Capítulo 51

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Renzo Santoro

Abro as minhas pálpebras que parecem pesadas demais, meus olhos observam tudo meio perdido e sinto uma dor de cabeça intensa atrás da cabeça. Minha mão tenta passar instantaneamente no local, mas percebo que está amarrada. Vi­ro a cabeça para o lado e vejo que Amélia também está com os olhos fechados. Isso é o suficiente para eu recuperar a consciência.

De repente, as coisas que aconteceram ontem invadem minha mente, fazendo-me lembrar que alguém nos pegou de surpresa, nos atacou e está nos levando para algum lugar em um carro, já que o carro está em movimento. Tento acordar Amélia sacudindo o seu corpo, mas ela não acorda, eu congelo. E se fizeram alguma coisa com ela?

Há duas pessoas encapuzadas: uma dirigindo o carro e a outra no banco do passageiro. Assim que o motorista nota que acordei, vira o corpo na minha direção sobre o banco.

— O que vocês fizeram com ela?! Quem são vocês?! — grito raivoso.

A minha vontade é de avançar para cima e matar esses canalhas, mas minha mão está amarrada, impossibilitando de fazer qualquer coisa, assim como os meus pés.

Posso imaginar que esses homens sejam os mesmos que machucaram Giulia; só pode ser. Mas o que querem comigo, afinal? Seria o Leonardo? Ele teria tal coragem?

— A bela adormecida acordou? — zomba o que está no banco do motorista. Seu rosto, assim como o do outro, está todo coberto; alguém não quer mostrar a identidade.

— O que você fez com ela, porra?! — pergunto.

Ele ri.

— Calma aí, ela vai acordar. Ainda não chegou a hora de vocês morrerem. Você tem mesmo o temperamento hostil que todos dizem ter.

Posso sentir minha respiração se oscilar de raiva.

— Posso saber por que vocês estão fazendo isso?! O que querem de mim? É dinheiro? Posso dar, mas soltem ela pelo menos!

Escuto o outro rir, é gélido. De algum jeito, aquele riso parece mais ruim, mais cruel.

— Tudo se baseia no maldito dinheiro, mas é mais do que isso, muito mais — o motorista diz, nos olhando pelo retrovisor.

Se não é dinheiro, que droga querem? Sinto que Amélia está acordando ao meu lado. Encaro ela, que abre os olhos assim como eu, perdida até seus olhos focarem em mim.

— Renzo?

— Você está bem? — pergunto, preocupado. Ela faz uma cara de dor quando encara as cordas amarradas nas mãos e nos pés.

— O que está acontecendo? — indaga, agora observando cada detalhe do carro que parece ser o meu, e para nas duas figuras à frente, vejo seu coração disparar.

— Que bom que os dois pombinhos acordaram. Não era para acontecer isso com você, Amélia, pobre Amélia. Mas você entrou na família, e você não pode roubar o que nos pertence se fica viva.

O que lhe pertence? Eu não estou entendendo nada disso, mas o jeito que esse homem fala, sei que não está para brincadeira, e parece que seu alvo principal sou eu. A única coisa que posso afirmar agora é que os dois indivíduos são homens.

— Vocês foram mandados pelo Leonardo, é isso? O que ele quer?

— Renzo, Renzo... você acha mesmo que aquele garoto patético pode fazer algo assim, matar alguém? — o do passageiro se pronuncia pela primeira vez, mas essa voz... não é estranha. Eu conheço ela, mas não consigo me recordar nesse exato momento, com a minha cabeça cheia de coisas procurando respostas.

— Por que vocês querem nos matar, se não é o Leonardo, quem poderia ser?!

Ele ri, riso esse que já escutei, e como um toque de mágica, lembro de quem e voz de quem é essa pessoa, alguém que almoçava comigo, que está no meio da minha família, que é o meu braço direito na empresa, alguém que não suporto, mas fico em choque com o que acabo descobrindo, porque nunca na minha vida, imaginei isso. Nunca imaginei que alguém me trairia dessa maneira.

