Epílogo

161 7 6
                                    


Lorenna

6 anos depois

Hoje é um dia mais do que especial em nossa família. Laisa, minha irmã enfim será posta em liberdade definitiva. Foram anos de batalha, de tristeza, porém agora Laisa poderá recomeçar sua vida. Ela terá que usar a tornozeleira eletrônica por mais seis meses, até que seja liberada totalmente dos crimes cometidos. Em seis anos, tantas coisas aconteceram em minha vida. Umas boas e outras ruins. Sobre o meu casamento com André, o que tenho a dizer é que a cada dia que passa, nosso amor aumenta ainda mais. Aos cinquenta e um anos, André se tornou o presidente da construtora, agora que Antônio se aposentou de vez dos negócios, deixando todo o império nas mãos do filho e do sobrinho. Isabella, segue estudando nos Estados Unidos, minha enteada nos visita todos os anos, nos aproximamos com o passar do tempo e mesmo não sendo melhores amigas, respeitamos uma à outra e ela sabe que pode contar comigo para o que for. Vitória, minha filha caçula, cresce cada dia mais esperta e tem Igor como melhor amigo. Os dois estudam juntos e sempre que Ian fica com o filho, peço que ele traga o menino para passar o dia em nossa casa. Minha mãe, se casou novamente: Sim! Dona Carmem, se permitiu viver um novo amor e quando descobrimos o seu namoro com Lúcio, confesso que não me surpreendeu tanto assim, pois sempre tive uma certa desconfiança na amizade daqueles dois. Lissandra pediu demissão logo após o casamento do pai, casou-se e com o dinheiro da indenização, se mudou para o interior, abrindo um restaurante. Minha amiga não tinha filhos, disse que preferia se estabelecer primeiro, antes de pensar em começar sua família. Bem, eu agora estou com trinta anos, sou diretora-geral de uma rede de escolas de reforço, que atende todos os tipos de classe social. Desde a mais humilde até a mais rica. No ano anterior, construímos um centro de ensino na comunidade em que nasci, como André tem contato com alguns políticos, consegui ajuda de doações e criamos uma escola infantil, com creche para as crianças que as mães não têm condições de pagar uma babá. Essa é a parte boa da minha vida, que aconteceu durante esses anos. A parte ruim: Bem, não foi diretamente conosco, porém ainda assim afetou bastante a minha vida e a do André.

Juliana, perdeu o seu grande amor, dois anos depois do meu casamento. Um acidente fatal, na avenida Paulista, tirou a vida do Carlos, abalando a todos com sua partida repentina. Os dois, foram morar juntos, três meses após o meu casamento, viveram felizes por alguns anos, até que o destino tirou o homem que minha melhor amiga amava. Juliana se tornou uma mulher, continua com seus atendimentos e cursos e acabou abrindo um sex shop, que se tornou bastante famoso nas redes sociais. Mesmo bancando a durona, minha melhor amiga ainda sofre com a perda dele, entretanto seguiu sua vida da forma que achou melhor.

Encontro-me na porta da penitenciária, aguardando a saída da Laisa. A doutora Suzana acompanhou o caso da minha irmã, durante todos esses anos, sempre nos auxiliando e dando uma direção para a gente. Antes que vocês se perguntem, o motivo de ainda não ter tido mais um filho com André, digo que talvez o momento certo não tenha chegado. Assim que voltamos da nossa lua de mel, descobri que estava grávida de quatro semanas, foi uma festa para todos, porém acabei perdendo o bebê um mês após descobrir. Por muito pouco, não entrei em uma depressão profunda, devido à perda, mas André foi quem esteve ao meu lado em todos os momentos e foi para me tirar da tristeza, que o meu marido, incentivou-me a abrir uma rede de ensino escolar. Entrei de cabeça nisso, fazendo com que a dor da perda precoce, fosse amenizada, mesmo que nunca esquecida. Por medo de engravidar e passar pelo mesmo sofrimento, eu voltei a tomar medicação e André respeitou a minha decisão, dizendo que Vitória e Isabella de filhas eram o suficiente em sua vida. Mesmo sabendo que o sonho dele é ter um filho nosso.

