Pain Of Love - 1ª TEMPORADA

Cap 2

     — Como assim? 3...?
     — 3 bebês.
     — Não...
     — O rei e a rainha querem que procuremos por eles.
— Eles? O clã Kaulitz?
— Sim.
— Deuses... O comandante Gustav está liderando a caça?
— Sim. Estive com ele antes de vir, pediu pra frisar que devemos comparecer no Castelo de Leigh. Além disso, hoje é a Noite das Luzes.
— Droga. Odeio isso.
— Eu também.
A noite das Luzes é a noite que usamos para acender velas para aqueles que se foram encontrar seus caminhos até Antheia, deusa dos jardins da vida eterna. E nesse caso, Devika, a deusa dos pequenos.
— Tudo bem. Vou me trocar, quero dar uma olhada no vilarejo antes, e passar na gruta.
— Certo. Quer que limpe esse coelho?
— Seria ótimo, obrigada.
Georg pega o coelho e vai pra fora da cabana. Conheço Georg desde que perdi meus pais. Fomos criados juntos, desde então. Faz quase 10 anos que nos conhecemos, e ele é 4 anos mais velho. Sua família também já está descansando em Antheia. Ele é um das únicas pessoas que já me viram sem a capa. Além dele, só Alastir, Morgana, e Gustav, o comandante real.
De alguma forma, desde que fomos atacados, o rei e a rainha deram a benção dos deuses para que a família Listing, os pais de Georg, me criassem. É o que dizem. Desde então, não posso sair com o rosto descoberto. Seria desrespeito à Ophelia, a deusa dos deuses. Mas principalmente, à Neith. A deusa da caça, o dom que me foi concedida no útero da minha mãe, o clã Florence. O clã dos caçadores.
Coloco a calça de pano e o tecido pressiona minha pele. Visto o casaco e por cima o peitoral de couro feito pelo coureiro real. Embainho a espada em minha cintura, e do outro lado, a espada curta. Vou até meu travesseiro e tiro de baixo a Adaga de Neith. Passada de geração à geração, reza a lenda que a adaga de Neith foi dada pela própria deusa à John Florence, o primeiro na linhagem dos caçadores. Feita pelas cinzas da árvore da clareira de Belmont. Embainho a mesma na coxa e afivelo rente à pele.
Pego o pano para cobrir meu rosto. Prendo meu cabelo em um rabo de cavalo e enrolo o tecido por toda minha cabeça, deixando apenas meus olhos de fora. Todos me reconhecem pela cor âmbar e castanhos. dos meus olhos. A heterocromia é a marca do nosso clã, a benção marcada na pele por Ophelia. Visto as luvas e pego o arco e flecha, passando o mesmo pelo meu corpo. Abro a porta e fico aliviada em ver que parou de nevar.
— Nunca vou me cansar de ver você vestida assim — diz Georg enquanto lava as mãos no balde.
— Cala a boca ou eu corto sua língua.
Ele franze os lábios e entra no curral para pegar nossos cavalos. Georg mora na cabana a poucos metros da minha. Nossos cavalos ficam no mesmo curral. Alguns minutos depois, ele volta montado em Alec e segurando Fergus, meu cavalo. Meu lindo Fergus. Acaricio meu cavalo e monto no mesmo.
— Pra onde primeiro?
— À Gruta de Sangue.

*

O caminho demora quase 1 hora até a gruta. Tivemos que ir devagar pela neve que ainda está acumulada. Fomos beirando a praia de Lithium. Era costume haver crianças e famílias brincando no verão, mas no inverno, ainda que poucas, veríamos algumas famílias brincando agora. O que não vemos. Está completamente deserto, e a única coisa que se pode ouvir são as ondas. Aprecio o mar violento em contraste com a neve no chão. Dizem que poucos lugares no mundo juntam o mar, areia e neve. Não consigo imaginar algo diferente disso. A paisagem é encantadora e aterrorizante. Uma divisa finita do branco e as violentas ondas do mar escuro de Lithium.
— Georg?
— Sim?
— Por que está tão deserto aqui?
— Mary, ainda vai nevar. Estamos na temporada do fri...
— Não. Devia haver crianças aqui.
— Não sobraram muitas depois do ataque. É o quinto em 1 mês.
Suspiro. São só crianças. As vezes, recém nascidos. Desvio o olhar da praia quando vejo que Georg parou com Alec. A parede de pedra negra se estende e parece não ter fim. A água entra aos poucos onde não há luz alguma. Ainda se vê restos de roupas e ossada, além de ouvir os sussurros dos navegantes que se foram há centenas de anos.
— Chegamos.

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