Dia 1: 015

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POV – 015: Eu estava ali paralisado, aterrorizado, traumatizado, virei devagar para trás pra ver quem tinha feito isso, com medo. Lá estava ela.

- Você não ouviu nada que eu disse ontem? – abaixando o arco tinha um olhar frio no rosto, atrás dela 025 também estava assustado, seus olhos o deduravam.

Acho que finalmente senti medo dela. Meu olhar aterrorizado parece ter incomodado ela. Ela vem andando na minha direção, me faz cair no chão em recuada. Ela passou por mim, desceu o barranco e muito brutalmente tirou o que eu achava ser o bebe da moça, mostrou que a verdade era um monte de panos enrolados e uma faca guardada no meio. Tirou os óculos de sol do rosto dela, vemos dois buracos nos lugares dos olhos, o que é outra cena traumatizante. Quando dirigi meus olhos para o lugar onde os panos taparam vi uma mancha de sangue e um enorme rasgo na pele dela.

- Não matei uma pobre mãe sega, salvei sua vida. – apontou para a faca que tinha caído quando ela balançou os panos. Ela suspirou fundo e subiu de novo, passou por 025, disse alguma coisa e continuou o caminho.

Ele veio até mim, me levantou de lá e deu uma espécie de apoio, de um jeito meio durão ainda. Ele segurou minha nuca e olhou nos meus olhos, eles diziam "seja forte". Depois me fez passar a sua frente e seguimos caminho.

POV – 025: Depois daquilo, ela veio até mim e disse "seja responsável, cuide dele". E eu estava tentando, precisava ser forte pelo 015 também, mas a verdade é que a cena chocante e o nó da minha garganta não iam embora... eu as vezes penso que sou forte mas só estou escondendo o que os outros estão mostrando. A cara do 015 era de quem queria chorar e se desesperar, ele também estava fazendo o que podia para segurar. Eu via ele por trás andando de cabeça baixa agora de maneira meio travada, ele também sentia o que eu sentia.

- Aqui... – ela para e fala baixo, e continua caminhando agora mais cautelosamente. – ele esta ali... – ela aponta para um lugar onde eu não podia ver nada além de muito mato.

Nós nos juntamos a ela abaixados. Ela nos apontou exatamente onde ele estava e nos explicou como usava o arco precisamente.

- Tá, entenderam? Então toma. – ela me deu o arco, eu sem saber o que dizer só peguei ele. – vai anda... pega nosso jantar. Pague sua divida.

Eu me posicionei muito bem, levantei a flecha, mirei... puxei a corda... e tive uma ideia, que pode parecer idiota, mas tecnicamente eu estava ouvindo ela. Virei a ponta da flecha rapidamente na direção dela. Mudei o alvo. Ela assustadoramente com as mãos no bolso da calça, não moveu um músculo como se sem surpresa já esperava essa atitude estúpida minha.

- 025! – 015 me repreendeu assustado. Ele estava bem do lado dela.

- Acha que acerta? – Ela me pergunta.

- De tão perto tem como errar? – Respondo.

-Verdade... – ela muda sua expressão pra uma ainda mais assustadora, relaxando os olhos de modo a sua pupila quase sumir escondida pela pálpebra de cima. Ela dá uns passos a frente e fica mais perto. Levanta as mãos, eu olhava nos olhos dela, ela não estava dando medo por me ameaçar, mas sim por saber exatamente todos meus pensamentos. Eu não ia fazer isso... eu estava assustado e tive uma ideia que fazia sentido.

015 aproveitou a oportunidade, saiu de trás dela, pegou o arco e a flecha das minhas mãos e tomou a frente acertando em cheio no cervo. Ela não tirou os olhos de mim, nem quando 015 fez isso.

- Nós íamos perde-lo... – mesmo claramente nervoso, ele desviava o assunto. Provavelmente estava me achando muito burro por ter feito o que fiz, mas não me arrependo na verdade. Seria muito burro sim se nunca desconfiássemos dela, mesmo que ela não tenha um se quer motivo para ter nos salvado.

9° DistritoWhere stories live. Discover now