Capítulo 33

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dizer onde estou ou com quem posso falar. Não estou em um dos
meus melhores momentos. E amanhã vou me arrepender de ter
deixado que as coisas chegassem a esse ponto. Mas agora estou
tão desesperada e sozinha que pego o celular e o ligo. A luz me
cega por alguns segundos. Esqueci que apaguei tudo hoje de
manhã — todas as minhas fotos, mensagens e aplicativos, então
não há nada aqui. Passo pela minha lista de contatos, tentando
pensar em outra pessoa para ligar, mas não tenho muitas opções.
Quando percebo que o nome do Sam não está ali, lembro que
também o deletei. Não tenho certeza se ainda me lembro do
número. Não sei nem dizer o que estou fazendo quando o digito
mesmo assim, na esperança de ouvi-lo mais uma vez em seu
correio de voz. Talvez eu possa deixar uma mensagem, dizer a ele
que sinto muito.
O toque da chamada me assusta. É um som estranho de se
ouvir no vazio da floresta. Fecho os olhos e estremeço de frio. O
celular chama por um bom tempo, abafando lentamente meus
pensamentos, e sinto que vai chamar para sempre, até que de
repente o toque para.
Alguém atende a ligação.
Há um longo silêncio até que uma voz surge na linha.
— Julie…
Gotas de chuva tamborilam na minha orelha. Fico ciente do som
do meu próprio coração batendo contra a terra. Viro um pouco o
rosto em direção ao céu e continuo ouvindo.
— … Você está aí?
Essa voz. Leve e áspera como o murmúrio do oceano numa
concha. Eu a conheço. Já a ouvi mil vezes antes, a ponto de se
tornar tão familiar quanto a minha. Essa voz. Mas não pode ser.
Sam...

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