Capítulo 6

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                   Amélia Ferrari

Incrível como Renzo Santoro é um babaca. Mal casamos e ele me largou aqui no apartamento sozinha. Seja lá com quem ele falou mais cedo ao celular, o deixou irritado e o homem saiu daqui pisando fogo. Quero tirar o vestido, mas nem isso posso, porque ele nem disse onde é o quarto onde vou ficar. Isso é tão humilhante. Me sinto uma intrusa nesse apartamento. Sento no sofá para esperar a tal da Lurdes, que trabalha aqui, para que ela possa me mostrar o meu quarto. Depois de alguns minutos, uma mulher que deve ter uns 30 e poucos anos entra pela porta. Ela é bonita até demais.

Me levanto para cumprimentá-la.
A mulher sorri para mim, suas mãos estão segurando sacolas. Seria ela a Lurdes? Não sei porque imaginei alguém mais velha.

— Olá, você é a esposa do Renzo, não é? Que tonta que sou, óbvio que é, olha só o vestido!

Abro um sorriso, ela parece ser gentil, ao menos dá para amenizar o temperamento do Renzo.

— Sim, eu sou a Amélia.

— E onde está o Renzo? — pergunta ela.

— Não faço ideia, ele me disse que você me ajudaria a me acomodar no meu quarto.

Ela coloca as sacolas no balcão.

— Ah, sim, agora mesmo — ela vai até as minhas malas e eu ajudo pegando uma.

Não trouxe muitas coisas além de roupas e documentos importantes. Antes de irmos para o meu quarto, ela apresenta a casa, como se é de imaginar, para alguém tão rico como ele, tudo é de luxo.

Passamos pela varanda, que tem uma vista perfeita para a cidade. Há uma piscina e equipamentos de academia, ele deve malhar aqui. Ela apresenta a sala de estar e jantar, a cozinha americana, e vamos para o corredor onde ficam os quartos.

— Este é o quarto do Renzo — ela aponta para o quarto.

— E aquele é o escritório dele, mas ele não gosta que mexam nas coisas dele, então é melhor ficar longe do escritório.

— O escritório fica no fundo do corredor.

— E este é o seu quarto - meu quarto fica de frente para o de Renzo. Entramos na suíte. O quarto está bem arrumado e bem decorado. Deixamos as malas no chão.

— Espero que goste.

— Obrigada.

— De nada, sinta-se à vontade. Se precisar de ajuda, pode me chamar. Vou estar na cozinha preparando algo para você comer.

Assinto.

— Tudo bem, preciso muito tirar este vestido.

Lurdes sorri e sai do quarto, me deixando sozinha. Tiro o vestido com muito esforço e visto algo mais confortável. Lavo o rosto, retiro a maquiagem e deito na cama, cansada do dia de hoje. Aproveito para descansar e, quando acordar, arrumar minhas roupas no meu novo "lar".

****************


Mais tarde, acordo com Lurdes batendo na porta e chamando meu nome. Meio grogue, vou até a porta e abro.

— O jantar já está pronto e o Renzo está te aguardando na mesa.

— Certo — fecho a porta depois que ela sai. Tenho que jantar com ele também? Só a ideia já me deixa ansiosa. Ficar perto desse homem, cujo temperamento é instável, não é algo que eu goste, apesar daquele beijo... Se eu soubesse que ele seria meu futuro marido, não teria me atrevido nem a olhá-lo.

Saio do quarto e encontro com ele na sala de jantar. O prato de comida está na mesa, mas está intocável porque seus dedos estão teclando o laptop em cima da mesa. Parece muito entretido, seja lá no que for, ele só me dá um breve olhar quando me acomodo na cadeira e volta para a tela do laptop.

— Boa noite — cumprimento.

— Boa noite — diz seco.

Lurdes põe minha comida na minha frente. Eu agradeço com um sorriso no rosto.

— Pode ir embora — Renzo dispensa Lurdes.

— Sim, senhor. Até amanhã — Lurdes acena um tchau para mim, indo embora, e eu retribuo.

Agora só estamos Renzo e eu nesse apartamento. Comemos em silêncio absoluto. A única coisa que dá para escutar é o clique do laptop.
Renzo sai da mesa primeiro, deixando o prato na pia e entrando em seu escritório. Mal educado.

Termino e lavo a louça, já que não tenho nada melhor para fazer. É só o primeiro dia aqui, mas tudo já está entediante.

Alguém bate na porta. Não sei se devo ou não abrir, e Renzo demora a aparecer, então decido abrir a porta.
Uma mulher entra pela porta, seus olhos verdes brilham, me encarando com um sorriso enorme no rosto. Ela entra no apartamento com os saltos altos barulhentos, como se fosse dona da casa. Seria uma das mulheres com quem Renzo fica? Tenho certeza de que ele ainda fica com ela, afinal, esse casamento não vale nada para nenhum dos dois.

— Você é a tal da Amélia? — ela pergunta. Fecho a porta e olho para a mulher.

— Sim...

Estou um pouco irritada com a ousadia da mulher. E onde está Renzo que não aparece logo? Falando no diabo, ele aparece e não parece nada contente, franzindo o rosto para a mulher.

— O que está fazendo aqui? Eu já disse que não quero você na minha vida! — ele diz furioso. A mulher não se deixa abalar.

— Filho, eu só quis vir te parabenizar.

Filho? Então ela é mãe dele. Agora, olhando bem, os dois se parecem.

Algo me diz que eu não devia ter aberto a porta, pelo olhar fulminante que Renzo me lança.

— Sai do meu apartamento, senhora — Renzo puxa a mulher pelos braços, empurrando-a para fora do apartamento, e fecha a porta na cara dela.

Fico chocada com sua atitude. Por que ele trata a mãe tão mal assim? É a mãe dele!

— Por que você abriu a porcaria da porta?! — ele pergunta furioso. Me encolho, me sentindo uma criança.

— Eu só achei que deveria...

Ele contrai a mandíbula, cerrando os punhos.

— Você não tem que achar que deve nada aqui, Amélia. Você está na minha casa, então quando alguém bater na maldita porta de novo, não abra!

Era melhor ter apunhalado meu coração do que dizer isso. "Minha casa". Está mais óbvio do que nunca que sou apenas uma intrusa.

— Não precisa ser um babaca idiota! E não fale assim comigo! — rebato.

Ele ri sem humor.

— Aqui todo mundo faz o que eu mando, não é você que dá as ordens — sua voz é fria como ele.

Esse homem é um idiota.

— Você não manda em mim.

— Tenho coisas mais importantes para fazer do que ficar discutindo com você — ele grunhe, tirando o telefone do bolso e se afastando.

— Uma mulher subiu para o meu apartamento, quem deu autorização para deixarem fazer isso? — Ele diz ao telefone, falando com alguém.

— Se essa merda acontecer de novo, pode ter certeza de que farei tudo ao meu alcance para te demitir, está escutando?!

Esse homem não tem um pouco de piedade. Ele fala com as pessoas como se fosse um rei e nós seus súditos.
Entro no meu quarto, me trancando lá. Não quero ser alvo da sua grosseria de novo.

Eu só queria nunca ter me envolvido, muito menos com esse homem tão frio.

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