Amarras

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Eu precisei deixar meus cristais caírem, por meus olhos.
Era necessário aliviar o fardo que carrego.
Era necessário externar minha dor, através de lágrimas cristalinas.
Foi necessário gritar as minhas dores naquela manhã de domingo.

O abraço aconchegante, que me fez desmoronar.
As lágrimas sem fim, traziam à tona apenas um terço do que carrego.
Meus olhos mal haviam sido abertos e a ansiedade me pegou.
Saiu de baixo da minha cama e me fez sua refém. Ou apenas me obrigou a pôr para fora aquilo que já não cabia mais.

O meu copo está sempre cheio, insuportavelmente cheio.
É sufocante, me sinto presa...
Estou acorrentada pelo medo e é como se fosse um ciclo sem fim.
Quebro uma amarra e descubro que tenho mais dez. Quero tanto me livrar delas, mas eu mesmo me amarrei aqui.
Dei cada nó e ainda confirmei estar bem amarrado.

Estou descobrindo traços meus, que me proibir de mostrar.
Uma versão nova de mim mesma.
Uma atualização no meu Windows que já estava estagnado.
Eu estava tão acostumada a cair e a estar em contato com o chão frio e úmido.
O fundo do poço não é nada agradável.
Mas nos acostumamos a ele.
Que me ver tentar escalar as paredes, mesmo que eu caia com constância.
É um tanto quanto assustador.

Nunca imaginei sair daqui, muito menos tentar.
Me fiz prisioneira dessas amarras sem fim.
Me fiz refém de mim mesma, dos meus medos e dores.
O que devo fazer quando eu sair?
Qual versão de mim, eu vou encontrar quando estiver do lado de fora?

Palavras Entregues Ao Vento Where stories live. Discover now