Capítulo 20

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André

Há anos que não me sentia tão desesperado, como me senti essa madrugada. Voltar para casa sem Lorenna comigo, deixou-me completamente louco e com medo de que ela permanecesse presa. Minha filha me surpreendeu ao dizer, que não acreditava que Lorenna fosse culpada de algo e Lissandra também achava que existia algo que nem mesmo Lorenna sabia. Agora com minha garota em meus braços, sinto meu coração mais calmo.

— Não pense besteira ou ache que vou desconfiar de você. Te conheço tempo suficiente, para saber que nunca seria capaz de algo assim — digo, segurando seu rosto com as mãos. Lorenna tenta segurar o choro, porém desaba ao ouvir falando assim.

— André, não tenho ideia de quem fez isso. Juro que jamais faria uma loucura dessas, não é porque sou moradora de comunidade que sou uma criminosa.

Lorenna diz, entre soluços. Sussurro em seu ouvido que acredito em tudo que me diz, aviso que vamos para o apartamento primeiro. Queria conversar com ela longe da mansão. Minha decisão de assumir nosso relacionamento, foi adiantada e precisava conversar com ela sobre meu passado com Laura, o meu sumiço na noite em que a conheci e toda a bagagem que trago de um casamento complicado.

— Vamos agora! Primeiro vou te levar em um outro lugar, só depois voltamos para a mansão. No carro tem uma bolsa, roupa e produtos pessoais.

Digo, destrancando o carro, abrindo a porta do passageiro para que Lorenna entre. No caminho para a delegacia, providenciei o café da manhã e a recepcionista organizaria tudo, dessa forma quando chegasse tudo estaria pronto.

O percurso até o apartamento foi feito em silêncio. Lorenna com a cabeça encostada no vidro da janela, limpava as lágrimas que rolavam dos seus olhos. Estendi a minha mão até a sua, trazendo até meu rosto, acariciando a minha bochecha com seus dedos.

— Não fique triste, nem pense demais. Já disse a você que tudo vai se resolver.

Virei a palma da mão, depositando um beijo, fazendo com que Lorenna dê um sorriso triste.

— Obrigada por confiar e acreditar em mim — foi sua resposta, mesmo que Lorenna acreditasse o contrário, jamais passou pela minha mente, sequer imaginar que ela faria algo assim. Porém sei que ela omitia certas coisas da sua família. Não comentaria ainda sobre a ligação que fiz para sua melhor amiga e nem que Juliana deixou escapar, que isso poderia ter relação com a irmã caçula. Descobrir que Lorenna omitia os erros da irmã, provavelmente por medo de que minha mãe ou até mesmo eu duvidasse dela. Entretanto hoje eu iria esclarecer certos assuntos que não me faziam bem, contudo era melhor contar sobre o problema da minha falecida esposa com drogas, de como lutei para que Laura saísse dessa vida e não tive êxito quando ela foi morta após comprar drogas em uma favela.

***

Chegamos ao apartamento, e a primeira coisa que Lorenna fez foi entrar no banheiro para tomar um banho quente. Até pensei em me juntar a ela, porém daria um tempo para que ela pudesse respirar sozinha e acalmar os nervos. Ao passar pela recepção, encontrei o café da manhã, encomendado, paguei pelo serviço e subi com Lorenna, carregando as sacolas. Enquanto Lorenna estava no banho, arrumei a mesa, organizando para que ela pudesse se alimentar bem. Mesmo algumas horas presa em uma cela, era uma experiência que não desejava a ninguém. Com a mesa pronta, sinto o cheiro da loção corporal, avisando que Lorenna estava chegando. Ela usava um roupão de banho, cabelos molhados e um sorriso triste. Levantei-me da cadeira, para beijar seus lábios como forma de mostrar que ela precisava ficar bem.

— Amor, nada de tristeza. Logo tudo será esquecido e não te quero, pensando mais sobre isso e muito menos na possibilidade de acreditar que faria algo assim.

Apenas uma NoiteWhere stories live. Discover now