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Arya acordou sobressaltada, no seu quarto da Casa do Vento. O coração galopando, como cavalos em um prado sem fim, fugindo de uma fera.
As pálpebras úmidas de lágrimas salgadas que não escorriam, mas trêmulas para tentar afastar os sonhos repletos de imagens que se agarravam a sua memória como plumas que podiam ser levadas ao vento.
Se sentando ela passou as mãos nos cabelos úmidos de suor, tocando mais abaixo até sentir a pele do couro cabeludo.....
Ainda podia se ver humana na loja que seu pai havia comprado a tiara de safira para seu debut. Sentir a vendedora apertar-la em sua cabeça até machucar, até se fincar em seu crânio como garras afiadas e mortais.
Ela balançou a cabeça espantando tais pensamentos o máximo que pode.
Pelas janelas que mostravam o céu estrelado da Corte Noturna, logo iria amanhecer.
Arya se arrastou para fora da cama, vendo o seu diário dourado que andava escrevendo embaixo do travesseiro, depois de ter afastado com as pernas o edredom macio coral que tinha certeza não ter se importado em desdobrar para se cobrir.
Cassian.
A resposta veio rápida como seu cheiro pelo quarto. Sempre presente. Sempre firme e calmante. Mesmo que ele não tivesse passado a noite ali, depois de provavelmente tentar encontrar-la desperta, apesar do horário avançado que tinha chegado de Illyria.
— Tem alguém acordado? — ela indagou em um tom baixo de cumplicidade, enquanto pegava o roupão de seda preta na cadeira da penteadeira.
A Casa respondeu com um tremular fraco da luz feérica do quarto. Como se disse que se ela não quisesse ser descoberta acordada — tão cedo — não deveria acender-las.
— Preciso tomar um ar — Arya apertou o laço do roupão ao redor da cintura os dedos trêmulos e a cabeça sensível — Pode me ajudar por favor?
Em resposta a porta se abriu. Sem rangido ou um mero indício de movimentação.
Arya ignorou as sandálias, a pantufa e se esgueirou pelo corredor tão silenciosa quanto podia ser.
Encarando o quarto ao lado do seu... O perfume da irmã mais velha a tocou como um ferrão de abelha.
Nestha tinha finalmente voltado depois de cinco dias com Atlas naquela trilha que ele a levara. Possivelmente naquela noite, em que Arya pulara o jantar solitário e se jogara na cama depois de um banho demorado.
Arya se sentiu estranha ao se ver aliviada de não ter encontrado ainda Nestha. Mesmo que fosse um pensamento sombrio e dolorido... Ainda não estava pronta para encarar-la. Para perdoar-la.
Ela continuou pelos corredores da Casa do Vento, passando pela porta do quarto de Cassian, sentindo o ambiente silencioso e vazio. Diferente da sala comunal que o quarto de Azriel dividia com o irmão.
