Pos escape: ela

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POV – 025: Lá estava ela apontando aquilo pra mim de novo. Minha reação foi levantar as mãos, única reação possível, não sabia o que fazer, não sabia se estava mais impressionado por ser uma mulher ou por estar quase morto. Mas por todas as graças 003 lembrou de ser o nosso líder e se enfiou na frente.

- Calma, por favor... vamos conversar... – ele tentava acalmar ela.

- Sai da frente grandão. – ela era um pouco assustadora, e queria minha cabeça.

- Espera... só me fala o que aconteceu... vamos tentar resolver...

Ela respirou fundo e abaixou a flecha.

- Seria desperdício de flecha mesmo... – olhou pro relógio em seu pulso e para o céu. – mas meu assunto com 025 ainda não acabou. Agora ele está me devendo um cervo de uns 40 quilos. Quero que ele me pague ates de morrer.

- Que...? Cervo? – 003 perguntou.

- É, meu jantar dos próximos dias que ele me fez perder... – ela deu um jeito de olhar para mim por cima do ombro do 003 – tinha que entrar na frente da flecha? Era o primeiro cervo que vi em meses, seu... – começou a se irritar novamente.

- Pagamos... – 015 da um passo a frente e olhando fundo nos olhos dela tenta a convencer que eu não seria uma boa substituição para o cervo. – caçamos um pra você... como 025 pode te pagar se você... matar ele?

(POV – ela: voz bonita.)

- Ok... – ela abaixa a guarda. – vocês vem de qual distrito?

- Do último? – o tom sarcástico do 014 não iria ajudar nessa situação, quase avancei nele.

- Eu sou a primeira pessoa de fora que vocês encontraram também? Eu imaginei, estão vivos... vocês tem uma sorte absurda.

Tentei ler o número dela mas não tinha nada no tornozelo, talvez seja assim que ela saiba que somos um bando de desinformados vagando por aí.

- Somos do distrito nove, somos 015, 003 – 015 começa a nos apresentar mas é interrompido.

- Eu sei o número de vocês, eu li. – ela aponta para nossos tornozelos. – olha geralmente as pessoas não confiam umas nas outras nesse novo mundo. Poucos sobraram, menos ainda de bom coração. – ela encerra e olha pro relógio de novo – tenho que ir. Boa sorte, se a noite não devorar vocês, o espanta caça pode me pagar.

Ela começa a caminhar nos deixando para trás, acho que todos estavam pensando o mesmo. Ela sabia tudo que tínhamos dúvidas e se tivesse mentindo não teria saído assim do nada. Estávamos mortos sem aquela pessoa. 003 correu até a frente dela fazendo ela parar.

- Acho que meu amigo te fez perder algo muito importante, não seria certo morrer sem pagar essa divida... então pode nos levar com você e ele pagar o que deve. Que tal?

- Tá maluco?... – ela perguntou depois de uns minutos em silencio. E continuou andando. Ele a acompanhou.

- Você disse que a maioria que sobrou era mal, mas se você fosse não teria dito isso... ou deixado meu amigo viver, então nos ajudar não seria problema né? Podemos ajudar no que precisar. – progresso? Ela parou.

- Como eu posso saber que posso confiar em vocês? Oito homens muito estranhos que não sabem de nada e que parecem mais perdidos do que meu jantar perdido...

- Você mesma disse... não sabemos de nada, nos também não estamos carregando nada que possa te machucar e eu agora estou quase implorando ajuda... não é suficiente... – fique com dó de nós, por favor...

Ela olhou no fundo dos olhos dele e depois pra nós e tomou a decisão dela. 003 chamou a gente pra mais perto com a mão e fomos rapidinho.

- Algum de vocês tem algum corte exposto. Algum corte novo? – ela perguntou como se soubesse a resposta, quase olhando para 022, que se cortou quando tratava de quebrar aquele vidro estupido.

Todos ficamos calados como que protegendo 022, não sei porque parecia que ela logo iria dizer "ótimo, esse fica o resto venha".

- Ok... – ela vira e fala algo só pra 003 ouvir e começa a caminhar. – acompanhem, não fiquem pra trás!

003 vem andando na direção do 022 e pede pra ver o braço dele, então sem que ninguém esperasse, rasga a base de sua camisa e faz uma faixa provisória.

- Ai... ai. Ai! 003! – ele apertou, muito, pelo visto. Eles trocam olhares, e ainda temos isso... 003 disse que era necessário, e 022 entende.

Então corremos para alcançar a... moça...

POV – 020: Eu sabia que era bem provável ser mentira que só homens estivessem sobrevivido, como foi um dia quando eu ainda estava curioso e perguntei a alguém que me disse o óbvio "somos os últimos homens", se éramos os últimos homens porque vinham mais todas as semanas? Mesmo assim era estranho não ter nem se quer uma mulher. Agora estou andando atrás de uma mulher que deve ter 1,68 de altura, cabelos grandes e amarrados, ocidental que tem mais músculos que nosso amigo 022 possivelmente (sacanagem) bem pequena para alguém que da medo. Também deve estar usando umas três camadas de roupa mesmo nesse calor infernal . Corro para alcançar 003 para falar baixo com ele.

- Fala ai, você já sabia que existiam mulheres ainda? – sussurro.

- Como eu poderia saber? – ele responde sem nem desviar o olhar.

- Você não sabia tudo? – falo olhando pra ele que não fez nenhuma expressão mesmo assim, dei uma pequena risada, porque era engraçado ver uma única coisa fora do controle dele, provavelmente a primeira vez que vi ele surpreso foi quando ele a viu la atrás. – ela parece ser jovem...

- Ela nem é tão pequena assim, você que é grande, e não viu o rosto dela direito... agora cala a boca vai. – faço uma expressão de desistência, não sou muito bom em segurar minha cara.

Ela de repente parou e se virou.

- Chegamos. Vamos descer aqui. – olhamos para os lados e tinha duas explicações, ou era esquizofrênica, ou em algum desses arbustos tem algum outro barranco.

Mas ela achou uma porta no meio das folhas no chão e a abriu, de 8 à 80 com um instante, escadas iluminadas apareceram do nada, a porta também começou a brilhar, era luz até demais. Iluminou o suficiente para entendermos muita coisa que estava escondida no meio da mata, e ficou até parecendo uma casa normal com a lata de lixo do lado de fora. Parecia que ela abriu direto a porta para o sol, todos nos reagimos como morcegos a essa luz toda. Então ela olhou para nós novamente, intacta. Foi passando os olhos até parar no 003.

- Sempre achei que essa porta se abriria no céu, não no chão... – 014 fez uma piada. Ela nunca sorriu na vida, acho.

- Lançando moda? – ela pergunta depois de um tempo olhando para 003, e só então percebemos que graças a seu improviso para o braço de 022, ele estava usando um lindo cropped, aquela roupa estava pequena nele, será que ele estava preso a tantos anos assim? Enfim ele cobre a barriga com os braços enquanto os outros riam. – você, líder, lidere. – ela fala apontando para dentro do bunker.

003 entra primeiro e nós os seguimos, e ela entra depois de todos trancando a porta... foi ai que paramos para ver, porque pelo barulho que estava fazendo estávamos lacrados dentro daquele lugar que nada nos tiraria. Descemos e vimos o que nos aguardava lá dentro e era um paraíso comparado ao distrito, tudo parecia muito confortável.

Acho que teremos uma boa noite de sono hoje. 

9° DistritoWhere stories live. Discover now