"Meu advogado."

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- Você perdeu o juízo de vez agora?! Jamais me rebaixaria a ser o advogado de um simples desocupado como você. - Resignado, Suguru soltou um suspiro pesado e decidiu desistir de confrontar Satoru. Ele sabia que isso não traria qualquer mudança em sua vida. Os documentos já haviam sido subtraídos, e, portanto, não havia mais motivo para buscar satisfações.

Ele se virou de costas, caminhando em direção à saída, quando a voz de Satoru Gojou ecoou pelo local, detendo-o. "Vai dizer que não quer que a vida de seus pais melhore?". Essas palavras atingiram Suguru como uma lâmina afiada, mexendo profundamente com ele. Era uma pressão psicológica intensa. Lentamente, ele se virou para Satoru, com um olhar confuso e hostil.

- Não envolva meus pais nisso. - Ele disse, encarando Satoru com ódio visível em seus olhos.

Satoru, impassível, cruzou os braços e esboçou um sorriso satisfeito.

- Estou errado? Se trabalhar para mim, a vida dos seus pais automaticamente melhorará. - Ele disse, com uma confiança irritante. - Caso contrário, posso comprar sua agência e demiti-lo. Mas claro, só se você quiser; não vou forçá-lo a nada. - Acrescentou, arqueando a sobrancelha antes de se virar.

Suguru hesitou, a tensão evidente em seu rosto. Finalmente, com um suspiro pesado, ele cedeu.

- Está bem! Está bem. Eu.. Eu trabalho para você. Mas com uma condição: você não vai tirar satisfação comigo pra NADA. Não vai achando que é por eu ser seu advogado, que eu devo ficar obedecendo ordens bobas. - Disse Suguru, já prevendo o arrependimento.

Satoru soltou uma risada leve, dando de ombros.

- Combinado, meu advogado. Chame-me de Satoru, é melhor do que "moço". - E com isso, ele se virou e se dirigiu ao escritório.

Ijichi, que observava a cena com atenção, sentiu uma onda de indignação ao ouvir a petulância de Satoru ao dizer "Me chame de Satoru". Afinal, nem mesmo ele, um dos mais fiéis e antigos funcionários de Satoru, tinha tal permissão! Seu rosto refletia claramente a surpresa e o desagrado diante daquela intimidade inesperada: "Que familiaridade é essa...".

Mais tarde, Utahime passou meticulosamente todas as informações cruciais da empresa para Suguru. Os dois se entregaram a uma conversa profunda e envolvente, trocando ideias e perspectivas por um longo período de tempo.

Contudo, esse momento de conexão e troca foi abruptamente interrompido quando Suguru recebeu um e-mail de um remetente desconhecido. Ao abrir o anexo, uma imagem chocante se revelou diante de seus olhos: sua advocacia envolta em chamas, com fios de cabelo loiro visíveis no canto da fotografia.

O desespero o consumiu instantaneamente, e ele partiu em disparada sem dar qualquer explicação a Utahime. No caminho, avistou uma procissão de bombeiros dirigindo-se na mesma direção, intensificando ainda mais seu pânico e apreensão.

Ao chegar à advocacia, deparou-se com Shoko paralisada, sua expressão vazia e seus lábios imóveis. Com um gesto delicado, Suguru a tocou, tentando trazê-la de volta à realidade. O calor reconfortante de seu toque fez com que ela começasse a chorar descontroladamente, suas lágrimas misturando-se ao caos ao redor.

- Por favor, Shoko, diga-me o que aconteceu enquanto eu estava ausente. Qualquer coisa! - Suplicou Suguru, agitado, enquanto a sacudia com desespero.

- M-mortes... Sangue... Ino. - Ela sussurrou, sua voz trêmula ecoando pelo ambiente. A última palavra que escapou de seus lábios foi o nome de seu melhor amigo, Ino Takuma.

- Ino?! O que aconteceu com ele, Shoko?! - A voz de Suguru ecoava na mente dela, perdida em meio aos gritos, lágrimas e à agonia circundante.

Primeiro Olhar, Talvez? (SATOSUGU)Where stories live. Discover now