Capítulo 5

418 16 1
                                    


André

Meu retorno para São Paulo acabou acontecendo bem antes do previsto. Tudo por conta da nova babá que começaria a trabalhar na mansão a partir de hoje. Minha mãe afirmou que a mulher escolhida era pedagoga e que seria a escolha perfeita para ser mais amiga do que propriamente babá de uma adolescente de 15 anos. Minha relação com Isabella piorou depois que a mãe morreu num acidente de carro 3 anos atrás. Uma morte que revelou segredos que eu nunca quis acreditar. Laura, minha falecida esposa, nos deixou em uma noite que jamais seria esquecida por mim, nem que eu vivesse mil anos. Peguei meu celular de cima da cama, descendo de volta para a sala. Ao julgar o horário, a funcionária deveria ter chegado. No corredor ouço vozes vindo da sala. Desço os degraus assim que cheguei até onde todos estão, vejo uma mulher de costas para mim com os cabelos soltos. Um sorriso familiar me deixou em alerta. Era loucura da minha parte. Com certeza uma coincidência. Por três anos, o rosto daquela garota nunca saiu da minha cabeça, muito menos os gemidos que saíam da boca dela, quando a comi na boate que parei de visitar desde a noite que Laura morreu.

— Boa noite!

Falei ao me aproximar, tentando manter a postura calma, ao ficar cara a cara com a mulher que me perturbava o juízo. Não era possível, que Lorenna estava ali de pé à minha frente. Sua aparência mais velha, porém, seu rosto de menina permanecia o mesmo.

— Filho, venha conhecer a Lorenna. A nova moradora da mansão e babá da sua filha.

Minha mãe me chama, me deixando sem reação ao dar de cara com ela. Lorenna tenta disfarçar o choque assim como eu. Para minha sorte, minha mãe estava tão concentrada em falar da nova funcionária que não percebeu a tensão existente entre nós dois.

— Prazer, senhor André — a voz doce me chamando de "senhor'' fez com que meu corpo reagisse no mesmo instante. Era loucura me sentir assim, na frente da minha família. Lorenna estendeu a mão para me cumprimentar e retribui o gesto. Apertei sua mão com delicadeza e notei quão gelada está. Ela, assim como eu, se surpreendeu ao dar de cara comigo no meio da sala da minha família.

— Muito prazer, senhorita — respondi não querendo soltar minha mão da dela.

— André, não disse a você que a escolha foi certa. Agora vamos nos acomodar até que Lúcio nos avise do jantar.

Faço o que minha mãe pede. Me sento ao lado da minha filha que continua com os olhos grudados na tela do Iphone. Isabella vivia reclusa em casa, saindo apenas para a escola e algumas atividades extracurriculares.

— Senhorita, espero que goste de trabalhar conosco — é a primeira coisa que digo ao olhar para Lorenna, sentada entre meus pais no sofá ao lado. Ela mexia na barra da blusa tão nervosa quanto eu estava.

— Eu espero poder fazer um bom trabalho, senhor André — respondeu com um sorriso para mim.

Daria um jeito de ficar sozinho com ela, longe dos meus pais e da minha filha antes de dormir.

— Filho, agora que voltou de vez para o Brasil, podemos começar a nos dedicar ainda mais ao trabalho na construtora.

Meu pai fala. Após a morte da minha esposa, decidi morar fora do país com minha filha. Mamãe não concordou com a minha decisão, porém precisava esquecer tudo que vivi com Laura aqui nesta casa. As brigas, traições e toda loucura que vivemos durante os anos em que ficamos casados. A noite em que conheci Lorenna foi uma noite que nunca consegui tirar da cabeça, porém agora como minha funcionária...

— O jantar está servido — Lissandra aparece na sala de estar avisando que a comida estava pronta.

— Minha querida, larga esse telefone ao menos na hora da comida. Sabe que essa hora é sagrada — minha mãe chama atenção da neta, que bufa irritada largando o celular em cima do sofá.

Apenas uma NoiteNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