capítulo 34

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                  Renzo Santoro

Por que diabos eu fiquei calado quando ela me encurralou para dizer o que sinto por ela? Por que eu a deixei ir? Estou me perguntando isso até agora. Sou incapaz de dizer o que sinto porque nem eu sei o que se passa dentro de mim, mas tenho que resumir isso em palavras? Será que estar com ela e ser a única com quem estou não é suficiente para perceber que a quero? Pelo jeito parece que não. Amélia não confia em mim e com essa história da Lara mandar ela trazer uma gravata, insinuando que passei uma noite com ela, piorou tudo e ainda, como se não bastasse, a maldita da Giulia tirou uma foto sem eu perceber na hora em que me beijou à força, mas Amélia não acredita que não a beijei porque quis. Ela não acredita em nada do que digo, só queria que uma vez ao menos ela não acreditasse nos outros.
Tudo isso está me tirando do sério, tudo está de cabeça para baixo neste exato momento.

Estou sentado na minha poltrona com o braço apoiado na mesa e a mão na testa, tentando me manter calmo para não surtar de uma vez, mas no entanto está difícil.

Empurro todas as coisas que estão na mesa, jogando tudo no chão com raiva. Preciso beber, preciso de whisky agora mesmo.

Minha secretária entra pela porta, assustada, e olha as coisas que joguei no chão.

— E-está tudo bem, senhor?

Passo a mão pelo rosto e sinto minha respiração oscilar contra o meu peito.

— Não está nada bem. Eu quero que você ligue para a desgraçada da Giulia e mande ela vir para a empresa hoje mesmo!

Aquela mulherzinha vai ter que explicar para Amélia que não a beijei, nem que eu tenha que obrigá-la a fazer isso. Não posso ir até ela porque vai saber que mais merda essa mulher vai aprontar comigo.
A secretária engole em seco.

— S-sim, senhor — ela fica parando, me observando, o que me irrita.

— Agora! — ela assente e finalmente sai.

Logo ouço uma batida na porta, mando entrar, é Lara, a própria cínica. Não sei como tem coragem para tanta ousadia.

Ela observa a sala, as coisas jogadas no chão, e me encara com as sobrancelhas erguidas.

— O que aconteceu aqui? — pergunta cinicamente.

— O que isso te importa? Eu quero saber por que diabos você deu aquele gravata em Amélia e insinuou que temos um caso?!

Ela sorri e dá de ombros.

— Eu vi que você esqueceu da última vez lá em casa e então achei que deveria devolver, e achei que não teria problema dar a ela.

— Como você é cínica, Lara. Fez isso para estragar as coisas entre nós dois!

— Eu não fiz nada, Renzo. Não tenho nada a ver com os problemas amorosos com essa coisinha.

— Eu acho bom você dizer a ela que a gente não tem nada, você está me ouvindo?

Ela cruza os braços, fitando-me com zombaria.

— Por que eu faria isso? Eu não estou nem aí para isso.

— Pare de me irritar, Lara, e faça isso logo.

— Em mim você não manda, Renzo. Que se dane o que aquela coisinha pensa.

— O nome dela é Amélia e não coisinha.

— Ui, a defende tanto, até parece que está apaixonado por ela — sua voz é raivosa, puxo uma lufada de ar.

Apaixonado? Será que posso estar apaixonado por ela? Fico em silêncio.

— Renzo, isso não é justo! Eu sempre gostei de você e aguentei ficar com você mesmo sabendo que ficava com qualquer uma em boates. Eu aguentei tudo isso! E de repente chega essa garota e você começa a me rejeitar, e como se não bastasse, está apaixonado por ela! Era para ser eu e você casados, eu sou mil vezes melhor que ela!

Me pergunto que pecados são esses que cometi para isso acontecer comigo, porque não é possível uma coisa dessas. Não sei o que fazer com essas duas mulheres que de repente começam a ficar obcecadas por mim. Sempre deixei claro tanto para Lara quanto para Giulia que nunca ia querer nada com elas, no entanto estou aqui nesse dilema.

— Eu não sei o que você quer que eu diga, porque a única coisa que posso dizer é que eu não gosto de você e não sei de quantos jeitos tenho que deixar claro para que me deixe em paz de uma vez.

— Quer saber, eu espero que você e aquela vaca nunca se acertem. Será melhor mesmo ela sair da sua vida, sabe por quê, Renzo? Você só usa as pessoas e quando elas não servem, você as descarta!

Respiro pesadamente.

— Saia da minha sala! — vocifero.

— Vou sim, Renzo. Felicidades no seu relacionamento — ironiza.

Aperto os olhos e suspiro enquanto ela desaparece da minha vista.

Minha secretária entra de novo na sala.

— Senhor, a senhora Giulia não está atendendo — avisa ela.

Lógico que ela não atenderia.

— Continue ligando — ela faz que sim e entra mais para dentro da sala, pegando as coisas que joguei no chão e arrumando no lugar.

— Ren, você já está pronto. Temos que ir para a entrevista... — Natalie diz, entrando no meu escritório, mas para observando o local chocada. Então me encara, junto dela está o meu assistente. — Posso saber por que tanta irritação? — pergunta, já sabendo das minhas crises de raiva.

— Nada — sibilo.

— Até parece, mas enfim, não temos tempo para isso. A entrevista começa daqui meia hora e temos que estar no local, então vamos logo.

— Não estou com cabeça para isso, desmarque e marque para outro dia.

Ela franze a sobrancelha.

— Não dá para fazer isso, toda a imprensa está lá, e isso já foi marcado há dias, então vamos logo!

A encaro irritado. Será que todo mundo vai tirar minha paciência hoje?

— Já disse que não vou, dê um jeito.

Ela se aproxima furiosa e bate na mesa.

— Olha aqui, Renzo, a gente vai hoje mesmo, querendo você ou não. Então se recomponha agora mesmo! O Vinicius e eu vamos te esperar lá embaixo, então ande logo!

Só não respondo à altura porque é minha irmã. Se não, nunca deixaria ninguém falar assim comigo na vida, a não ser Amélia. Enfim...

Ela sai com Vinicius, batendo a porta com força.

Irritante.

À noite, chego em casa depois da entrevista com a imprensa e não vejo Amélia na sala ou na cozinha. Hoje, ela praticamente fugiu de mim e não atendeu nenhuma ligação minha ou viu minhas mensagens. A gente precisa conversar, mas ela me ignora. Caminho até a porta do quarto dela. As luzes estão desligadas e coloco a mão na maçaneta, mas está trancada. Ela trancou o quarto justamente para eu não entrar. Respeito sua decisão e vou para o meu quarto com mil coisas na cabeça.

Uma Aliança De ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora