Capítulo nove: Antissocial

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Pov Camila

Ainda estou olhando pro demônio quando ouço o barulho da nave se aproximando, vejo Lauren com uma expressão preocupada enquanto vai até a plataforma, estender sua mão para que eu a pegue e ela me puxe para dentro da nave.

-O que aconteceu? Eu ouvi um tiro. - Ela diz, agora que estou na nave.

-Ele ainda estava vivo...

-Ele fez algo com você? - Lauren pergunta, seus olhos agora estão procurando qualquer sinal de machucados a mais dos que haviam antes.

-Não... Eu só ouvi um grunhido vindo dele e atirei.... Eu preciso achar minha...

-Pulseira? - Lauren me interrompe, mostrando a argola dourada em sua mão. Ela pega delicadamente minha mão direita, colocando a pulseira em seguida.

-Obrigada...

-Vem, vou mandar a nave de volta pra casa enquanto a gente da uma olhada nesses machucados. - Ela diz. A sigo até o painel de controle onde ela ativa o piloto automático de volta pra estação. Eu ainda adorava ver como hoje em dia só pilotava quem realmente queria fazer. Na verdade, as máquinas podem fazer qualquer coisa por nós nos tempos atuais, as pessoas só não se entregam a isso para continuar tendo um motivo pelo qual viver.

Estou sentada em um dos bancos de passageiro, com uma cadeira a minha frente, enquanto Lauren vasculha a bolsa de primeiros socorros.

-Acha que precisa de uma seringa? - Ela pergunta com o objeto já em mãos.

-Não... Não estou tão ferida. - Eu disse. Sempre preferi evitar o uso de seringas e kit médicos, é um processo doloroso e enjoativo que só vale a pena em caso de ferimentos mais graves, como os que acontecem no campo de batalha. Era uma tecnologia avançada de cura desenvolvida em parceria com a família de Ally e Silva, era quase impossível morrer quando se tinha uma daquelas por perto. Apenas uma injetada no pulso, que você sente queimar por todas as veias e nervos que você tem no corpo, e todos os seus ferimentos começam à se fechar. Mas também vinha acompanhado de um enjoo terrível e te dava náusea por algumas horas. As células de escudo eram bem mais tranquilas, e você não sentia absolutamente nenhum efeito. Já que apenas reforçam com energia o escudo que você equipou.

Lauren então pega um fluido para ajudar na limpeza e cicatrização de ferimentos, alguns lenços e curativos, antes de se sentar à minha frente. Ela pega primeiro minha mão esquerda, subindo a manga da minha blusa. Não consigo evitar fazer uma careta devido a dor que sinto, havia um corte que tinha rasgado o tecido da minha roupa, não era muito fundo, mas ardia. Mais ainda quando o fluido foi despejado abundantemente em cima, e logo após enfaixado.

-Os do rosto agora. - Ela diz. Me inclino um pouco em sua direção e ela faz o mesmo, dessa vez umedecendo o lenço no fluído, em seguida passando suavemente pela ferida exposta que eu tinha na parte lateral esquerda da minha testa. Ainda arde um pouco, mas o toque de Lauren é suave.

Me lembro da última vez em que alguém cuidou assim de mim. E foi meu pai, logo após eu ferrar quase toda a lateral esquerda do meu corpo devido à uma queda que tive após subir em uma árvore enorme. Minha mãe estava muito brava comigo, e enquanto me chamava de irresponsável, fazia um dos meus chás preferidos e arrumava minha cama para que eu deitasse.

Imagino o quão sortuda Normani foi, não por ter perdido seus pais, mas por Lauren tê-la encontrado e cuidado dela.

Nunca imaginei que um dia a veria cuidar de mim assim, como se eu realmente fosse alguém muito importante pra ela. Já se passara dois meses desde que cheguei aqui, o tempo passou tão rápido que as vezes ainda penso que estamos na mesma situação de antes: nos odiando.

Treasures of Blood (CAMREN/APEX LEGENDS)Where stories live. Discover now