Palavras ao vento

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Era um dia lindo de primavera. Era impossível não recordar de cada detalhe daquele dia específico. 3 de novembro. Você sempre me passou tanta confiança, tanto carinho. O amor que me dizia sentir todos os dias. As suas ações falavam pouco sobre si, mas naquele momento eu não me importava. Você era discreto, sempre simpático e gentil.

A cada mínimo detalhe seu, que me era permitido conhecer. Eu amava cada descoberta. Uma bela tola apaixonada, confiei e acreditei que aquele rapaz que tanto me encantava seria assim para sempre. Não foi do dia para noite, que seus olhos e suas ações mudaram. Estava tão cega que não vi o momento exato. Mas senti.

Eu senti os teus gritos agredirem meus ouvidos. Pensei ser apenas uma fase, mas era apenas o início. De repente seus gritos, já não assustavam, seus movimentos sim. Suas mãos, me davam pavor.

Era uma tarde de quarta-feira, um dia lindo fora das paredes em tons pastéis da minha prisão, que ainda me permitia saída. Era apenas mais um dia de gritos, contudo junto aos berros vieram suas mãos, me prendendo, me apertando o braço e o inevitável aconteceu. Um tapa nunca doeu tanto. Ali eu desmoronei.

Era impossível acreditar no que havia acontecido, mas o vermelho em minha face não negava. Aquilo me assustava, me deixava apavorada, na verdade. E eu como uma tola, aceitei suas desculpas, suas flores, seus bombons, seus carinhos, seus "eu te amo" Eu perdoei. Uma burra, eu sei. Uma falha de meu pobre coração. Eu pensava que aquele dia tão horrível jamais se repetiria.

Eu estava errada, como tudo o que eu acreditava que sabia sobre você. Meus dias se tornaram o próprio tormento. Seus tapas, murros e empurrões se tornaram frequentes. Eu nunca imaginei que usaria uma desculpa tão horrenda. Eu caí, eu escorreguei no banheiro. Minhas desculpas frívolas, no fim não convencia ninguém, nem a mim mesma. Suas palavras já não me encantavam, como antes, agora me causam medo.

Suas mãos, antes tão carinhosas, atualmente tão agressivas. Seu jeito gentil, agora tão violento. Tudo em você me causa medo. Eu estou assustada e estou apavorada. Sinto-me como uma rosa despedaçada. Sem forças, fraca, pois estou tão machucada. O amor não deveria doer ou machucar.

Esse amor me destruiu e me destrói cada dia mais. Lágrimas já não são o suficiente. Suas palavras de amor, já não me convence. É possível contar os minutos. Você está gentil e então se transforma no monstro que me assombra diariamente. Não aguento mais essa sensação de sufocamento. Eu me sinto afogando no meu próprio medo e é você que está me segurando no fundo.

Essa dor virou algo constante. Tão loucamente sufocante. Não me culpe por partir. Eu só possuo duas opções. Ou saio por onde entrei a três anos com as minhas próprias pernas e com o meu coração batendo. Ou sairei machucada ainda mais e infelizmente sem um coração para bater.

Suas palavras vazias já não fazem sentido. Por mais que suas ameaças me assombram, se não partir agora. Jamais conseguirei. Suas palavras ao vento me enganaram e me manipularam por tanto tempo. Agora mesmo com medo, com dor e assustada como nunca jamais estive. Ainda me resta esperança de finalmente ver as cores da vida de novo.

Então, por favor. Guarde suas ações, suas palavras e seus carrinhos vazios. Jogue tudo ao vento. Pois, ninguém merece passar por tudo isso, novamente.

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