Capítulo 41

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Amélia Ferrari

Renzo está como um louco, segurando minha mão e me arrastando até a sala de segurança do salão onde está acontecendo a noite de gala. Depois de me perguntar mais de cinco vezes se eu estava bem e revirar meu corpo inteiro para ver se não tinha nenhum arranhão, tive que praticamente gritar para ele voltar a si. Ele está muito preocupado com o que acabou de acontecer, e não é para menos. Alguém tentou nos matar hoje. Aquele carro veio com tudo em nossa direção e, se Renzo não tivesse agido rapidamente, uma hora dessas estaríamos mortos ou gravemente feridos. Ainda estou meio que tentando assimilar tudo isso.

Ele abre a porta que suponho ser onde os vigilantes ficam olhando as câmeras. Há somente um, e ele se assusta quando nos vê entrando. Estava comendo um Doritos e duvido que estava prestando atenção nas câmeras.

— Preciso que você ache a filmagem de alguns minutos atrás no estacionamento! — Renzo exclama. O vigilante arregala os olhos.

— S-sim, senhor. — Nos aproximamos, e o vigilante começa a mexer nos computadores que dão acesso às câmeras. Observamos tudo atentamente, mas as câmeras parecem não ter pego o carro, o que é uma droga.

— Procure um carro branco — ordena.

O vigilante procura até achar alguns carros brancos, mas não me lembro de que marca era o carro.

— Tem esses carros brancos.

Renzo esfrega as têmporas irritado.

— Não é nenhum desses.

— Tem a placa do carro? Eu posso procurar no sistema se o carro entrou aqui.

— Não sei. Tudo o que sei é que esse carro tentou me atropelar e a minha esposa, e eu quero que você me mande o registro de todos os carros que entraram aqui hoje mesmo pelo e-mail.

O vigilante engole em seco, assentindo.

— Mandarei, senhor.

................

Voltamos para casa e Renzo conversa com o porteiro para não deixar ninguém estranho subir para o seu apartamento.

— Por que você acha que alguém faria isso? — pergunto a ele.

Ele suspira cansado.

— Sinceramente, eu não sei. Uma coisa é ser plagiado, outra é tentarem me matar ou me assustar. É como se fosse um aviso... — ele fica pensativo, sentando no sofá.

— Você tem alguém em mente que poderia fazer algo assim?

— A única pessoa que eu sei que me odeia mais que tudo é Leonardo, mas não sei se ele teria coragem de fazer umas coisas dessas.

Também acho que Leonardo não seja tão cruel assim, e se for, ele mudou muito, porque a pessoa que eu conhecia antes não parecia ser tão cruel.

— E o que vamos fazer agora?

— Irei localizar o carro, se eu tiver sorte de encontrá-lo. Enquanto isso, quero que tome cuidado quando for sair — diz preocupado.

— Ok, melhor eu ir dormir então... — digo. Ele assente, pensativo. Sua mente provavelmente nem está aqui e sim trabalhando para encontrar a pessoa que quase nos atropelou hoje. É difícil deixá-lo aqui afundando em problemas, porque eu sei que ele sempre recorre ao álcool para apagar suas mágoas. Ele tem um problema sério com álcool e precisa ser tratado antes que as coisas piorem.

Entro no meu quarto e tiro o vestido, colocando minha camisola depois de um banho. Deito na cama, tentando dormir, mas não consigo. Minha mente sempre volta para essa noite. Apesar do que aconteceu, foi uma noite legal. A dança, o leilão e ter que comprar Renzo se tornou competitivo quando a Lara de repente apareceu fazendo lances também. Ela não desiste tão fácil pelo jeito, mas foi bom ganhar dela. Também penso em Lurdes e como ficou estranha quando a flagrei saindo do escritório de Renzo segurando um papel. Não sei se ela pode ou não ter tido algo a ver com o plágio do projeto de Renzo, mas foi estranho. Mas tomara que ela não tenha nada a ver e que seja apenas coisa da minha cabeça, porque eu gosto de Lurdes e ser traído por alguém que me recebeu tão bem parece uma facada no peito.

