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Arya encarou a escrivaninha de Clotho sem saber o que fazer, pois a mesma estava vazia.
Ela não sabia por que tinha se dado o trabalho de descer. Todavia ficar na Casa, e talvez encarar Cassian, Az ou mesmo Nestha, a faria desabar.
Então havia tomado um banho, se trocado e descido para a biblioteca mesmo não tendo uma sessão agendada com Samirah.
Havia ignorado a necessidade de descer para Velaris, de encontrar Ártemisia — que a levaria para algo insanamente divertido quando a visse tão angustiada— ou mesmo a cama no apartamento aonde se esconderia embaixo das cobertas.
Mas, quando tomou a decisão quase inconsciente de descer as escadas para a biblioteca, Arya não esperou ver uma folha pregada na rocha ao lado do espaço de Clotho com a letra mais que familiar de Nestha. E nem o que estava escrito.
A irmã havia convidado as sacerdotisas para treinarem no período da manhã com ela e Morringan. Havia criado linhas para elas se escreverem... Mas a folha estava em branco.
Aquilo deveria ter deixado Nestha muito mais que chateada, até mesmo triste de formas que ela não saberia expressar.
Quando garotinha, Arya havia visto como Feyre e Nestha eram silenciosas quando queriam fazer alguma coisa. Enquanto Arya era a espalhafatosa, a menininha do papai que vibrava com qualquer mera atenção...
Era um mistério como as irmãs mais velhas nunca tinham se dado muito bem. Mas não como Arya se tornou a ponte entre elas.
Pela Mãe, foi difícil Arya parar de chorar no banho, difícil não ter procurado Cassian que lhe traria conforto sem questionamento depois do que houve com Nestha que devia está tão sensível quanto ela.
Não era todo dia que se revivia a experiência de morte. Não era todo dia que sentia alguém — a própria irmã — morrendo.
Rhys tinha razão, o poder de Nestha era a mais pura morte. E Arya havia tocado nele, como alguém tocaria em água gélida invernal sem nenhuma proteção.
Ainda dava para sentir nas veias a dor, desespero e, a mais profunda solidão que levara Nestha a roubar o poder do Caldeirão. E a raiva, o ódio visceral.... Afiado como uma lâmina.
E então havia o poder de Arya o consumindo de formas que ela não conseguiria descrever. Só sentir.
E foi insanamente bom. Como soltar as amarras de algo, alguém dentro de si que adorava e abraçaria aquele poder que poderia controlar o mundo.
E foi assustador de tantas formas que Arya não conseguia imaginar sentir-lo de novo. Mesmo que ansiasse.
Talvez por isso tenha ficado alguns minutos no barulho sussurrante da biblioteca encarando a folha de inscrição, com os braços cruzados, uma mão em cima do pulôver curto rosa, bem á cima do coração, tentando afastar aquela dor quase física que a cercou novamente ao não ver nenhum nome na lista de Nestha.
