Capítulo 31

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                 Renzo Santoro

Em que situação eu me meti? Só consigo pensar nisso enquanto vejo Amélia saindo da clínica e me deixando sozinha com a doida da Giulia. Eu entendo os receios dela, afinal, não deve ser fácil estar nessa bagunça chamada minha vida. Não sei como consertar as coisas, porque tudo está tão fora do meu controle, e tem mais essa: a Giulia não quer fazer o teste de paternidade e acabar logo com esse meu sofrimento. Preciso saber de uma vez se esse bebê é meu ou não. Preciso seguir a minha vida sem mais inconvenientes, quero que volte ao normal, mas eu ainda deixaria Amélia nessa vida normal.

O médico ainda passando o aparelho na barriga de Giulia, escuto o coração do bebê bater forte. Sinto aperto vendo aquela imagem e as batidas do coração do bebê, embora eu não demonstre reação alguma, e Giulia realmente parece feliz com esse bebê.

Por um momento, imagino essa criança sendo minha. Que tipo de pai eu seria? Com o exemplo de pai que tive, esse bebê estaria melhor sem mim na vida dele. Eu não seria um bom pai, teria medo de ser como o meu, de tratar meu filho tão mal e fazer coisas tão horríveis como o meu. Não, eu não posso ser pai.

É um menino, o médico disse. E se fosse um filho meu e de Amélia, será que as coisas seriam diferentes?

— Amor, não é bom ser um menino o futuro herdeiro da empresa Santoro? — Giulia tagarela enquanto caminhamos para fora da clínica.

— Pare de chamar de amor, muito menos na frente da minha esposa — digo ríspido.

— Quem vê assim até pensa que é um homem dedicado à família e um esposo fiel — zomba.

Reviro os olhos.

— Não temos nada há muito tempo, Giulia, então poupe-me das suas brincadeirinhas.

— Por que não larga ela de uma vez? Renzo, eu tenho um filho seu, o certo era nós dois formarmos uma família e deixar essa tal de Amélia pra lá.

Até me surpreende o cinismo dela.

— E fica com chantagista como você? A única coisa que você serve na cama para satisfazer e nada mais — digo ríspido, e paro perto do meu carro. Ela me olha irritada.

— Por que está me tratando tão mal assim? — indaga ela.

— Como você acha que tenho que tratar alguém que arruinou a minha imagem por puro capricho? — me aproximo dela e inclino a cabeça nivelando com a dela, encarando-a com zombaria — Acha que ter um filho meu vai fazer eu ficar ou casar com você? Acha que vou me apaixonar loucamente e que vamos criar essa criança em uma linda casa com um filho e um cachorro? Se acha isso, está muito enganada, Giulia. Se esse bebê for meu ou não, não vai mudar nada pra mim. Irei arcar com a minha responsabilidade de pai, darei meu sobrenome e uma boa pensão para não faltar nada, mas isso não significa que haverá algo entre mim e você, só para deixar claro.

Ela me fulmina com os olhos e se afasta, entrando no meu carro e se acomodando no banco do passageiro.

Só me faltava essa agora, ter que levá-la.

— Onde acha que está indo? — pergunto irritado.

— Você vai me levar para casa, eu não vim com o meu carro.

Passo a mão no rosto. Essa mulher quer me tirar do sério. Respiro fundo, entro no carro e faço o caminho até a casa dela em completo silêncio. Finalmente chego à sua casa e paro o carro, aguardando ela sair.

— Pode me ajudar a tirar o cinto? Parece que está emperrado — pede ela, se embaralhando toda para tirá-lo. Me aproximo e desprendo o cinto dela. No momento em que me afasto, Giulia segura meu rosto e me beija à força, me pegando de surpresa. A afasto bruscamente, limpando a boca, e fixo meus olhos nos dela, furioso.

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