Reviro-me na cama não sei quantas vezes, até que decido ir para a sala tomar algum remédio para dormir. Renzo ainda está acordado, mexendo no seu laptop. Ele ergue o olhar para me encarar e somente isso é capaz de fazer meu coração acelerar.

— Sem sono? — pergunta, afastando um pouco o laptop para prestar atenção em mim.

Me aproximo dele com as palmas das mãos suadas.

— Sim, e você também, pelo jeito. Devia ir dormir e resolver esse problema amanhã. Já são quase — olho o relógio no pulso dele — 4 horas da madrugada.

— Não dá, tenho que resolver logo isso. — Ele parece tão cansado, mas Renzo é esse tipo de pessoa que sempre vai além do seu limite.

— Já te mandaram todos os e-mails? — pergunto a ele. Ele puxa o laptop para que eu possa ver uma monte de fotos de carros brancos, mas parece que nenhum é o que estamos procurando.

— Parece que esse carro só estava de passagem, nos esperando. Isso significa que o motorista provavelmente não estava na festa, o que dificulta tudo. E não posso levar isso à polícia quando não há nenhuma prova. Ele sabia bem que ali não haveria uma câmera, então foi intencional.

Isso é um tanto assustador e nem quero pensar muito nisso.

— Eu nem sei o que você pensa disso — me afasto, andando até a geladeira e pego a jarra d'água. Encho um copo e guardo de novo. Engulo a água de uma vez.

— Mas não se preocupe, não vou deixar nada acontecer com você, eu prometo — diz firmemente, seus olhos cravados em mim com determinação, e eu sei que ele fará de tudo para nos proteger.

— Eu sei que vai, mas para isso é melhor você tentar dormir e não ficar aqui martelando essas coisas na cabeça.

Ele assente relutante.

— Você ganhou, vou tentar dormir — ele fecha o laptop, se levanta e caminhamos juntos até os nossos respectivos quartos. Quando chegamos à porta, paramos e, sem jeito, damos boa noite. O que eu quero fazer nesse exato momento é dormir com ele, sem intenções nenhuma, somente sentir o calor do seu corpo, seus braços em mim, aquela sensação de proteção. Só assim acho que irei conseguir dormir. Tudo em mim pede para não pará-lo, exceto o meu coração, que grita dizendo para pará-lo antes de fechar a porta do quarto. Escuto o idiota do meu coração.

— Renzo, posso dormir com você hoje? — ele se vira, com uma expressão de surpresa.

— Sim, claro que pode...

— Eu só me sinto melhor dormindo com você, mas não significa nada, Renzo. Só para eu conseguir dormir, tá? — Ele assente e escancara a porta, deixando-me entrar, sem pensar que a última vez que estive em seu quarto foi há mais de semanas.

Ele fecha a porta e começa a tirar suas roupas, ficando somente de cueca box. Meus olhos traiçoeiros percorrem seu corpo, parando em um ponto específico. Sinto meu rosto queimar e desvio o olhar antes que acabe fazendo besteira. Não é como se nunca tivesse visto ele sem roupa. Engolindo em seco, deito na cama e logo Renzo se junta a mim. Ele mantém distância, nos cobre com o cobertor e desliga o abajur.

— Durma bem, Amélia — ele sussurra. Minha respiração está oscilante contra o meu peito. Será que uma única vez não posso ficar perto dele sem me sentir assim?

— Boa noite, Renzo — digo em voz baixa. Deito-me de lado para ficar de frente para ele, mesmo sabendo que não podemos nos ver na escuridão, mas percebo que ele faz a mesma coisa.

Sem aguentar mais essa distância, aproximo meu corpo do dele e passo os braços ao redor de seu corpo, encostando minha cabeça contra seu peito. Posso notar a respiração dele se descontrolar, assim como a minha. Percebo que ele engole em seco e seus braços fortes me envolvem, acabando com toda a distância. Não dizemos nada. Eu fecho os meus olhos e, em um momento, adormeço.

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