Cap 8

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        Sua voz reverberava por meu corpo. Era impossível enxergar onde ele estava. Até pequenas velas começarem a ser acessas por todo o salão. E à nossa frente, estava ele. O homem mais lindo que já pus os olhos, podendo ser o próprio Kallias, deus da beleza, em minha frente.
      Bill Kaulitz. O líder do clã.
      A seu lado, estava Tom. E fiquei surpresa de não ter reparado. Eles são bem semelhantes. Bill me olhava, de forma curiosa.
     — C-como sabe quem eu sou? — digo, lembrando da minha capacidade de fala.
— De onde acha que saiu o seu sonho? A flecha e o brasão real?
Deuses. Ele esteve próximo o suficiente para usar a persuasão, seu poder.
— Tire o capuz — ele ordena.
Sinto a mão de Georg em minhas costas, segurando algo gelado entre elas. Uma faca. Bom garoto.
— Meridia, tire o capuz — ele ordena mais uma vez.
      — Que Neith tenha misericórdia de minha alma — sussurro baixinho e tiro o capuz.
       — Céus – Bill murmura, baixinho.
      — Eu avisei – Tom diz ao seu lado.
      – Magnífica – Bill completa.
      Meu coração parece um tambor e sinto meu rosto ruborizar.
— Seus olhos... é de Florence, não é? Abençoada por Neith com os olhos e o punhal — Bill diz se aproximando de nós.
— Sim, senhor.
— Quem são esses com você?
       — Georg Listing. Meu primo. E Gustav Shäfer, ãhn... nosso amigo.
       — Criaturinhas interessantes — Bill diz — entrem, vocês são nossas visitas.
       — Isso definitivamente não é o que eu esperava – Gustav diz.
       — Esperava corpos espalhados? – Bill ri e meu corpo reage a isso — não nos alimentamos assim há décadas.
       — Como assim? — Georg pergunta.
       — Quando há marcas de vampiros, com certeza não são daqui. Nossa alimentação consiste em animais de pequeno porte. Não é tão gostoso, mas... serve.
    Caminhamos, adentrando mais ainda.
        — E quanto a Lanark? Vocês estiveram lá. — pergunto.
        — Soubemos que algumas crianças morreram... que Devika as tenha... mas não é o nosso clã.
      De alguma forma, confio no que ele diz.
— Nós viemos descobrir o que está acontecendo. A prisão foi aberta — omiti a parte do real motivo de ter ido até ele.
Bill olha pra Tom que desvia o olhar.
— Não esqueceu de me contar nada, não? — Bill diz — O foco era outro quando veio.
— Ah... eu posso ter esquecido... — Tom se defende.
— Mas descreveu bem Meridia.
Gustav pigarreia atrás de mim e puxa pro canto, e Georg nos acompanha.
— Mary, nosso objetivo não era esse — Gustav diz.
— E em algum momento foi? – Georg pergunta.
— Perdão? – Gustav se volta pra mim – alguém pode explicar?
— Eu... — olho pra Georg — eu não acredito que eles sejam os culpados — digo, quase um sussurro.
— Sabe, não é muito educado cochichar enquanto estão em frente aos anfitriões — Bill diz. Ele está vestido com uma capa preta e seus cabelos estão baixos, percebo mechas brancas em seu cabelo tão escuro quanto à noite.
Nós nos viramos no mesmo instante.
— Meu irmão vai mostrar o forte pra vocês — Bill diz e quando começo a segui-lo, ele me chama — Meridia, quero que venha comigo.
Georg me olha como se perguntasse, e eu aceno, sinalizando que ficarei bem. Nos afastamos e Bill me guia pelo corredor e meu corpo parece incendiar quando o mesmo coloca a mão nas minhas costas.
— Você tem família, Meridia? – me sobressalto com sua voz depois de tanto tempo em silêncio.
— Não, Kaulitz. Não tenho.
— Posso perguntar o motivo?
– Prefiro que não.
— Sabe, eu sei como fechar a prisão. Conheci a Bruxa que a fechou na primeira vez, conheço toda sua linhagem. — sinto os olhos de Bill em mim e não consigo não corar.
— Ótimo, vamos até ela — digo.
— Eu levo você.
— Vou avisar Georg e Gustav.
— Não. Eu levo você. Eles voltam pra Lanark.
— Impossível.
— Meridia, eu sei que nos conhecemos agora — ele faz uma pausa e sinto sua voz embargar — mas a cidade não está segura sem um de vocês lá.
— Então por quê me pede pra ficar?
— Porque se você for, eles vão atrás de você.
Ele diz e me viro pra ele, em choque com o que ouvi.
— Eles? Quem são "eles"?
— Alastir e Morgana.
— Mas eles...
— Rei e rainha de Lanark. Aham. Deixe-me contar uma história.
Ele me guiava forte à dentro, diversos quadros e estátuas de deuses ficavam entre um corredor e outro.
— Certa vez, uma meio-sangue engravidou. Você sabe o que é meio sangue, certo?
— Quando um mortal tem o sangue da noite. Uma quase vampira.
— Inteligente. O homem com quem ela se relacionava, a odiava, ele era um nowak. Diga-me, minha cara, que sabe a diferença de ambas definições.
— Vampiro é alguém como você. Nowak se alimenta de criança e são metamorfos, virando o que a pessoa mais teme – eu disse, sento meu corpo estremecer.
— Você é um serzinho bem inteligente, querida — ele fez uma pausa e continuou — o homem a usava como bem entendesse. Essa mulher deu à luz, mas pela perda de sangue, morreu no parto — nós paramos em frente a um quadro de uma linda mulher, Bill suspirou — o homem, seguiu a vida, deixando a ama de leite sob controle. Ele se casou com uma mulher poderosa e ciumenta, líder de um grupo de Nowaks. Ela odiava o passado de seu marido e por diversas vezes, tentou matar as crianças. Mas, as crianças vieram com o sangue materno e o sangue nowak. Vampiras completas. Elas escaparam quando cresceram, depois de anos sendo torturadas pelo pai e a nova mulher. Mas eles juraram que trariam morte e destruição. Cada gota de sangue derramado estaria nas mãos delas também.
— Você disse crianças? Havia mais de uma?
Bill assentiu. E foi como se uma chave tivesse sido girada em meus pensamentos.
— Pela Mãe, vocês são filhos de Alastir — eu disse, quase sem ar.
Bill respirou fundo olhando o quadro da bela.
— Magnífica, não era?
Não deixo de notar quando ele usou o mesmo elogio de mim, pra mulher da foto — que suponha que seja sua mãe.
— E as papoulas? De onde surgiu isso?
— Lembra da ama de leite? Claire. Ela descobriu quando nos banhou certa vez e viu como nossa pele ficava. Papoulas queimam imediatamente, em alguns casos, incendeiam um vampiro por completo. As feridas demoraram a curar, mais do que o normal. E Morgana as esfregava ainda mais com suas unhas. Lembro de ve-la lambendo os dedos depois.
Estremeço. O olhar de Bill parece vazio.
— O nome dela era Celeste.
— Como "céu"?
— Sim. Posso jurar que os deuses a beijaram quando nasceram.
Ficamos em silêncio por um longo momento.
— Mas por que eu não poderia voltar pra casa? — perguntei.
— Meridia... lembra da noite que seus pais morreram? Eu sei de tudo. Eu estava lá.

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Pain Of Love - 1ª TEMPORADAWhere stories live. Discover now