No carro, sigo aguardando, até que vejo o portão abrir. Saio do carro, deparando-me com Laisa saindo. Estava mais velha, tão diferente da menina de seis anos atrás. André, como havia prometido, auxiliaria a cunhada a se encontrar novamente na sociedade, dando oportunidade na construtora na parte administrativa e incentivando Laisa a voltar aos estudos. Minha irmã não quis que a nossa mãe viesse conosco, então acabei vindo até aqui sozinha.

Ao me encontrar na sua frente, Laisa se jogou em meus braços entre risos e lágrimas.

— Eu consegui Lorenna! Até que enfim, estou livre deste inferno.

É a primeira coisa que Laisa diz, ao me abraçar. Um abraço que demorou tanto tempo para acontecer entre a gente.

— Vamos para casa. Nossa mãe e uma certa pessoa especial te esperam em casa.

Ao citar Vitória, vejo Laisa se retrair. Entendo a vergonha que ela ainda sente, por tudo que passou, entretanto, nunca escondi da minha filha a sua outra mãe. Vitória, cresceu sabendo que existem duas mães em seu registro, faz acompanhamento para não existir dúvidas em sua cabecinha e André sempre esteve ao lado da menina, demonstrando o amor que sente por ela. Até mesmo Isabella, trata a irmã de coração como se fosse de sangue.

— Tenho vergonha e não sei se vou conseguir ficar cara a cara com a menina.

— Você vai, porque ela também é a sua filha e te garanto que está tão nervosa quanto você para te conhecer.

Nós duas seguimos para o carro, dei partida em direção ao condomínio em que moramos. Laisa ficaria em nossa casa na comunidade, visto que recusou morar em uma das casas em que vivia antes com André.

***

Assim que estacionei o carro, mamãe apareceu na entrada com Vitória ao lado. A julgar o horário, André já deveria estar em casa. Por conta de tudo que aconteceu, acabei decidindo fazer um jantar somente para a gente. Até Lúcio disse que não se sentia confortável em estar presente, que era um momento entre a esposa e suas filhas. Descemos do carro, vi a felicidade da mamãe ao abraçar Laisa e Vitória, conhecia a mãe através das fotos, mesmo Laisa não querendo, sempre mostrei a outra mãe da menina, então ela já sabia quem era.

— Filha! Meu amor, como você está abatida. Prepararei todas as suas comidas favoritas.

Escuto mamãe, falando com a voz chorosa.

— Mãe, mãe. Ela é a minha outra mãezinha?

Vitória, diz baixinho para mim e eu afirmo com a cabeça que sim.

Assisti à cena das três felizes, andarem para dentro da casa pela lateral que dá direto para a cozinha, notei André parado e observando tudo, com as mãos no bolso da calça e o seu sorriso que eu tanto amo, andando até onde estou.

— Chegou faz muito tempo?

Perguntei.

— Uns dez minutos atrás. Escutei do escritório os gritos da Vitória e quando saí, encontrei você e a sua irmã chegando.

Respondeu, me abraçando pela cintura.

— Vamos entrar?

Digo, beijando sua boca.

— Só um minuto e entramos. Deixa sua mãe, um pouco sozinha com a sua irmã e a neta. Tudo acabou agora, você pode ter sua felicidade completa e nada de tristeza. Laisa saiu da prisão, recomeça a vida e estaremos aqui para apoiar no que for preciso.

André me diz, eu encostei a cabeça em seu peito, sentindo o carinho que ele faz em minhas costas, confortando-me.

— Agora, sim, tudo acabou.

Respondi, levantando o olhar, encontrando o seu.

— Acabou e nada de pensar que Laisa vai voltar a ser como antes.

Diz, se afastando de mim, segurando a minha mão, entrando juntos em nossa casa. Como o meu marido mesmo disse, tudo realmente acabou e agora sim a vida poderia seguir o seu curso, com a minha família toda reunida, vivendo e compartilhando todas as conquistas, alegrias e tristezas em nossas vidas.

Apenas uma NoiteNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