Guilherme é o herdeiro da família. Milionário, mimado e japonês mestiço.
Amélia, uma mulher órfã e trabalhadora que encanta todos por onde passa, e que trabalha para os pais de Guilherme.
Uma bebida. Uma frase. Um vídeo. Um relacionamento de mentir...
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Tudo estava na mais perfeita paz. Jantava com Amélia quase todas as noites, íamos juntos para a casa onde eu cresci, fui até convidado para uma reunião dela com suas amigas. Acredite, ela fez de tudo para eu não ir, mas digamos que suas amigas são bem insistentes, então óbvio que eu fui e levei meu chaveirinho. Mas como diz meu avô: Shippai wa seikō no moto.
Não sei onde foi que eu errei. O mangá da princesa Akira estava só esperando o momento certo do lançamento quando descobrimos que o manuscrito fora totalmente plagiado e publicado por outra editora no nome de outra autora.
— Temos que processá- los — declaro a nossa reunião de emergência. — Temos todos os documentos, todos os rascunhos do original.
— Mas essa é a questão, Guilherme, todos os nossos documentos impressos e digitais sumiram ou foram corrompidos — meu pai fala.
Todos estavam de cabeça quente com tudo isso, principalmente eu. Esse era o meu projeto, meu primeiro projeto que seguiria para vários quando eu fosse o CEO desta empresa. Essa era minha outra chance de orgulhar meu avô, de ele ver que eu sou capaz.
— Amélia, você trabalha também com seu computador pessoal, pode verificar os arquivos? — Pergunto esperançoso.
— Não vejo o motivo de tanto alvoroço — meu vô comenta de sua cadeira, todos olhando para ele. — Claro, isso é um problema e o processo pode resolver, mas além da editora rival você, meu neto, deve descobrir como os arquivos sumiram.
— O que quer dizer?
— Nada. Só estou supondo que as perdas foram por falta de atenção. Você está muito áereo ultimamente — seus olhos saem de mim e se fixam na mulher que tem tomado meus pensamentos por tempo do que devia.
— Posso te assegurar, senhor, que eu faço meu trabalho com perfeição e Guilherme também.
— Então onde estão os documentos? Se os dois estivessem fazendo as coisas certas, já teriam um plano B para cobrir esse lançamento falho. Se estivesse trabalhando com perfeição, senhorita Valente esse problema...
— Chinmoku! — grito irritado. — Saiam todos. Agora. — Assustados com minha reação, meus pais, Amélia e o restante da equipe saem da sala, menos meu avô. — Watashi ni tsuite nani o itte mo kamaimasen ga, watashi no jūgyōin ga munōda to honomekashite wa ikemasen.
Watashi ni tsuite nani o itte mo kamaimasen ga, watashi no jūgyōin ga munōda to honomekashite wa ikemasen.
O Senhor pode dizer o que quiser de mim, mas insinuar que meus funcionários não têm competência, não.
— Giryerume-san, anata no jūgyōin o mamoru shisei ni kanshin shimasu. Tokuni anata no nise no gārufurendo.
Admiro a forma como defende seus funcionários, Guilherme. Principalmente a sua namorada falsa.
— O que?
— Ora, não achou que podia me fazer de bobo, não é? Guilherme, eu sou mais velho que você, sei de coisas que você nem poderia imaginar. Achou mesmo que eu não investigaria essa moça? Essa relação de vocês, que é uma mentira pura? Yuna...
— Yuna não gosta de mim, sofu. Eu não gosto dela, pelo menos não desse jeito. O senhor e meus pais armaram um casamento contra mim. Se acha que não sou capaz de liderar seu império, era só falar.
— Nunca disse que você não era capaz. Ser dono, CEO de uma editora não é sempre às mil maravilhas. Nada é. Você, watashi no mago, é mais capaz de liderar essa empresa que seu próprio tio, e você sabe disso. Propus o casamento com Yuna porque vocês sempre foram próximos, e nossa vida pode ser muito solitária, ainda mais cuidando de grandes empresas.
— Devia ter falado comigo primeiro.
— Eu sabia que diria não.
— E por isso resolveu se meter na minha vida e decidir como ela deveria ser até o dia em que eu morrer?
— Não me faça como o vilão da história. Você também fez errado, você mentiu para sua família.
— Porque o senhor, sofu, não respeita minhas escolhas. Fingir meu namoro com ela foi a única solução que eu tive.
— Quando acabará?
— Antes do natal, em outubro — a frase sai amarga de minha boca.
— Daqui a três meses — assinto.
Sinceramente, não queria que isso que nós temos acabasse tão cedo. Amélia é uma mulher forte, divertida e linda. Com ela sinto que posso contar meus maiores medos e que ela nunca julgaria. Ela cuidou de mim quando doente, e nem era sua responsabilidade.
— Anata wa kanojo ga sukidesu?
Sua pergunta me pega de surpresa. Eu não amo Amélia. Nunca amei e também não pretendo amar alguém que sei que nunca me amaria de volta. Meu sentimento para ela era somente atração, que ultimamente vem sendo correspondido.
Mas por que eu sinto saudade dela quando ela não está por perto?
Por que toda vez que ela sorri meu coração bate mais forte?
