Capítulo 50

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      Estava segurando a taça de vinho sem intenção de beber. Observo a paisagem, as nuvens tão parecidas com algodão doce e sinto a brisa suave. Respiro fundo. Fecho os olhos por um segundo  e tudo o que vem na minha mente são as palavras da médica: você está grávida.
Ainda tentando não liberar toda a minha angústia, criei coragem para perguntar a Ian o que ele achava sobre a ideia de ter filhos.

— Honestamente não me vejo sendo pai. — responde imediatamente após a minha pergunta.

"Não me vejo sendo pai"  é tudo que escuto e presto atenção, antes de ouvir mais respostas:

— Ser pai não é pra mim, tive uma péssima mãe, ainda tenho ódio dela, e nunca vou esquecer do que ela me fez. Mas por outro lado, tive um pai foda. Ter filhos nesse mundo que vivemos é loucura, principalmente quando você sabe o que sou, completamente viciado em você, em sexo. Ainda preciso trabalhar isso. Não quero precisar parar de transar porque um bebê está chorando no quarto ao lado.

— Entendi. — me limitei a responder. Ouvir aquilo me fez perder o chão. Quase não senti as minhas pernas. Ter um filho, assim como eu, não é o que ele quer. Apesar de tudo senti a dor em suas palavras, Ian com certeza não é do tipo que se doa para um bebê, ele estava certo, sua compulsão por sexo seria um peso. E se o bebê chorar o tempo todo? Ou se a nossa relação não for mais a mesma? Na verdade a mesma sei que que tem grandes chances de não ser...

— Mas futuramente podemos conversar sobre isso amor.

"Futuramente podemos conversar sobre isso"

Tento esconder as lágrimas que se formam nos meus olhos.
Viro a cabeça olhando para o outro lado, mas de repente Ian me segura, ele me vira de frente pra ele. Seu olhar me assusta e sua respiração fica pesada, entendo que falei demais. Merda!

Numa tentativa frustrada, me concentro em sair de seus braços, ledo engano, como sempre ele é muito mais forte que eu. Desvio o olhar para a taça, e dou a desculpa de que precisava a deixar na mesa ou iria cair.

— Você não vai beber? — pergunta em tom de sarcasmo.

Olho para cima e limpo minhas lágrimas.

Ele me solta e eu deixo a taça no lugar apropriado.

— Eu não estou muito afim de beber.

Ian anda de um lado para o outro e soca a parede. O barulho é alto. Ele xinga e se aproxima. Me encolho esperando que ele me aperte.

— Você não está a fim de beber ou você precisa me contar algo Ana Luísa? — suas palavras saem pesadas, ele enfatiza o meu nome, me segurando sem muita força.

Ian está bravo.

— Olhe pra mim porra! Sua mentirosa! Mentiu no médico, mente agora e vai mentir até quando ? Você nem consegue me encarar. Eu odeio mentiras. Você sabe! Odeio que esconda as coisas de mim!

O Mestre mandou Where stories live. Discover now