Jungkook cresceu à sombra da negligência, com pais viciados que pouco se importavam com seu futuro. Sua infância, marcada por privações e desafetos, moldou-o em um homem frio e calculista, sempre à espreita de oportunidades para escapar da miséria q...
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As folhas soltas do outono se amontoam carregadas pelo vento conforme Jungkook crava seus pés firmes sobre o terreno familiar. Ele caminha, traje impecavelmente nobre, um contraste aos casebres ao redor. Mas nos pequenos detalhes – o sorriso largo e o olhar desafiador de um garoto de rua que havia ascendido – ele ainda é inequivocamente o sonho de uma periferia buscando por válvulas de escape.
Pisadas ressoando como um lembrete de sua presença no silêncio noturno, ele avança pelo breve caminho, olhando fixamente para a casa da frente. Alguns luzes tímidas se acendem nas casas vizinhas - olhos curiosos espreitando pelos cantos das janelas. Onde o asfalto não chegava, a realeza raramente se aventurava.
Sem bater ou tocar a campainha, ele faz seu caminho para o interior da casa de Yeonjun, marcadamente mais luxuosa entre as outras de sua volta. A riqueza crua em meio à pobreza local se destacava como um leão entre ovelhas.
— Quem é? — Yeonjun aparece, segurando uma arma nas mãos.
— Yeonjun, é o Jungkook — Jungkook responde, um leve tom de divertimento em sua voz ao ver a arma, uma mão levantada em rendição irônica. Ver aquele sorriso sincero de um velho amigo dissolveu qualquer tensão que a arma poderia ter trazido.
— Kookie! — Yeonjun corre para abraçá-lo, a arma abaixada e praticamente esquecida em sua mão. A lembrança de tempos menos complicados e mais inocentes brilha em seus olhos ao soltar uma risada genuína. — Já faz tempo, hein? O que traz você aqui? Veio para mostrar seu carrão chique e rir da minha cara?
Jungkook dá uma risada, um som que encoraja o sorriso de Yeonjun a se alargar ainda mais.
— Não dessa vez, Junnie. Estou aqui por razões mais complexas, estou na observação, planejando o próximo passo, mas me lembrei de nós dois sendo os ratos da periferia com sonhos maiores que nossos bolsos. Pareceu certo passar aqui e relembrar os velhos tempos.
O comentário reverbera entre eles e Yeonjun não pode deixar de lançar um olhar sério para ele, analisando. Então, iluminado por um pensamento que traz a sombra de uma risada, ele dá uma boa olhada em Jungkook, um aceno para o carro estacionado do outro lado da rua.
— Os tempos mudaram, Kookie, mas que tal entrar e a gente falar mais sobre esse tal 'próximo passo' seu?
Atravessando o pórtico da casa de Yeonjun, o olhar de Jungkook passeia admirando tudo - das figuras de ação estrategicamente posicionadas às prateleiras abarrotadas de livros de assuntos variados. Tudo refletia a paixão do amigo por coisas que ele, Jungkook, jamais tinha conseguido entender.
O anfitrião, com seu olhar meio lúdico, chama Jungkook para a sala e lhe oferece um gin. A luz argêntea da lareira dança em seus copos enquanto eles se acomodam no sofá, emoldurado por tapeçarias adornadas com ícones de jogos retrô e personagens de anime.
