ouvi-la chamar por mim.

- Giulio! - girei o corpo no meio da escada, percebendo-a andar a passos largos em minha direção. - desculpe, você estava me esperando? - perguntou, já próxima a mim. O alto da escada nos deixava da mesma altura e cara a cara, sob a iluminação externa, pude ter uma melhor visão de seu rosto bem esculpido. Eu adoraria beijá-la naquele momento, mas tinha de me conter. Um pequeno sorriso formou-se em seus lábios e ela desceu mais um degrau.- O que foi, o gato comeu sua língua? - brincou, arrancando-me um sorriso. Eu não me lembrava de outra mulher ter me deixado sem palavras antes e isso me deixou um tanto constrangido.

- Não, eu não estava te esperando se quer saber. Estava conversando com alguns irmãos.- Respondi de forma jocosa, sabendo que ela não acreditaria na primeira sentença.

- Hm. Gostou do culto? Pretende voltar?

- Sim. Para as duas perguntas... você canta como um rouxinol.- Ela sorriu, exibindo uma fileira de dentes brancos

- Mais um dos seus galanteios, suponho.

- É sério. Gostaria de ouvi-la cantar mais vezes.

- Hm... agora só quando papai permitir. Temos uma escala cheia aqui. A igreja é grande.

- Papai? - indaguei, franzindo o cenho.

- Papai - sorriu, achando graça de mim - o meu e o seu pai. Deus.

- Ah...- sua irmã está vindo.- apontei com o queixo Elaza se aproximando - Vou dar uma carona para vocês.

- Não - balançou uma mão - não é necessário, Giulio.

- O que não é necessário? - intrometeu-se Elaza, já ao lado da irmã.

- Estou dizendo para sua irmã que quero dar uma carona a vocês duas, mas ela se recusa. Me ajude a por juízo na cabeça dela, pois já são quase dez horas para duas moças andarem por aí sozinhas. - Apontei o relógio de pulso para a irmã dela. Eu sabia que podia contar com a extravagância da irmã, que, ao contrário de Nora que era recatada e comedida, parecia mais a Lydia do filme "orgulho e preconceito". Sim eu assisti aquela coisa, para entender o mundo de Nora e nesse momento, foi-me útil. Eu só não sabia qual delas representava Nora. Ela era um enigma a desvendar.

- Nora! - protestou a irmã.

- Não, Elaza! Nós vamos de Uber, já havíamos combinado!

- Uau! - interpelei - um colega de trabalho te oferece carona e você prefere pegar um carro com um desconhecido no meio da noite - exibi um sorriso de escárnio, ao passo que Elaza a fitava com os braços cruzados e uma cara nada satisfeita. Nora juntou as sobrancelhas, olhando de mim para ela.

- Mas... mas, não queremos te incomodar, Giulio. Nós...

- Se fosse incômodo, eu não teria ficado meia hora em pé te esperando - dessa vez eu cruzei os braços, demonstrando minha insatisfação. Sem argumento, Nora aceitou, assentindo com a cabeça, apreensiva e hesitante.

Se não marchar, não tem cortejo (Romance Cristão)Where stories live. Discover now