Guilherme é o herdeiro da família. Milionário, mimado e japonês mestiço.
Amélia, uma mulher órfã e trabalhadora que encanta todos por onde passa, e que trabalha para os pais de Guilherme.
Uma bebida. Uma frase. Um vídeo. Um relacionamento de mentir...
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É estranho pensar em como a vida pode mudar de uma hora para outra. Em um momento você termina o ensino médio, no outro está formado na faculdade. A minha vida toda, eu me convenci de que nunca seria suficiente para ninguém. De que sempre seria um problema, algo inútil para o mundo. Sempre me convenci de que meus pais me abandonaram por isso e agora, eu estou me decidindo se abro o resultado do exame de DNA ou me torturo mais um pouco.
Depois de pensar muito, eu resolvi conhecê- los, mas somente se eles fossem meus verdadeiros pais. Não queria me decepcionar mais. Então, junto de Guilherme, eu conversei novamente com seu avô e o casal aceitou fazer o exame e só me ver se desse positivo. Se Gui não estivesse na hora que tirei meu sangue eu teria desistido. Mais ninguém sabia dessa novidade, somente nós três e o casal. Respirei fundo e abri o envelope, as mãos trêmulas. Li cada linha com atenção, de novo e de novo.
— E aí? — olhei para o japonês que estava sentado ao meu lado, estávamos em meu apartamento que não era grande ou pequeno, mas eu me sentia presa enquanto lia o documento.
— Eles... Eles são meu pais, herdeiro. Eu tenho pais — minhas lágrimas escorreram em meio ao meu sorriso. Ele sorriu e me abraçou. — Eu vou conhecê- los, eu vou... Meu Deus o que eu vou dizer? Não posso chamá- los de pai e mãe na primeira vez em que os ver, posso? Será que eles vão gostar de mim? E se não gostarem? — despejei em cima dele.
— Ei, acalma esse coração e essa mente. É claro que eles vão gostar de você, vão adorar você. Tudo vai dar certo, Kae. Você tem que marcar onde vão se encontrar, já sabe o lugar?
— Eu não sei. Um parque talvez? Será que eles gostam de parque?
— Kae...
— Tá bom, tá bom, me acalmar — respirei fundo. — Estou calma.
— Vou ligar para meu avô e pedir para marcar no parque, está bem? — assenti. — Já volto — ele deixou um selinho em meus lábios e foi para o escritório.
Eu não queria criar expectativas, mas sendo sincera, já havia criado desde o momento que soube da existência deles.
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