Capítulo 10

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pensei que fosse acontecer tão cedo. Aonde mais posso ir? Pedi
para Sam vir me buscar, mas ele ainda não chegou. Sinto os
vizinhos me observando das suas janelas. Não posso mais ficar
esperando aqui. Viro o quarteirão e começo a correr até que tudo
desapareça atrás de mim.
Não sei nem para onde estou indo. Continuo correndo até nada
mais parecer familiar. Só quando chego aos limites da cidade, onde
a grama se estende em direção às montanhas, é que percebo que
esqueci meu celular. Um par de faróis ilumina a estrada vazia.
Quando saio do caminho, o carro diminui a velocidade até parar na
minha frente e percebo que é Sam.
— Está tudo bem? — ele pergunta enquanto eu sento no banco
do passageiro. — Apareci na sua casa, mas você não estava lá.
Se eu tivesse me lembrado do meu celular, teria compartilhado
minha localização com ele.
— Como você sabia onde me encontrar?
— Eu não sabia… Só não parei de procurar.
Ficamos sentados no carro dele com o motor zumbindo por um
bom tempo.
— Quer que eu te leve para casa? — Sam pergunta por fim.
— Não.
— Para onde você quer ir, então?
— Para qualquer outro lugar.
Sam começa a dirigir. Rodamos a cidade até perdermos a noção
do tempo. As luzes das lojas vão se apagando uma a uma à medida
que as ruas começam a escurecer. Sem ter mais para onde ir, Sam
entra no estacionamento de uma loja de conveniência 24 horas e
desliga o carro. Ele não me pergunta nada sobre o que aconteceu.
Só me deixa descansar a cabeça no vidro e fechar os olhos por um
instante. Antes de cair no sono, a última coisa de que me lembro é a
luz fluorescente do letreiro da loja de conveniência e Sam me
cobrindo com sua jaqueta jeans enquanto eu adormeço.
Acordo na grama na hora mágica. A luz do sol aquece minhas
bochechas enquanto me levanto e olho ao redor. As árvores estão
cheias de flores dobradas à mão, centenas delas, amarradas com
longas cordas, balançando na brisa como salgueiros. Quando fico
de pé, percebo uma trilha de pétalas que leva ao som de um violão

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