— Tio Alex? — minha voz sai incrédula. O homem se vira para mim, seus olhos encontrando os meus, e eu sei que é ele, meu próprio tio está tentando fazer seja lá o que for comigo, mas por quê?

— Touche! Você descobriu! — ironiza. Ainda estou sem acreditar que ele está aqui. Mesmo assim, tento entender.

— Por que diabos você está fazendo isso?

Ele tira o gorro da cabeça, revelando seu rosto. Amélia ao meu lado parece tão em choque quanto eu.

— Por quê? Eu era para estar no topo da Arquitetura Santoro, aquele lugar que você ocupa me pertence, não era para você estar lá. Se você morrer, eu vou ser o que vai comandar a empresa. Farei com que seja a melhor do mundo no ramo da arquitetura. Eu quero poder, é o que todos querem.

Engulo em seco. Esse homem só pode estar louco. Seu plano é matar o próprio sobrinho para conseguir comandar a empresa? Que tipo de ser humano é tão desprezível assim? Nunca nos demos bem, mas ele querer me matar, isso já é demais.

— Foi você que fez tudo para mim arruinar?

— Eu fiz tudo, Renzo. Contratei aquela mulher que trabalha na sua casa, a Lurdes. Ela me mantinha atualizada de cada passo seu. Também roubou aquele projeto para mim e eu passei para o Leonardo, só para te arruinar. Cada podre seu foi o que soltei. Até quando apareceu Giulia dizendo que estava grávida, eu estava no meio. Eu sempre estive. Aquele bebê que você segurou hoje, parecendo um paizão, foi patético. Mas se te deixa feliz, ele tem o seu sangue, embora não seja o seu filho...

Seu sorriso diabólico cresce mais no rosto.

Meu sangue ferve, não posso acreditar que a Giulia estava envolvida em algo tão sujo. Embora desde sempre acreditei que podia estar me enganando em relação a eu ser o pai do bebê, mesmo assim não consigo deixar de sentir um aperto na alma por ela ter me feito de idiota. Logo quando eu queria que o bebê fosse meu filho, quando me apeguei a ele em tão pouco tempo. Agora, meu tio diz que o bebê tem o meu sangue e não é o meu filho. Como ele pode saber disso? Algo passa pela minha cabeça, algo terrível.

— Você é o pai?

— Bingo! Sou o pai desse bastardo. Para falar a verdade, a Giulia me enganou direitinho, dizendo que era seu filho. Mas acabei descobrindo, e por isso, tentei matar aquele bebê. Se minha mulher descobrisse que eu tinha um filho por aí, ou se você fizesse o teste de DNA e provasse que havia traço nosso ali, seria meu fim. Infelizmente, não deu certo. Aquele maldito bebê está vivo. Então, eu armei direitinho para que você fosse incriminado, para que fosse preso e a notícia se espalhasse, e você fosse difamado por tentar matar seu próprio filho. Eu sabia que não haveria prova suficiente para ficar preso, mas sua imagem seria arruinada, e as pessoas não ligam para a verdade.

— Você é um demônio! Machucou seu próprio filho e quer matar o seu próprio sangue!

— Mas eu não vou falhar dessa vez, Renzo. Você vai morrer hoje, custe o que custar, e eu comandarei a empresa. Lembra da frase que seu pai sempre diz: "Erros têm que ser eliminados para chegar à perfeição", e é isso que vou fazer hoje. Vai parecer que vocês tiveram um acidente e o carro explodiu, e não sobrou nem o pó.

Seu olhar é diabólico. Nunca tinha o visto assim, como um verdadeiro psicopata. Esse louco vai nos matar, eu vejo isso, e não faço ideia de como posso convencê-lo a nos deixar vivos, ou pelo menos Amélia, que não tem nada a ver com isso, e é a mais inocente. Vai morrer por ter casado comigo, e isso eu não posso suportar. Prefiro morrer mil vezes do que vê-la morrer, especialmente por ser minha culpa. Eu a amo tanto. Sinto meu coração dilacerar no meu peito, e o ar falta...o terror invadido o meu corpo.

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