Capítulo 20

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de leite, mas estou me treinando a tomar café puro. Li em algum
lugar na internet que é um gosto que se adquire, assim como o
vinho.
Só tomei alguns goles quando o sininho toca lá do teto e Mika
passa pela porta, procurando por mim. Ela está vestindo um cardigã
preto e um vestido escuro que nunca a vi usar antes. Sua aparência
é melhor do que eu esperava, dadas as circunstâncias. Talvez tenha
acabado de vir de uma das cerimônias. Minha mãe me disse que ela
falou no funeral. Mika é prima do Sam. Foi assim que eu a conheci.
Sam nos apresentou quando me mudei para cá.
Assim que me vê, Mika se aproxima e desliza pelo banco
vermelho. Eu a observo baixar o celular e jogar a bolsa embaixo da
mesa. A mesma garçonete volta, põe uma xícara sobre a mesa e
serve uma torrente de café.
— Um pouco de açúcar e leite extras seria ótimo — Mika pede.
— Por favor.
— Claro — a garçonete diz.
Mika levanta a mão.
— Na verdade, tem leite de soja?
— De soja? Não.
— Ah. — Mika franze a testa. — Só leite, então. — Assim que a
garçonete se vira, Mika olha para mim. — Você não respondeu
minhas mensagens. Não tinha certeza se a gente ainda ia se
encontrar.
— Desculpa. Não ando muito boa em responder ultimamente. —
Não tenho outra desculpa. Tenho o hábito de deixar meu celular no
silencioso. Mas, esta semana, estive especialmente desconectada.
— Eu entendo — ela diz, franzindo a testa de leve. — Por um
segundo, pensei que você pudesse ter cancelado sem falar nada
comigo. Você sabe que não gosto de levar bolo.
— E foi por isso que cheguei mais cedo.
Nós duas sorrimos. Tomo um gole de café.
Mika toca minha mão.
— Senti sua falta — ela sussurra, apertando-a.
— Também senti sua falta. — Por mais que eu diga a mim
mesma que gosto de ficar sozinha, sinto uma onda de alívio por ver
um rosto familiar. Por ver Mika de novo.

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