Colisão

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O dia amanheceu nublado, com nuvens cinzas que criavam uma atmosfera melancólica e triste. As pessoas sentiam uma sensação de inquietude, como se fosse um mal presságio.

Crowley acorda olhando as nuvens pela janela, mais uma vez, como todos os dias da semana, ele já estava de pé no horário. Tomara cuidado para ir direto para o Gusteau's todas as noites logo após a limpeza para que pudesse sair às 22 e acordar bem no dia seguinte. Quem diria que o dono do lugar entenderia que um jovem do colegial precisava dormir melhor.

Hastur e Ligur não estavam em casa, na verdade eles não apareciam desde terça-feira. O caçula ficava feliz de ter o quarto só para si.

Quando saiu, olhou para o quarto de Belzebul, ela ainda não estava lá.

Acho que ela tá emendando turnos de novo.
Pensa temeroso da saúde da irmã.

Enquanto se arruma, pensa na limpeza da quadra e no que perguntaria para Aziraphale dessa vez. Qual seu autor favorito? Não, Crowley não conhecia de livros, seria uma conversa muito curta. Qual a coisa mais incrível que já fez? Melhor não, se ele devolvesse a pergunta, seria problemático. Qual o seu tipo de cara? Uma boa para se fazer para... amigos? Era isso que eles eram? Velhos conhecidos talvez fosse melhor. Mas eles deviam ser inimigos, não?

Crowley fez um pequeno coque enquanto se dirigia para a porta e seus pensamentos foram interrompidos por uma voz.

— Anthony, é você? Venha cá. — a voz vinha da poltrona gasta no meio da sala. Ficava de costas para a porta e de frente para a Televisão.

Quando perderam tudo e precisaram se mudar para uma casa mais barata e vender tudo que tinham, aquela poltrona foi uma das coisas que não abriram mãos. Afinal, aquele era o trono do papai.

— Oi... — Crowley se aproximou. Devia fazer quase duas semanas que não falava com o pai. Ele saía, bebia e voltava sem falar com ninguém e ficava na poltrona bebendo, vendo TV ou os dois. Ele pergunta receoso. — Precisa de alguma coisa?

Lúcifer Helldown é uma figura visivelmente abatida e desalinhada. Seus cabelos escuros estão bagunçados e grisalhos, refletindo anos de negligência. Seu rosto mostra os traços marcados do tempo, com rugas profundas e olheiras evidentes, evidenciando um estilo de vida desregrado. Ele usa roupas surradas e manchadas, transmitindo uma sensação de descuido constante.

— Pelo menos um filho que preste seria bom. — fala bebendo da cerveja que deveria estar na sua mão durante a noite inteira.

— Ah, sim. Bom dia pra você também. — responde sem se sentir alterado. Já vai passar, aguenta só mais um pouco. Ele diz a si mesmo.

— Muleque ingrato. — se levanta e fica de frente para o filho mais novo. — Que merda fez com seu cabelo?

— Eu pinto ele de ruivo há três anos. — mais uma vez, aquela conversa.

— E deixa ele grande pros caras puxarem? — bebe mais uma. — Parece uma garota.

— Sim, sim. Já acabou? — fala impaciente olhando o relógio, não queria perder o ônibus.

— Ora, por que você é assim? Podia ser um garoto direito e bom como aquele dos Higheaven, como era mesmo o nome dele?

— Aziraphale. — Queria evitar que o pai falasse aquele nome.

— Isso, esse aí. Ele sempre foi inteligente, obediente e talentoso. E você... sempre sendo você. — bebe mais uma e acaba a garrafa.

— Entendi. — depois de tantos anos, ouvir aquilo não doía mais. Não era afetado. Ou pelo menos gostava de fingir que nao. — Olha, eu já vou indo. Valeu pela sessão de descontar sua frustração em mim, podemos marcar a próxima pra daqui umas duas semanas, que tal?

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