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Um silencioso Cassian encostou seu ombro no batente da enorme janela que dava para a frente da mansão, afastando a grossa cortina.
Ele podia sentir Az monitorando o perímetro a vôo. E, podia sentir que Rhys já estava longe, garantindo que Tamlin, o Grão Senhor da Corte Primaveril, também estivesse.
— Não acredito que possa ficar qualquer cicatriz. Porém... Se fosse alguns centímetros mais fundo, teria cortado nervos que só uma Curandeira como Madja, poderia reparar. — a voz de Arya mesmo suave era fria como gelo.
Mas, pela Mãe, era bom ouvir-la.
— De manhã estarei completamente bem, não precisa se preocupar. — Lucien gruiu em dor, fazendo Cassian parar de encarar a escuridão das Terras Humanas, para olhar por sob o ombro a cena de Jurian ajudando o amigo a se deitar, enquanto Arya puxava o edredom marrom escuro da cama de casal do mesmo.
Eles haviam ficado mais de meia hora dentro do banheiro do quarto. E seja lá o que Arya tivesse feito, havia juntado a pele das cinco longas e afiados cortes, que agora estavam cobertas com uma gosma verde, no braço e ombro de Lucien, que usava uma tipoia.
Cassian já havia se ferido mais vezes do que poderia se lembra, e visto ferimentos que deixara seu estômago embrulhado — colecionava cicatrizes desde de garoto — então saber que o tipo de ferimento de Lucien deveria ter lhe custado o braço, era uma certeza.
Arya, ainda usando aquele vestido de gala, lhe arrumava os travesseiros, de joelhos nas cama, os pés descalços, sujos de terra e grama, para fora. Como Jurian, também suja de sangue do acamado mais pálido que um cadáver.
— Posso me preocupar o quanto quiser.— ela sibilou irrita e impaciente — Você quase perdeu um braço!
Lucien resmungou que não era bem assim, o que fez Jurian sibilar também:
— Não banque o machão seu idiota. Tamlin é um Grão Senhor, e uma fera indomável nesse momento. É sorte você está ai deitado... Quando se intrometeu sem pensar naquela briga dele com Eris.
Então foi isso que tinha acontecido? Cassian se indagou não sabendo o que pensar sobre Eris se envolver em uma briga física com um Grão Senhor, quando não via o que o mesmo poderia ganhar.
O próprio Cassian ainda tinha o medo em seus ossos, quando Rhys havia ido buscar-lo na Casa dos Ventos alegando que sentiu uma magia selvagem no território que Arya estava.
Rhys não precisou convencer-lo a segui-lo para fora, mesmo Azriel, que estava na biblioteca, não precisou de incentivo para os seguir.
Então os três haviam chegado no segundo que Arya havia torcido o braço de Tamlin com pura força, e o jogado no chão de grama, para longe de Eris.
Cassian sabia que Tamlin poderia se desvencilhar quando quisesse, por isso havia se movido em defesa da parceira que lançou, naquela voz que parecia embalar e se mesclar ao próprio vento, aquela ordem que tocou mesmo as sombras de Az: Não se mova.
