"O que os olhos não vê, o coração não sente"

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Os minutos passaram como uma eternidade, e Suguru finalmente desligou o celular, exibindo uma expressão de cansaço que refletia em seu semblante. Nesse momento, Ino despertou, seu olhar encontrando o de Suguru com uma mistura de exaustão e alívio. Sua voz estava ausente, rouca e gasta pelos gritos desesperados durante o incêndio na advocacia. Com um gesto delicado, Suguru se inclinou até ele, afagando suavemente seus cabelos enquanto o observava com ternura e remorso.

— Perdoe-me, Ino. Perdoe-me por não estar ao seu lado quando mais precisou. — Ele murmurou, a voz carregada de culpa.

— S... Sem... Problemas... Suguru. — Ino sussurrou, com dificuldade, enquanto uma solitária lágrima descia por sua face.

Suguru, tomado pelo arrependimento, encostou a testa na de Ino, partilhando o peso da culpa e da dor.

Enquanto isso, Satoru, decidido a preparar-se meticulosamente para o evento, recolheu suas toalhas mais finas e dirigiu-se ao banheiro. Trancou a porta, criando um santuário de privacidade, e ligou o chuveiro, ajustando a água a uma temperatura que oferecesse o máximo de conforto. Com um movimento gracioso, desfez-se de suas vestes e entrou sob a cascata de água quente, permitindo que a mesma lavasse suas tensões e preocupações.

Enquanto a água escorria por seu corpo atlético, sua mente divagava para Suguru. Imaginava as inúmeras perguntas e a eventual indignação de Suguru ao descobrir que o baile não era para a apresentação de trabalho algum. Antecipava com um misto de apreensão e prazer o inevitável confronto. Movendo-se com precisão quase ritualística, ele aplicou seu sabonete líquido de alta qualidade, acariciando cada contorno de seu corpo com um toque que era ao mesmo tempo cuidadoso e deliberado.

As veias em suas mãos, proeminentes e marcadas, deslizavam pelo abdômen perfeitamente esculpido, até alcançar o V de seus músculos, um pouco acima da virilha. Todo esse cuidado meticuloso tinha um nome em sua mente: "Suguru Getou". Após um banho prolongado, onde cada momento parecia uma meditação, Satoru desligou o chuveiro e envolveu-se numa toalha de algodão macio. Dirigiu-se ao espelho, onde passou alguns minutos contemplando sua própria imagem refletida. Seus olhos azuis analisaram cada detalhe com uma mistura de vaidade e expectativa.

De volta ao quarto, Satoru dispôs cuidadosamente o terno que Suguru havia comprado, colocando-o com esmero sobre a mesa de vidro branca. Com um sorriso de satisfação, ele se deixou envolver pela toalha, pendurando outra no ombro. Finalmente, vestiu um shorts confortável e deitou-se na cama. Ao bater palmas, as luzes se apagaram, mergulhando o quarto na escuridão enquanto ele adormecia.

No dia seguinte, Suguru despertou por volta das 4:45 da manhã. Ao observar o terno preto que usaria no baile, percebeu que Satoru não havia mencionado o horário do evento. Pegou o celular e, com uma toalha envolta na cintura, começou a redigir uma mensagem.

Satoru on.

Meu advogado surtado: olha só, você não me disse qual era o horário do tal baile

Você: Era minha intenção.

Meu advogado surtado: por?

Você: Vou buscá-lo, para dar umas tratadas em você antes do baile.

Meu advogado surtado: olha aqui, papaizão. eu não sou mais criança pra fazer tudo ao seu favor, então por favor, menos

Você: Entenda algo, meu advogado. É apenas para o baile, não se preocupe. Afinal, tenho algo preparado somente para você.

Primeiro Olhar, Talvez? (SATOSUGU)Where stories live. Discover now