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chapter six, season two- memórias

                        FLASHBACK

Corro o mais rápido que consigo para despistá-los. Eu sabia que meu pai colocaria alguns de seus homens para me procurarem.

Já havia se passado uma semana.  Uma semana em forma de lobo. Uma semana sem controle de mim mesma.
Estou fraca, cansada e ferida, mas não posso parar agora, não posso voltar para casa.

Continuo correndo, mais do que minhas pernas podem aguentar. Sinto minha cabeça latejar e minha visão escurecer.
Tropeço, e acabo caindo em uma pequena cavidade, que por sorte me deixava escondida dos lobos atrás de mim.

Por conta de minha fraqueza, sinto que estou me transformando, voltando a minha forma humana. Gemo de dor e de repente tudo escurece. Desmaio.

                                [ ... ]

Acordo lentamente, com a claridade do dia batendo em meu rosto. Então percebo que não estou mais na floresta, estou em um quarto, em uma casa que não é minha.
O desespero bate em meu peito.

Agulhas perfuram meu braço, ligadas a um soro que nutre o que perdi nesses dias.

- Você acordou - Ouço uma voz desconhecida atrás de mim.

- Quem é você e o que eu 'tô fazendo aqui?-O homem é alto, loiro e extremamente pálido. E, mesmo com a agressividade em minha voz, continua calmo e inofensivo.

- Eu entendo que está assustada, mas você está bem e segura aqui.  Cuidei de seu ferimento e te deixarei ir quando estiver em perfeito estado. - Explica, mas continuo desconfiada. Ele então se aproxima lentamente até a cama em que eu estava, e me afasto rapidamente.

- Meu nome é Carlisle Cullen, e essa é minha casa. Bem-vinda... - Estende sua mão para que eu a apertasse, e espera que eu revele meu nome.

- Cullen?! - Meu desespero aumenta. - O que um vampiro 'tá fazendo cuidando de sua espécie rival?

- Vampiros e lobos contra o mundo dos mortais. Essa rivalidade é inútil. Em situações como essa, a piedade deve prevalecer, devemos ajudar uns aos outros.

- Piedade? Vocês mataram meus ancestrais! Mataram dezenas de gerações, pessoas inocentes, tribos que foram completamente exiladas sem piedade alguma.

- Nosso passado não nos define - Rio sarcasticamente com suas falas.

- Seu passado nunca será apagado.

- Então eu deveria ter lhe deixado morrer? Sem comida, sem água, sem roupa, sem defesa. Totalmente vulnerável. Era isso que queria? - Permaneço calada.
- Nosso passado realmente não será apagado, mas o que importa é como escrevemos nosso futuro.
Eu só quero ajudá-la, vai poder ir embora depois. Aceite minha ajuda, é tudo que lhe peço. - Continuo quieta, pensando em tal oferta. É melhor que voltar para casa.
Assinto com a cabeça, o fazendo sorrir.

- Obrigada..... - Outra tentativa de descobrir meu nome.

- Eliza

- Obrigada, Eliza. Vou trazer comida para você.

                                [ ... ]

E assim foi,por cerca de uma semana. Meu ferimento já estava praticamente curado, eu já conseguia andar sem mancar.
Carlisle tinha me dado total liberdade para caminhar por sua casa, viver junto a sua família, que por sinal também cuidam muito bem de mim.

- E aí lobinha - Emmett entra em "meu" quarto. - Pronta pra mais uma caminhada hoje?

- Ah vai a merda branquelo, você me acordou - Xingo, ainda sonolenta. O mais velho ri de minhas palavras.

Emmett me trata como se eu fosse uma irmã mais nova, e está sempre me levando para caminhadas e corridas na floresta, para que eu possa exercitar minha perna, enquanto, juntamente a Carlisle, me ajuda a controlar meu lado lobo, minha transformação. Carlisle estudou sobre isso por anos, e em troca posso ajudá-lo em sua curiosidade.

Sou surpreendida com o garoto me tirando da cama a força, me levantando no colo para fora do quarto, enquanto eu rio descontroladamente.
  

                                [ ... ]

Mais duas semanas haviam se passado, e agora meu ferimento já estava totalmente curado, graças ao tratamento de Carlisle.

Me escoro sobre o parapeito da varanda da casa, observando as estrelas, cheia de angústia no peito, sabendo que meus dias morando com os Cullens haviam acabado. Eu preciso ir.

- É uma linda noite, não acha? - Carlisle comenta, ficando ao meu lado.

- Com certeza. - Respiro fundo. - Carlisle... Eu só queria agradecer por ter salvado minha vida e cuidar de mim, não sei o que teria acontecido se não tivesse me achado. - Ele sorri bondoso com minhas palavras e alisa meus cabelos negros.

- Espero que agora tenha entendido o que quis lhe dizer no dia que acordou. - Faço que sim com a cabeça, e logo repito uma de suas falas.

- "A piedade deve prevalecer".

Um silêncio confortável se faz presente entre nós.

- Meu ferimento já 'tá curado - Aponto, querendo entrar nesse assunto porém sem saber como dizer.

- E agora você tem uma escolha a fazer - Se vira para mim. - Você pode continuar aqui se quiser - Nego com a cabeça, ainda angustiada.

- Eu tenho que partir, Carlisle, eu preciso - Ele sorri brevemente, parecendo um pouco chateado. - Tenho que ir pra bem longe daqui, começar uma vida nova

- Não cogitou a ideia de voltar para casa? - Questiona, sabendo que se trata de um assunto delicado. Sinto meus olhos encherem de lágrimas, então passo minhas mãos entre meus cabelos, tentando esconder esse sentimento, essa fraqueza.

- Minha mãe se foi, meu pai me odeia, e meu irmão..... - Meu coração se aperta ao lembrar de Jacob, e de sua feição quando percebeu que eu estava partindo de casa.

Lembro de ter me abraçado fortemente, enquanto chorava em meu ombro e implorava para que eu não fosse, não o abandonasse. 

- Nossa ele deve me odiar também - Exclamo quando me dou conta, me arrependendo amargamente.

De repente o mais velho me puxa delicadamente para um abraço, coisa que jamais havia feito antes.
Abraço seu tronco enquanto desabo em seu peito, e o vampiro acaricia o topo de minha cabeça.

Permanecemos assim por algum tempo, até o Cullen segurar meu rosto delicadamente para que eu possa olhá-lo.

- Eliza, se é isso que deseja então vou dar-lhe um dinheiro para que possa conseguir alguma coisa. - Nego com a cabeça.

- Não posso aceitar, você já fez tanto por mim e... - Ele me corta.

- Nada disso, você vai aceitar de bom grado e seguir seu caminho. Eu só quero seu bem, Eliza - Hesito por alguns segundos, ainda sem concordar totalmente com a proposta, mesmo sabendo que o mais velho não estaria disposto a ouvir um não, portanto, me rendo.

- Obrigada, por tudo - Seguro sua mão firmemente, tentando transparecer minha imensa gratidão.

                                  ☯︎

FOR US, paul lahote Where stories live. Discover now